Capítulo 40 - Capital

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— Eyder —

Quando chegamos a cidade eu e Ayra ficamos ainda mais próximos, o plano era passarmos por um casal apaixonado o que era extremamente fácil de fazer, já que éramos. Andávamos juntos como um perfeito casal e Jack iria pelas sombras observando tudo. Ele era como um backup, se tudo desse errado ele agiria. Mas essa ainda não era a cidade no qual o domo principal se encontrava.

Nós pegaríamos um ônibus dali para capital, chegando na estação de ônibus e depois de conferir que não havia nenhum CHE de prontidão, por sorte só tinha guardas normais que não tinham os aparelhos de identificação, já que só era permitida para os CHEs. Jack foi o primeiro a comprar a passagem, enquanto eu e Ayra fomos depois de um tempo, compraríamos o ônibus que partiria a noite.

Anoitecendo Ayra teve que tirar os óculos escuros como todos nós, assim parecia mais normal. Mas não a deixamos usar as lentes de contato de outra cor nesse momento, ao invés disso demos um óculos de grau falso para ela, só para disfarçar ainda mais a aparência.

Fizemos isso e fomos jantar em um shopping, com Jack ao nosso encalço, mas cada um comeu o que queria. Passamos nosso tempo lá até bater perto do horário do ônibus, próximo da hora que o shopping já estava fechando. Ficamos na rodoviária aguardando o resto do tempo, não podíamos nos dar o luxo de perder o ônibus.

Se não fosse uma missão extremamente perigosa, eu teria amado muito esse passeio com Ayra, mas não podíamos relaxar ou apreciar, só de estar com ela já era algo maravilhoso.

Entramos no ônibus, Ayra se sentou na janela, enquanto eu me sentei no assento do corredor ao lado dela. Jack se sentou na última fileira nos observando.

— Foi um dia e tanto — eu comentei no ouvido dela.

— Foi — ela respondeu abrindo um sorriso — é ruim eu ter gostado do passeio na cidade?

— Não, na próxima a gente devia assistir a um filme juntos.

— Isso é uma promessa? — Ela perguntou com os olhos brilhando.

— É, agora durma um pouco, vamos ter várias horas de viagem.

Ela fechou os olhos já bem cansados e puxei a cabeça dela para o meu ombro, depois encostei a minha cabeça na dela e fechei olhos. Dormimos a viagem inteira, eu sequer senti a parada e acho que nenhum de nós sentiu, quando fui obrigado a usar o banheiro do ônibus vi que Jack quase roncava de tão apagado que estava.

Senti que Ayra estava começando a melhorar o problema dela de fechar os olhos, o que era totalmente compreensível pelo que ela tinha passado. Por isso que eu tinha um plano secreto, algo que Reid não sabia, um plano que eu fiz para mim mesmo. Se ela, por alguma razão, resolvesse explodir o lugar, eu estaria lá com ela e a ajudaria, mesmo que isso pudesse comprometer a missão. Mas conhecendo Ayra, eu duvidava muito que isso acontecesse.

Nossa viagem de ônibus acabou sem maiores problemas, mas uma coisa eu nunca entendi, por que a ida é sempre mais fácil que a volta?

***

Saindo do ônibus, eu me espreguicei e vi Ayra fazendo o mesmo. Ela resmungou:

— Minhas costas doem...

— As minhas também — eu disse no ouvido dela. Só ouvi um suspiro de irritação atrás da gente, que era ninguém menos do que Jack. Eu conseguia imaginar que para ele estaria tudo sendo uma tortura, afinal ninguém gosta de ficar de vela.

Saímos da rodoviária estávamos finalmente na capital. Fiquei pensando o que Ayra iria achar daquele lugar, a capital, o local onde todas as decisões de todos os domos eram tomadas. O local, que eu acreditava ter sido o grande culpado por tudo que aconteceu com ela e com todos nós que temos as HEs. Pelo menos era isso que eu pensava.

Olhos BrancosWhere stories live. Discover now