Capítulo 10 - Decisões

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— Eyder —

            Estávamos indo para o quarto dia em que ela não dormia, eu estava ficando um tanto preocupado. Talvez muito, ela já parecia cansada, mas insistia em ela ficar de vigia, eu não sabia exatamente o motivo, talvez ela realmente achasse que fosse a mais forte do grupo, o que até eu achava que ela fosse, mas ela precisava dormir. Então nessa noite eu tinha decidido que eu iria ficar acordado ou acordaria no meio da noite. Como sempre ela se sentou apoiada numa árvore, ela estava tão linda, mesmo suja ela continuava linda.

Eu fingi dormir, mostrando que confiava nela, então, para minha vergonha cochilei e quando acordei vi que ela estava pescando, a cabeça dela caia e voltava. Eu fui até ela e disse:

— Pode dormir.

Ela me olhou como se me avaliasse. E só depois disse:

— Mas eu não quero.

— Vamos, deite-se um pouco, ou então só feche os olhos aí mesmo sentada eu me sento ao seu lado e você vai poder dormir enquanto eu vigio.

— Mas eu tenho medo — ela mordeu o lábio de baixo como se estivesse decidindo se me contava ou não.

— Do que? Eu estou aqui, não precisa ter medo — que vergonha eu senti ao dizer isso, por sorte ela não pareceu pensar o mesmo. Me senti igual em filme clichê.

— Eu tenho medo de fechar os olhos e quando abrir ficar tudo escuro de novo e nada disso ter acontecido, ter meus olhos vendados novamente.

Eu queria abraçá-la e dizer que estava tudo bem, mas vacilei que nem um covarde, depois de uma luta mental consegui ao menos falar alguma coisa.

— Você pode ficar encostada em mim, ao menos assim saberá que quando acordar não terá a escuridão, pois sentirá que eu estou do seu lado — eu disse, tentando não fraquejar a voz.

Ela se aproximou de mim até que encostou em mim, depois voltou a vigiar a floresta. Não consegui não pensar o quão fraco me sentia, queria encostar nela então fiz com que ela se encosta-se em mim. Que vergonha. Mas ok, esperei ela falar mais alguma coisa então percebi que os olhos dela estavam começando a fechar, e quando a cabeça a dela foi cair eu puxei e coloquei em meu ombro, pelo menos fiz alguma coisa certa.

Olhar para ela era um vício, sua beleza era como se tivesse vindo dos céus. Ao invés de olhar em volta eu acabei olhando para ela, e passei um dos meus braços em seus ombros. Quem precisava dormir se podia olhar para ela a noite inteira, agora a noite ela parecia ainda mais uma deusa, a deusa do inverno, sem dúvidas. Acariciei sua bochecha macia sem me dar conta, tive que me impedir de dar continuidade.

***

Era de manhã quando percebi que não vi o tempo passar olhando para ela, eu poderia olhar para ela por uma eternidade. Fiquei tão absorto em meus pensamentos sobre ela que nem percebi Lina me encarando com um sorriso de canto, eu nem precisava ter telepatia para saber o que ela estava pensando. E claro, eu senti meu rosto esquentar na mesma hora, afinal eu não tinha ideia há quanto tempo ela estava me observando e o pior de tudo é que eu não tinha desviado meus olhos de Ayra nem por um segundo. Ela deveria ter tido muitas ideias para fanfic.

Tive que desviar o olhar, procurei outro ponto para manter minha feição impassível, lógico que não funcionou, eu sentia meu rosto quente. Por sorte, em meio ao meu surto mental, Ayra acordou, e olhou para mim, foi aí que eu lembrei que ainda tinha meu braço em volta dela. Não era atoa que o olhar dela era bem forte e com mais tendências a perguntas que o normal, eu não estava só a secando com os olhos, meu braço estava em volta dela.

Olhos BrancosWhere stories live. Discover now