Olhos Brancos

Capítulo 23 - Apartamento

— Ayra —

Vi que o céu começava a escurecer, eu tinha dormido, não gostava disso, fechar os olhos e não ver nada, mas meus olhos fechavam sem permissão. Observei a ilha através do vidro gigantesco da janela aonde o sofá do escritório do meu irmão ficava, era um lugar muito bonito. Um lugar livre.

Foi depois de um tempo olhando a paisagem que os vi, meu irmão mais velho Reid, o mais velho da família, aquele que eu nunca achei que veria de novo, estava aqui e criou esse lugar depois do que a mamãe fez comigo. Ele é incrível, enquanto eu tenho medo de até fechar os olhos, quero ser forte, mais forte que qualquer um no mundo inteiro, para proteger esse lugar e Eyder, que era quem conversava com meu irmão.

Ele me ajudou, mas não quero parecer uma garota frágil, só que fiquei tanto tempo presa naquele lugar que perdi a noção das coisas, precisava aprender urgentemente tudo o que eu pudesse.

Olhei para os dois sem me mexer, só mexia os olhos, sentia meus olhos mexendo em meu olho, era uma sensação que eu não estava muito acostumada, eu pisquei, escurecendo tudo e voltando a luz. Pelo menos uma coisa boa eu aprendi naquele lugar, fiquei mais forte em relação a várias coisas, principalmente minhas habilidades especiais.

Olhei para eles mais uma vez e comecei a me levantar, o assunto parecia sério, foi aí que viram que eu acordei.

— Ayra, desculpe se te acordamos — disse Eyder.

— Não foram vocês, podem ficar tranquilos — tive de dizer ao ver os vincos nas sobrancelhas do meu irmão, ele estava preocupado.

— Conseguiu dormir um pouco? — perguntou meu irmão. A verdade é que dormi mais do que pretendia.

— Bom sim, gosto da vista daqui, dá para ver boa parte da ilha.

— O quarto que eu preparei para você também é bem alto, gostaria de ir até lá?

— Claro, tem uma vidraça dessa?

— Tem, é de última tecnologia.

Começamos a caminhar em direção ao meu futuro quarto, foi aí que eu percebi que Eyder tinha ficado para trás, eu entendi que ele não queria interromper um momento de irmãos, mas eu gosto dele. Queria que ele fosse junto.

— Você não vem Eyder?

— Se você quiser que eu vá.

— Eu quero, você é uma pessoa de quem eu confio.

Fomos nós três para o elevador, meu irmão apertou o botão do último andar, e subimos ouvindo a musiquinha de elevador, que eu até que gostava. Estava ansiosa para chegar lá. Descemos do elevador, e caminhamos todo o corredor, viramos à esquerda e, para minha surpresa, no lado de dentro tinha mais um elevador. Ele chamou e abriu quase que imediatamente.

Nos três entramos e meu irmão colocou uma chave e passou um cartão, então apertou o último dos dois botões que tinha.

— Sua chave e cartão estão lá em cima, eu ia colocar uma senha de números mas achei que era possível esquecermos, optei pelo cartão e a chave, precisa dos dois para destrancar, tem mais um par de emergência. Tanto para sair do apartamento quanto para entrar precisa dos dois.

— Certo.

Eu não quis falar que com a minha habilidade ou a do Eyder não fazia diferença ter chave ou não, mas tudo bem.

Chegamos lá e demos de cara com uma sala de estar, ele me mostrou a cozinha, onde ficava o quarto dele, e tudo que eu mais gostava de ver era que dava para ver tudo dali. Tinha mais daquelas janelas gigantescas de vidro.