Capítulo 5 - Plano

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— Eyder —

Era um novo dia, com uma rotina parecida com a do dia anterior. Só que não fomos, depois do café da manhã, para a sala em que mostramos nossas habilidades, fomos direto para a de Treinamento. Eu ainda tinha que fingir estar treinando enquanto mostrava um poder fraco em comparação com a realidade. Onde eu fui me enfiar?

— Você se deu bem — disse Lina do nada.

— Por quê?

— O nível da sua habilidade é igual ao da minha, é bem mais fraco do que a dos outros aqui, você já deve imaginar o que isso significa, não é?

Eu pensei um pouco, mas a primeira imagem que veio na minha cabeça foi a da garota de cabelos brancos, tão presa quanto uma criminosa estaria ou até pior, e eu ainda queria saber o nome dela.

— Eu imagino que quanto mais forte a sua habilidade mais trancado você fica, igual aquela garota que só vimos uma vez até agora.

— Exatamente, como você já sabe ela só é "libertada" — ela fez aspas com uma das mãos — uma vez por semana. Mas sabe, existe algo que eu não entendo, por que será que eles a libertam uma vez por semana? Não faz sentido algum. Ainda mais depois de tudo que aconteceu, já tentou escapar, já matou vários dos guardas. Para mim, não faz nenhum sentido.

— Eu queria entender também.

Um dos treinadores, ou sei lá como ele se chamam, veio falar comigo sobre o novo plano de treinamento, que não mudou praticamente nada do que eu já estava fazendo. Mas foi provavelmente para dispersar nossa conversa, que não era aconselhada para o local.

— Ayra —

Ouvi um barulho de porta se abrindo, isso fez com que eu despertasse do meu pensamento. Faz um bom tempo que eu aprendi uma forma de passar o tempo, o que foi ótimo já que eu estava trancafiada para que eles pudessem testar e melhorar minhas habilidades há muito tempo. Se pelo menos isso fosse para mim e não para eles, eu tenho certeza de que o objetivo deles mudou faz tempo.

Ouço o som da porta, nada de bom acontece quando eles vêm, mas ok, não é nada demais, hoje eles farão o de sempre, alguns testes comuns depois tirariam sangue, não gosto de tirar sangue, me sinto fraca, a única coisa que eu sabia era a ordem que eu fazia os experimentos, afinal foram muitos anos na mesma rotina. O lado bom desse dia é que posso comer como uma pessoa normal, afinal eles normalmente injetam as substâncias que eu preciso no meu braço, pelo menos eles não me drogam no processo, só me alimentam, ao menos não me sinto drogada, então vejo que poderia ser pior.

Os guardas que sempre me levam para esses experimentos me soltaram onde eu estava, era bom poder sentir que posso me mover novamente.

— Se você prometer se comportar até lá te deixarei mais livre hoje, pode ser? — disse a voz de uma mulher.

— Pode, estava querendo esticar as pernas.

— Ótimo. — A voz dela era seca. Mas ainda sim resolvi perguntar, mesmo que eu já soubesse a resposta:

— Podemos tirar essa venda também?

— Agora está pedindo demais.

— Foi o que eu pensei.

Fiz os exames sem fazê-los sofrerem comigo, até porque eu só faço o que faço nos dias de banho. E eu até me sentia culpa pelo que fazia até eu me lembrar do que eles faziam comigo, aí eu quase não sentia mais culpa... talvez eu não fosse uma boa pessoa.

Olhos BrancosWhere stories live. Discover now