Capítulo 11 - Caçada

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— Ayra —

Fazia um bom tempo que eu estava conversando com Lina enquanto esperávamos Eyder voltar da cidade. E chegamos ao ponto de ela simplesmente comentar:

— Eu adorei o que você falou para acalmar os nervos de todos, mas saiba, apesar de eu achar que você já sabe, que Eyder falou a verdade, eu pude sentir a mente dele lutando para dizer que não havia perigo. Sem falar... que ele é uma boa pessoa.

— Tenho que admitir que eu já tinha uma boa ideia. Vocês já se conheciam?

— Sim, eu o conheci no primeiro dia que ele entrou no domo.

— Não antes?

— Não, parece que já faz muito mais tempo, mas faz duas semanas que nos conhecemos.

— Então ele chegou no dia do meu banho.

— Exato...

— Eles estão bem ansiosos — eu disse enquanto olhava ao meu redor.

— Sim, faz um bom tempo que Eyder entrou na cidade.

— Isso significa que alguma coisa não estava como ele esperava, será que os CHEs descobriram nossa localização?

— Não vamos tirar conclusões precipitadas.

A mulher que tinha falado antes, pelo grupo dos mais velhos, apareceu novamente, ela esfregava suas mãos uma na outra, tinha um leve suor que brilhava sobre sua testa e seu cabelo estava oleoso. Isso me fez pensar que já fazia uma semana que estávamos sem tomar banho, mas quem se importa naquela situação. Eu estava acostumada, só podia tomar um banho por semana.

— Vo-você não a-acha que e-ele está no-nos entregando? A-ainda ma-mais agora que po-podemos ter de-descoberto seu pla-plano — a mulher gaguejou a fala inteira.

Não era de se admirar que ela estava nervosa, uma vez que ela já tivesse sido caçada pelos CHEs.

— Confie nele, mas se não pode confiar nele ao menos confie em mim.

Ela abaixou a cabeça e voltou para o seu grupo, ainda nervosa, mas eu sabia que ela não tinha confiado em mim e sim na minha habilidade, parece que minha vida se resumia a minha habilidade. Isso era triste, mas não era hora de me preocupar com nada disso. Porém algo me preocupava, Eyder nunca tinha demorado tanto para voltar antes.

— Ele realmente está demorando — comentou Lina.

— Está, isso me preocupa.

— Preocupa a todos nós, só pode significar que tem mais CHEs aqui do que nas outras cidades.

— Sim, isso é bem ruim, estamos em muitos, não será fácil nos esconder, minha barreira ajuda, mas somos muitos.

Lina começou a morder a cutícula da unha, sua respiração estava um pouco mais rápida que o normal. Eu olhei para o céu, procurando que este me desse esperança e força para continuar. O céu era lindo, ainda era dia, tínhamos chegado na cidade quando estava de dia. Não tinha pensado nisso antes, talvez seu atraso fosse porque estava de dia e não no escuro como nos outros.

— Talvez a demora dele tenha sido por ele ter ido durante a luz do dia — eu disse a Lina, para que ela mesmo que não acreditasse falasse que sim para trazer conforto ao meu coração.

— Pode ter sido isso, chegamos de dia nessa cidade.

Eu a agradeci mentalmente e ela sorriu, de certa forma era bom poder me comunicar com ela desta maneira, mesmo que eu não gostando de telepatia.

— Desculpa a demora — Eyder disse saindo das árvores.

Eu suspirei de alívio e reparei que Lina parecia também ter soltado um ar que nem sabia que estava prendendo, as pessoas em volta começaram a conversar de volta em tom despreocupado. Antes eu não tinha percebido, mas estava tudo silencioso, só o nervosismo para impedir as pessoas de socializar.

Olhos BrancosOnde histórias criam vida. Descubra agora