Cap 8 𖠌 A Mordida de 83

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O tempo se vai como vento, uns tempos se eternizam na memória enquanto outros se desfazem no peito, todo meu conforto se encontrava em pedaços de papéis sobre a mesa, toda minha desgraça nos papéis amassados, minha salvação era a arte literária.

Eu tive sorte de ter feito bons amigos, amigos que não estavam comigo apenas para RPG, mas para meus piores momentos também. 
Michael fingia que nada havia acontecido com sua mãe, quando eu e Dylan fomos para a casa dele para saber se estava tudo bem, ele não quis conversa alguma, agiu naturalmente nos chamando para a pista de patinação.

O relógio girava como nunca, era dia de voltar a frequentar a Fazbear. Por ser aniversário de Evan, deveríamos fingir a mais pura naturalidade.

Eu pensava em fazer um feitiço básico essa semana, para alegria. Eu não estava bem com aquilo, muito menos meus pais, já havia comprado tudo o que eu precisava, só faltava o tempo.

Eu vestia um longo vestido branco com um corset preto e sapato pesado, e apenas um gloss na boca, andava sempre com um cordão de cristal e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo com uma bochinha de flores.

No carro com meu pai, se estabeleceu o silêncio até nossa chegada. Mesmo depois o assassinato, meu pai teve de continuar indo para a pizzaria, afinal de contas ele é o dono, ele e William. Quando eu cheguei, Michael já estava com seus amigos mascarados.

Abracei meu pai como despedida, após fui para mais perto das crianças, crianças costumam gostar de mim.

Eles assistiam o show de animatrônicos, eu pulava com eles e brincava com eles.

— Tia, você tá aparecendo uma fada – Disse uma pequena garotinha ruiva.

— Eu sou uma – Sorrio me abaixando.

— Eu posso mostrar pros meus amigos?? 

— Claro! – Me levantei e ela me puxou pelo pulso, para perto de seus outros amigos, que também são amigos de Evan e Elizabeth, mas Evan não estava lá.

— OLHA GENTE ELA É FADA! 

— E onde que estão as asas? – Um garoto questionou.

— É que eu não posso mostrar ela, porque os adultos acham feia – Brinquei.

— Usa essa aqui – Elizabeth levou-me uma asa de fantasia, tirada do baú de brinquedos da pizzaria. Ela disse irônica, sabia que eu estava brincando.

Vesti em minhas costas, a asa rosa, e levei os pequenos para as mesas para comer seus lanches. Inventei algumas histórias de fadas, histórias de 
"Claro que existe uma cidade secreta, mas olha, vocês não podem contar para ninguém, lá tem várias flores brilhantes, é a natureza mais bela"

Sentia falta de Evan ali no meio, Michael não estava por perto, então eu já conseguia prever o que estava acontecendo.

"Char iria amar me ver de fada"
– Minha mente me interrompeu.

Balanço a cabeça para espantar esse pensamento, eu caminhava pelo estabelecimento, até ver os mesmos amigos de mais cedo, implicando com o pequeno.

— Dylan, o que vocês estão fazendo? – Me aproximei do garoto de cabelos escuros e pele negra, que levantou a máscara de Bonnie – não é assim que se ajuda uma pessoa em luto, ajudando a fazer merda.

— Tudo bem minha princesa fada, a gente só tá brincando mesmo.

— Princesa? – Michael se intrometeu.

— Não acho que esse seja o tipo de brincadeira ideal pra fazer com uma criança, Michael. 

— Chamou ela de princesa? – Ele riu sarcástico, se virou para o próprio irmão e o levantou.

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Where stories live. Discover now