Cap 14 𖠌 Lamentação

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Talvez eu me atrase, mas já avisei o Michael. As ruas hoje estão mais movimentadas, estamos quase no final de setembro, mês que vem já é Halloween e os preços podem aumentar, mesmo que estejam estampadas grandes frases de "Promoção". Houve escândalos no governo esse mês, briga com algum outro país. Ultimamente venho lendo bastante sobre meu próprio país, e a cada estudo, me entristeço mais com a nação em que pertenço.

Mas meu objetivo agora não é julgar como meu país é corrupto, e sim comprar um refrigerante bem gelado e vinho.

Não demora muito para que eu siga a pé para casa de Michael e chegue lá em um tempo razoável.

Encosto minhas mãos na maçaneta e a rodo, a porta está aberta, então apenas tiro os meus saltos. Minhas roupas de trabalho realmente não são tão belas como as casuais que eu gosto de usar. Estou com uma calça social preta e camisa social branca, normalmente minhas roupas sociais são claras, para passar uma imagem "angelical", mas estão todas para lavar.

Mas o que eu realmente gosto de vestir são saias longas de tecido fresco, sapatos pesados, tricô, calças largas, vestidos, corset, sejam roupas mais escuras ou mais claras, além de muitos assessórios. Nunca parei pra pensar o nome desse estilo.

Tranco a porta e caminho descalço até a cozinha e me deparo com Michael pegando dois pratos e talheres.

— Que esforçado, e o cheiro tá uma delícia – Coloco as duas sacolas sobre o balcão.

— Macarrão ao forno com molho de queijo – Ele se gaba. O garoto usa um pijama, uma calça azul listrada e camiseta branca. Seus olhos continuam como de alguém que sofre.

Mesmo que seu sorriso esteja presente em sua boca, a dor toma conta de seus olhos, os olhos são as janelas do que a alma sente...

— Então acredito que o vinho será mais apropriado – Entrego a sacola com refrigerante, e ele guarda, logo tiro o vinho da sacola e sorrio.

— Comer assistindo filme? O que acha? Deve estar passando algum em TV aberta.

— Claro. – Coloco o vinho no balcão, logo meu telefone toca no bolso, um tijolão que faz um barulho alto e insuportável, espero que futuramente criem telefones mais casuais – Já volto, Michael.

Vou até a sala e atendo a ligação, notando que o próprio Michael está preparando os dois pratos.

— Dylan? Me ligando do nada?

— Eu e o pessoal queríamos combinar contigo de ir tomar uma no novo barzinho do centro. Digo, a gente já está aqui, você não atendeu a ligação mais cedo, estava em outra ligação? Enfim, a gente tá sentindo falta da sua presença.

— Hoje não vai dar, Dylan, desculpa, eu tô destruída.

— Tudo bem. Outro dia a gente marca, vou chamar o Michael, nossa eu lembro dos meus rolês com ele e a molecada, era só atrocidade, eu amava.

— Vocês eram quase uma gangue – Rio. Michael passa por mim, colocando dois pratos cheios sobre uma pequena mesinha de centro na sala e voltando pra cozinha – mas acho que hoje não vai dar pra ele também.

— Onde ele está?

— Eu que tô na casa dele. Preciso resolver algumas pendências.

Falar sobre a Spring lock.

— Hmm, ok. Qualquer coisa é só ligar – Ele dá uma breve pausa em sua fala, escuto pessoas cumprimentando alguém. Dylan volta a falar comigo, mas sussurrado – É bom que vocês não venham mesmo. Adivinha quem chegou?

— Cara, não faço ideia.

— Joseph.

— Joseph? – Ergo a sobrancelha – nunca mais ouvi falar dele. Essa praga.

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Where stories live. Discover now