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— Está me ouvindo, Naruto?

A pergunta vinda de Madara o fez despertar de seus pensamentos.

— Sim.

Não, ele não estava. Sua cabeça doía por ter ficado acordado boa parte da madrugada bebendo ao invés de ir dormir. Agora arcava com as consequências da ressaca, mal dando conta de manter os olhos abertos, e principalmente prestar atenção nas palavras do Uchiha.

Observando o modo como o mais novo agia, Madara tomou conhecimento rapidamente do estado que se encontrava.

Sentou-se finalmente num dos assentos disponíveis daquela sala, após ter passado todo aquele tempo falando andando de um lado para o outro, mais especificamente perto da janela onde dava para ver o movimento do lado de fora.

Teve de acender um charuto, ou provavelmente iria acabar dizendo coisas que deixariam a visita um pouco mais desagradável. Deu um trago com força, deixando que a fumaça saísse durante sua expiração.

Já conversaram sobre finanças, as cargas da semana, como está o andamento das casas noturnas, dentre outras coisas banais. Mas agora, o mais velho queria tratar de outro assunto.

— Tem ideia do quanto suas ações são um tanto inconsequentes? – tornou a falar após alguns minutos.

Naruto, ainda de olhos fechados e os pés estendidos para cima pela posição que estava deitado no pequeno sofá, imediatamente lembrou-se das palavras de Sasuke de duas noites atrás.

Mesmo que seu chefe fosse o tipo de pessoa que tem olhos e ouvidos em todos os lugares, levaria pelo menos mais três dias para que soubesse o que de fato aconteceu naquele galpão. Então, a única opção provável é que o Uchiha mais novo abriu a boca. Outra vez.

De qualquer forma, pensaria numa forma de socar a cara do moreno mais tarde, agora tinha que lidar com o peixe grande.

— É fácil falar isso quando sou eu obrigado a lidar com as cagadas dos outros – seu tom de voz era monótono, sem emoção.

Sabia que se abrisse os olhos naquele momento, as orbes pretas e intensas estariam lhe encarando de forma tensa, repreensiva.

Não ligava. Não mais.

Estava certo, afinal de contas. Toda vez que surgia alguma lambança era ele quem dava conta do recado. Mais por si do que por Madara ou qualquer outra pessoa. Se o seu estivesse na reta, com certeza faria o possível para reaver a ordenança previamente arquitetada.

— Foi arriscado – o Uchiha retomou a fala – Mesmo que aquela área seja livre dos tiras, cedo ou tarde uma denúncia anônima pode acontecer caso continue matando pessoas ali.

— Não são pessoas, são crápulas, filhos da puta que pensam que podem me roubar – as íris azuis finalmente se abriram. O corpo se ergueu, passou a encarar firmemente aquele que desgraçou sua vida – Além disso, pensei que me conhecia melhor, chefe.

Nem se deu ao trabalho de camuflar seu deboche na última palavra.

Levantou-se, indo em direção a prateleira repleta de bebidas, pegando uma garrafa de whisky e despejando o conteúdo num copo apenas, colocando duas pedras de gelo. Em seguida, deu ao mais velho, vendo-o consumir um gole generoso antes de sentir-se encarado novamente por ele.

— Mudo a rota sempre que um imprevisto como esse acontece. Fica mais fácil de se livrar dos corpos – contou, se sentando na cadeira de frente para Madara – Quanto a denúncias, não se preocupe, dou um jeito caso seja necessário.

Mesmo a contragosto, o mais velho assentiu.

— Conseguiu fazer aquilo que te pedi? – o loiro sabia do que aquela pergunta se tratava.

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