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Já faz três dias que Hinata anda no mundo das nuvens.

Sua mente jazia inerte na maioria das vezes, isso incluía quando estava sozinha em casa ou até mesmo no trabalho. Ouviu seus colegas dizerem repetidamente que estava mais dispersa que o normal, o que, definitivamente, não era do seu feitio. Pois desde que começou a trabalhar ali, ainda que desgostasse, dava sempre o seu melhor no serviço.

O motivo de tais devaneios tinha nome e sobrenome.

Desde aquela visita inesperada no seu apartamento, ficou deveras intrigada. Sua dispersão começou a prejudicá-la, porém, foi inevitável ficar pensando naqueles olhos azuis, na voz rouca que preenchia seus ouvidos sempre que ia dormir, e principalmente nos toques dele pelo seu corpo.

Admitir que se sentiu abalada por aquela presença esmagadora parecia insensatez de sua parte, no entanto, era a mais pura verdade. Hinata tinha 27 anos, sua inocência se esvaiu há muito tempo, com isso, já teve contato com outros homens.

Então, poderia afirmar com todas as letras que nenhum deles mexeu tanto consigo quanto o loiro daquela noite.

Não somente pela beleza dele – ignorar tal fato seria o cúmulo do absurdo – mas sim, as palavras proferidas.

Reconhecer logo de cara tudo o que passou a ser obrigada a fazer, estava de longe, ser uma qualidade para uma pessoa comum. Naruto a entendia, ele a leu como ninguém mais seria capaz de fazer, nem mesmo sua irmã.

Os poucos minutos que dividiram conseguiram se tornar os mais intensos da sua vida. Naruto pode ser um traficante, um assassino, um drogado, existem várias definições que as pessoas o associam, porém ele a viu como um ser humano. Houve a oportunidade dele ter jogado uma cantada horrível e medonha, houve a chance dele ir mais a fundo, pois de forma imprudente, deixou-se levar pelo momento. Mesmo assim, o loiro preferiu atingi-la de maneira diferente.

Existiam altas probabilidades de que, caso fosse ao endereço do cartão, o homem usasse de seu suposto poder para tê-la, de alguma maneira. Pode ser que esteja a induzindo nesse caminho. Acima de todas as possibilidades, só descobriria a verdade caso fosse lá.

Seria uma boa ideia?

Nunca foi alguém que gosta de arriscar, entregar-se ao incerto. Gostava de ter controle sobre as coisas, sobre as situações do seu dia a dia. O Uzumaki definitivamente não era esse tipo de pessoa. Ele parecia ser amante da loucura, um par romântico das atitudes imprudentes.

Indo encontrá-lo, sua vida mudaria bruscamente? Se sim, em qual sentido?

— Hinata, é sério, se ficar voando desse jeito durante o resto do dia, você está lascada – foi o aviso bem amigável que recebeu de Shino, um de seus colegas da loja.

Ela sabia que foi um alerta de preocupação, pois era dessa forma, fria e gelada, que ele demonstrava sentimentos pelas pessoas. Sim, poderia parecer meio bizarro, mas ele apenas quer seu bem.

Mais uma vez, estava em seu intervalo, quase no fim para ser mais exata. E num ato de leve desespero, a fim de ter um norte nesse tenro momento, acabou chamando pelo colega, que parou na porta e se virou em direção a ela.

Por alguns segundos, Hinata não soube como prosseguir. Sempre foi o tipo de pessoa que sabia cuidar de si mesma, aprendeu isso cedo, da forma mais devassa possível, então acabou travando. Até enfim conseguir proferir a pergunta.

— Você acha que…quando uma oportunidade surge, é melhor agarrá-la ou deixar de lado? – havia certa hesitação em seu tom de voz, Shino percebeu isso de pronto.

— Depende do quão disposta você está pra seguir com o que quer que seja – tornou a se aproximar dela, ainda de pé – É algo que pode mudar drasticamente sua vida ou não é nada demais e sim uma neura da sua cabeça?

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