extra - existe felicidade verdadeira

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Ainda era madrugada, sua cabeça latejava um pouco, tornando seu sono um tanto quanto mais irregular e insosso. Já faz pelo menos dois meses que as noites mal dormidas se tornaram parte da sua rotina, deixando-a com algumas olheiras ao redor dos olhos. Às vezes, até mesmo para os afazeres domésticos tinha que criar uma rotina alternativa entre ela e Naruto, porque alguém queria sua atenção por mais tempo.

A sucção em seu seio, no entanto, e o rostinho angelical faziam tudo valer a pena para Hinata. Ficar analisando o semblante calmo e sereno do seu filho enquanto dormia mamando deixavam-na muito feliz e aquecida por dentro, tornando todo aquele cansaço que ela e o marido dividiam numa verdadeira dádiva.

Pensar na reação dele quando anunciou a gravidez sempre a fazia suspirar em deleite porque, a princípio, ela ficou com medo. Muito medo. Porque mesmo que o Uzumaki tenha manifestado sua vontade de ter filhos consigo, o mundo que compartilhavam faziam pensamentos infelizes assolarem sua mente a todo instante. Como seria criar um bebê com tantos inimigos a sua volta? Seria possível eles terem esse tipo de cotidiano sendo quem são?

Notando a hesitação e receio no semblante da esposa, Naruto prontamente a acalmou. Claro, ponderou todos os riscos, pois eles eram reais e ignorá-los não adiantaria em nada. Então, fez uma promessa: por serem seus bens mais preciosos, viveria por muito tempo somente para protegê-los, nunca falharia em função disso. Reforçou alegando que até os primeiros anos de vida do Boruto, ninguém mais saberia de sua existência – a não ser os médicos seletos que fizeram o parto caseiro da Uzumaki, jurando silêncio.

Para a Hyuuga, ficar em casa por tanto tempo não seria problema algum, e sendo sincera, até gostava da ideia. Sempre teve uma vida agitada demais, teve que assumir responsabilidades muito cedo, tornando-se uma adulta antes da hora, e todo o seu corpo reclamava por essa mudança que até os dias atuais a afeta. O único lado ruim e doloroso, era não poder contar a Hanabi, pois até mesmo isso seria um risco, infelizmente teria de guardar segredo da irmã por um bom tempo.

Contudo, faria o possível e o impossível para proteger aquela miniatura sua e do esposo. Seu filho se tornou o centro de sua vida, nada mudaria isso. Estava feliz e realizada.

Um resmungo leve tirou-a do torpor que se encontrou por alguns segundos, concentrou-se no balançar suave do rostinho, indicando que já deu de mamar por enquanto.

— Está satisfeito, meu amor? – perguntou, encarando os grandes olhos azuis, que ficavam menores cada vez que o bebê piscava. Sinal de que o sono estava batendo a porta – Vai dormir agora pra mamãe conseguir descansar também, é? – alisava sua pele clara e limpinha, ansiando mesmo por esse momento de descanso.

O bebê permanecia vidrado na mãe, ao passo que soltava pequenos bocejos de sono, os olhos diminuindo ainda mais.

Hinata o ajeitou de maneira que ficasse com o corpinho em pé, ainda em seu colo, e começou a se mover pelo quarto infantil, pintado de cores neutras. Fazê-lo arrotar antes de dormir era fundamental para que o pequeno não acordasse depois com cólicas. Viu alguns truques na internet sobre isso, e com apenas pouco tempo, soube identificar o que cada chorinho queria indicar. Mas sabia que havia coisas que somente a experiência materna proporcionava.

Como por exemplo, o tempo que Boruto a ficava encarando enquanto ficava no canguru, realizando alguma tarefa doméstica, ou quando ele tentava articular alguma palavra que ela repetia nesse propósito, ou ficava com seus dedinhos gordos descobrindo como é torcar na barba do pai.

São pequenos gestos que a deixam flutuando entre nuvens, principalmente sendo testemunha do quanto Naruto ansiou por ter o filho nos braços. Durante a gestação, o Uzumaki fazia questão de conversar com ele todos os dias, religiosamente. Era normal sentir a palma quente do loiro acariciando seu ventre, o olhar fixo, divagando por muito tempo, até que no final da noite, ele dormia com um sorriso terno nos lábios.

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