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Teve seu rosto acertado mais uma vez pelo cunho da arma, fazendo-o cuspir sangue. Uma pequena tontura lhe atingiu, o obrigando a fechar os olhos para não ver as coisas duplicadas.

Quando recobrou seus sentidos, não conteve sua vontade de rir, e assim fez. Ah, o moleque melhorou muito, mais do que poderia imaginar. Ser caçado por ele foi divertido, mas agora pagava um ligeiro preço por ter sido pego, e esse preço doía pra cacete. Pelo menos, estavam longe da vista das pessoas, porque aí sim seria bastante humilhação para si.

Recebeu outro soco na mandíbula, e poderia jurar que Naruto bateu propositalmente errado, pois se quisesse, teria quebrado naquele momento.

— Cacete, pode dar uma trégua não, pirralho?

Ignorado com sucesso. Sua resposta foi ser acertado em cheio bem no nariz, e dessa vez ele tinha certeza que alguma coisa no seu rosto quebrou.

Mão pesada do caralho, pensou, se fosse falar, doeria mais ainda, e provavelmente o loiro em pé daria um jeito de arrancar mais sangue seu por pura diversão.

Ah sim, ele sabia que Naruto já estava fazendo aquilo não porque convinha, mas porque estava gostando, se sentia bem e um tanto revigorado. Era fácil notar isso pelo semblante satisfeito dele.

Quem diria que aquela criança magrinha se tornaria um traficante tão barra pesada assim.

Notando que ele não queria falar, permaneceu calado, enquanto sentia o sangue grosso e quente descer por seus ferimentos. Com as mãos amarradas seria difícil estancar, sendo assim se contentaria em observar o mais novo andar de um lado para o outro, como se tentasse colocar as ideias no lugar. Talvez realmente estivesse fazendo isso.

Vai saber. Há anos já não conseguia ler o Uzumaki como antigamente. Depois do que Madara fez, a criança mudou da água pro vinho, de alguém fácil de interpretar para um homem totalmente inexpressivo e imprevisível.

Parece que os feitos do Uchiha deram certo, no fim.

Imaginar o que o garoto sofreu anos atrás fazia Jiraiya ter náuseas, contudo, não havia nada que ele pudesse ter feito. Não tinha poder nem voz, muito menos autoridade para tirar aquela criança da sala fechada de "treinamento". Sendo ele um ex capacho daquela gangue, nada conseguiria mudar, apenas ser o pilantra sem vergonha de sempre.

— Quero saber de tudo, e dessa vez, sem gracinhas – a voz autoritária se fez presente.

Jiraiya observou Naruto se sentar no chão à sua frente, deixando a arma bem ao lado da perna, enquanto sustentava o corpo com os braços apoiados para trás.

No seu rosto, aquele olhar impassível e penetrante, onde qualquer pessoa que encarasse sentiria um arrepio medonho. Mas não o velho tarado, esse já estava imune contra tal olhar, apesar das ameaças.

— Senão terei que arrancar sua mão fora, daí seria meio difícil você continuar batendo punheta.

— Você seria maldoso demais se fizesse isso comigo – entrou no jogo.

— Tenta a sorte – o loiro, num gesto rápido, tirou uma faca do quadril, a lâmina brilhante, reluzente. O mais velho poderia até mesmo ver seu reflexo ali.

E pela forma que Naruto não esboçou mais nenhum tipo de sorriso, seja ele sádico ou irônico, soube que não estava blefando.

Analisou suas possíveis opções: contaria a ele e ganharia mais hematomas pelo corpo sendo morto em seguida por outra pessoa ou ser morto pelo homem a sua frente.

Nenhuma delas era vantajosa, conteve sua vontade de revirar os olhos por conta disso. Sua situação era crítica, de qualquer maneira. Estava enferrujado, pra variar, já entrou na casa dos sessenta e atuar como antigamente não se encaixava mais na sua triste atualidade.

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