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Hinata não costumava aproveitar suas folgas na rua, detestava ficar parada por muito tempo olhando alguma vitrine sabendo que sequer levaria algo das lojas. Também não fazia sentido na cabeça dela ficar entrando nos estabelecimentos, tendo elas as placas e sabendo o que vendiam, sem ter o mínimo de interesse em levar algum produto.

O termo "bater perna" definitivamente estava fora do seu vocabulário, gostava mesmo era de ficar no sofá, assistindo alguma série ou dorama, evitava o máximo possível ficar pensando nas responsabilidades do dia seguinte. As compras do mês normalmente fazia após o pagamento, tinha uma vida simples, contudo, organizada.

Mas tudo ia de pernas pro ar quando sua irmã a visitava. Oh sim, Hanabi possuía um gênio fora do comum, apreciava a arte de aproveitar os milésimos de segundo que a vida proporciona, fazia isso indo a pubs, baladas, festas das amigas, dentre todas as oportunidades que literalmente batem à sua porta.

Únicamente por ela, Hinata se dispunha para dar algumas voltas pelas ruas movimentadas de Osaka, mesmo quando seu ânimo estava abaixo de zero.

Nesse exato momento, via sua irmã mais nova conversar com uma vendedora sobre a cortina marrom que chamou sua atenção. Segundo ela, seu apartamento estava sem graça e muito opaco, necessitava de uma transformação.

Acontece que Hinata não queria isso, porque gostava da forma que sua humilde casa se encontrava atualmente, qualquer mudança brusca demais a deixaria de mau humor.

Mas quem disse que Hanabi ligava para isso? Nem se deu ao trabalho de rebater a mais velha. De forma ligeira, pegou-a pela mão e parou a primeira vendedora que apareceu num dos vários corredores que aquele lugar tinha. Como se sua irmã não carregasse sacolas o suficiente, parecia querer mais.

Por outro lado, era gratificante para si ter, mesmo que por tempo determinado, a companhia da outra. A observava conversando e gesticulando com a mulher do local, fazendo questão de frisar o quanto não ligava para coisas como decoração, mas ela sim. Poder ver isso de perto, realmente, não tinha preço.

— …daí seria interessante dar essa renovada – terminou de explicar – Não acha, irmã?

— Faça o que bem entender, eu desisto – levantou as mãos para o alto, fazendo a mais nova sorrir e bater palmas – Mas só dessa vez, se fizer isso de novo sem me consultar antes eu te deixo do lado de fora.

— Tanto faz – deu de ombros como se a ameaça fosse vazia – Queremos ver outros modelos, moça.

— Podem me seguir por favor – assim o fizeram.

Deram algumas voltas pelo ambiente fechado, Hanabi parecia uma criança ganhando um presente de natal observando todas as peças para os mais variados tipos de móveis existentes em residências.

Saíram com apenas a sacola da cortina, ou então por impulso Hinata acabaria gastando mais do que devia.

Resolveram parar para comer um lanche na rua, como ambas faziam quando eram mais novas. Aquela sensação de nostalgia apossou-se delas assim que puseram os pés num restaurante bem familiar. O Ichiraku não mudou nada com o passar dos anos, pelo contrário, manteve a mesma essência, a saborosa comida, e seu prato principal que era o ramen, trouxe-lhes um grande conforto pelos velhos tempos.

Estavam saudosas uma da outra, embora preferissem a vida atual que tinham. Caso pudessem optar, tirariam todo aquele vazio e dores que às vezes faziam questão de dizer que estava presente, Hanabi tinha noção do quanto Hinata pagou o preço cedo demais por escolhas de outros – principalmente os pais.

Aproveitaram muito bem a refeição, e quando o sol estava se pondo, resolveram que era hora de voltar, ou então a mais velha teria um colapso nervoso.

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