Cap 02: A menina de cabelos loiros

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Não confie na voz que você ouve junto com o vento, por mais amável que ela pareça. Ele te levará para um jardim lindo, repleto de vagalumes, mas não confie neste homem. O que você vai fazer se ele mentir pra você? E se você se perder seguindo ele? Será que ele te ajudaria? Nunca confie, nunca ouça as promessas que ele vai te dizer, porque a única verdade é que nenhum homem é confiável.

--Ele o quê?! Michael nunca abusaria da minha filha, ele era o homem mais certo que eu já conheci em toda minha vida.

Eles já haviam interrogado quase todos os membros da família de Michael Kennedy. Todos eles diziam a mesma coisa para Christopher. Na sala de interrogatório estava o pai da menina. Um homem de pele bronzeada, cabelos escuros, bigode e um pouco fora de forma. Ele não conseguia acreditar que o cunhado era um homem com aquela índole. Não que ele duvidasse da filha, mas, aquilo simplesmente não entrava em sua cabeça. Era algo que ele não conseguia conceber e acreditar. Era demais!

--O senhor sabe se a Amanda contou para alguém sobre o tio?--O delegado tentou ser o mais delicado possível, situações como essas, ainda mais quando envolvem crianças, o deixavam revoltado assim como a maioria das pessoas.

O pai da menina apoiou as mãos na mesa de alumínio e balançou a cabeça.

--Se ela disse alguma coisa não foi pra mim.

Christopher assentiu e se encostou na cadeira. Ele suspirou. Já havia feito todas as perguntas necessárias, aparentemente os familiares nunca desconfiaram de nada. O mais provável era de que a menina tivesse contado isso pra alguma amiguinha na escola e a outra criança tivesse contado pra algum adulto. Ela fez o certo, mas, alguém interveio da maneira errada.

--Muito obrigado por ter colaborado e eu... sinto muito por sua filha.--Christopher se levantou da cadeira e abriu a porta. Muito abalado, o pai de Amanda enxugou as lágrimas e saiu da sala.

Com um suspiro exasperado, o delegado fechou a porta e puxou os cabelos ruivos.

Já fazia muito tempo desde que eles não lidavam com uma situação tão "pesada". Ele se colocou no lugar do pai da menina. Christopher era totalmente contra fazer justiça com as próprias mãos, mas, ele não sabia o que faria se fosse com sua filha. Ele não gostava nem de imaginar! Ele se acostumou a prender ladrões, assassinos, charlatões, mas pedófilos... ele não tinha estômago para lidar com eles, nunca teve.

Ele só esperava que Amanda tivesse assistência e acompanhamento para superar o trauma.

--Christopher!--Já estava se tornando uma mania Annabel entrar sem bater aonde ele estava.

Ele se virou e olhou pra ela. A investigadora por um momento perdeu o fôlego e esqueceu completamente do assunto quando os olhos azuis de Christopher focaram nela.

--Annabel ?

--Ah sim, é... Patrick terminou de fazer uma perícia tanto no corpo quanto no local. Não tem nenhuma pista de DNA e...

--Nenhuma? Nenhum fio de cabelo, digital, sêmen, nada?--ela negou e entregou a ele os papéis com os resultados. Ela lambeu os lábios um pouco nervosa e continuou.

--A gente ainda não sabe ao certo que objeto cortante foi usado na morte, mas, não foi uma faca, o corpo tinha sinais de abuso sexual mas seja lá quem for que fez tudo isso não deixou nenhuma pista há não ser o lenço vermelho e também não tem DNA na peça.

--Acha que é um profissional. Um matador de aluguel de outra cidade que ficou sabendo e...

--Então, tem outro ponto. A Amanda não contou pra ninguém, ela só tem sete anos, não sabia o que estava acontecendo. Mas ela não explicou uma coisa direito. Ela disse que antes do tio entrar no quarto tinha mais alguém junto com ela.

Dear Daddy EddieOnde histórias criam vida. Descubra agora