Uma fina chuva caía sob Dreamwood. Nuvens escuras enfeitavam o céu e cobriam o vilarejo, como um véu negro cheio de mistério.
Pelo menos era isso que Christopher pensava enquanto observava a chuva bater na janela de sua delegacia.
Apenas uma pergunta estava rondando seus pensamentos:
Quem matou Michael Kennedy?
Um tio que abusou da própria sobrinha. Tantas pessoas poderiam ter feito isso, e mesmo assim Christopher sentia que não estava nem perto de saber quem foi. Quanto mais o tempo passava, ficava ainda mais difícil descobrir a verdade. Um assassino a solta em um vilarejo tão pequeno como Dreamwood era muito perigoso. Ele poderia fazer muitas outras vítimas, fazer reféns, dependendo da situação poderia até causar um massacre.
Christopher balançou a cabeça se negando a continuar pensando nisso, mesmo que fosse uma possibilidade. Ele se desencostou da mesa e olhou para as anotações que ele havia feito do caso. Já fazia muito tempo desde a última vez que ele investigou um assassinato, ainda mais um assassinato tão complexo! O assassino não deixou pistas, o que é algo extremamente prejudicial para a investigação. Não tem testemunhas há não ser a própria Amanda e ela sempre diz não saber quem fez isso, mas Christopher estava começando a desconfiar da menina, ele estava começando a achar que ela não estava dizendo a verdade. Ela realmente foi abusada, mas o que aconteceu depois disso ainda não tinha ficado muito claro.
--Por que você não diz a verdade Amanda?--ele perguntou para si mesmo enquanto virava cada página do caso.
Ele tinha certeza de que ela estava encobrindo alguém e não parecia estar sendo ameaçada para isso, ela estava fazendo isso por vontade própria. Mas por que poupar o assassino do tio pedófilo?
Christopher pensou sobre isso e jogou os papéis sobre a mesa. Ele saiu de sua sala e foi direto procurar por Annabel. Ela estava em sua mesa e quando ele chegou ela parecia extremamente ocupada, tanto que nem notou ele em sua frente.
--Bel.--ele a chamou pelo apelido já que eram amigos e os outros colegas não estavam por perto.
Assim que ela viu ele ali, Annabel sorriu e se arrumou minimamente.
--Oi, precisa de alguma coisa?--ela perguntou mais carinhosa do que deveria, por sorte ninguém estava ali para perceber e Christopher dificilmente se importaria com isso naquele momento.
--O caso do tio da Amanda, lembra né?
--É claro.--ela respondeu de forma óbvia.
--Onde o pai dela trabalha?--Annabel olhou para cima por um breve momento para se lembrar.
--É...ele trabalha como engenheiro de obras numa outra cidade, por quê?
Christopher analisou as possibilidades sobre aquela informação.
--E a Amanda fica sozinha enquanto ele trabalha?
--Bom, de manhã ela vai pra escola e de tarde fica sozinha sob a vigilância da vizinha da casa ao lado.
--Huh! Não é atoa que o tio conseguia ver ela tão facilmente.--ele pensou por mais um tempo até chegar numa conclusão. Annabel até se inclinou um pouco na mesa para ouvir a teoria dele, e além disso para observá-lo mais de perto.
--Quem garante que só a vizinha vigia ela?
--Como assim? Outra pessoa? Mas quem?
--Bel, eu li o depoimento da menina e eu tenho quase certeza de que ela sabe muito bem quem matou o tio. Eu acho até que ela está encobrindo o assassino.
--Mas isso é muito sério.--Annabel se levantou e deu a volta pela mesa até ficar de frente para Christopher. --Você acha que pode ter alguém manipulando ela também?
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Dear Daddy Eddie
HorrorUma garotinha que cresceu num ambiente conturbado e violento, desde cedo começou a ter medo das pessoas, inclusive dos próprios pais. Mas certo dia, ela se viu sozinha. Seus pais nunca mais voltaram pra casa! Para sobreviver e lidar com o abandono...