Uma garotinha que cresceu num ambiente conturbado e violento, desde cedo começou a ter medo das pessoas, inclusive dos próprios pais. Mas certo dia, ela se viu sozinha. Seus pais nunca mais voltaram pra casa! Para sobreviver e lidar com o abandono...
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"Hey garota, abra as paredes e brinque com suas bonecas. Seremos uma família perfeita..."
-Melanie Martinez
--Onde você estava?
--Não é da sua conta.--ele declarou jogando o paletó em cima da cama de casal.
--Então é assim?! Você acha que pode simplesmente desaparecer e voltar como se nada tivesse acontecido?!
--Exatamente, eu não te devo satisfação nenhuma!--ele declarou arrancando a gravata e a jogando em um canto qualquer do quarto.
A mulher de cabelos e olhos castanhos olhou para ele indignada e furiosa.
--Eu não acredito nisso, você não pode me tratar assim. Estava com vadias na rua, não é? Acha que eu não sei que você se encontra com elas?!--ela foi para cima do marido mas ele a agarrou pelos pulsos. Dayse torceu o nariz ao sentir o forte cheiro de bebidas dele.
--Eu estava sim, porque elas são muito melhores do que você. Elas são jovens e quentes, diferente de você que parece um cadáver!
--Desgraçado.--ela tentou empurrar ele já que suas mãos estavam presas, mas isso não durou muito. Ele a jogou com violência em cima da cama e declarou:
--Eu nunca deveria ter me casado com você! Se você tivesse se livrado daquela menina, hoje não estaríamos presos nesse inferno de casa.
--Não fale assim da nossa filha, ela não tem culpa.
--Tem sim. Por culpa dela meus pais me forçaram a casar com você. Quantas vezes eu disse pra você que não queria ser pai?! Quantas vezes eu não mandei você abortar porque não tínhamos como criar ela?! Foram muitas vezes Dayse, e você nunca me ouviu. Se achava uma boa samaritana só por deixar a menina viver, mas a verdade é que você é uma mulher fraca.
--Meu único erro foi ter me apaixonado por você seu traste.--ela gritou e se levantou revoltada. Ela parou a poucos centímetros do rosto dele e literalmente cuspiu cada palavra.
--Você fala da Darcy como se ela fosse a única culpada, por acaso eu fiz ela sozinha? Não, você estava lá. E você sabe que eu jamais abortaria, ela é inocente, não tem culpa de nada, ela não pediu pra nascer. Ela não tem culpa se o pai é um completo fracassado...--ela foi calada por um tapa que ecoou por toda casa.
Ela olhou para ele como se fosse matá-lo, já seu marido a olhava com total desprezo. Nada mais precisou ser dito naquele momento. Aquele tapa silenciou ambos e não havia mais como eles continuarem com aquilo. Aquela encenação de que eles eram um casal normal tentando resolver os problemas.
O marido caminhou para a porta e ao abrir percebeu que eles não estavam sozinhos durante a briga. Darcy estava parada em frente a porta com os olhos cheios de lágrimas, mas seu pai apenas passou por ela e foi na direção da sala, visivelmente estressado. Já sua mãe continuava parada, ainda atordoada e sem saber como proceder ao ver a filha.
