Há milhares de anos.

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 A Nação Celeste estava em guerra, brutal e sangrenta contra os Dybbuks que uma vez faziam parte de Astarlight, mas eles foram banidos e amaldiçoados com pouca infertilidade e por isso voltaram, roubando mulheres e jovens para servirem como éguas reprodutoras até seus ventres não aguentarem mais. O destino de um portador obscuro é manter o equilíbrio a qualquer custo, dos outros mundos e principalmente Astarlight, portanto a missão em que o rei vestindo sua armadura prateada com penas de metal, se encaminhava agora possivelmente seria suicida, mas poderia expulsar os Dybbuks e evitar que invadisse outros planetas, sendo assim, uma vida pela segurança de centenas não seria um preço justo? Antes de partir ele beijou o topo da cabeça da filha que ainda dormia em despedida, menos de três anos aproveitaram juntos, anos esses tomados pela guerra, uma lágrima silenciosa tombou por sua face quadrada enquanto marchava até onde provavelmente o grande e misterioso portal estava de acordo com as estimativas, em uma gruta na cachoeira Meteorito onde em algumas épocas do ano a maré aumentava. Porém, não esperava encontrar um dos governantes Dybbuk parado a frente com um olhar ansioso para derramar sangue.

— Não deixarei que faça isso!

O rei o fita friamente, como um soldado pronto para a batalha, e de fato, era.

— Não perca seu tempo e volte para seu planeta, o feitiço já foi lançado! —Ele range os dentes, os caninos protuberantes expostos, rosna.

— Hipócrita! Sua Deusa nos amaldiçoou e fez de nós os vilões, mas na verdade, o único vilão é você!

— A culpa recai sobre si por semearam a ganância e macularem a terra com sangue!

Não nega, mas dá de ombros como se fosse algo mínimo e não uma incitação a discórdia. O homem de pele rosada rosna novamente, um grito de guerra, avançando na direção do rei, enquanto o monarca envolvia os pulsos com sua magia representada na cor turquesa. Ambos não possuíam armas, pois eles já eram armas vivas, força bruta contra magia do caos. Eles entraram em uma dança de golpes e chutes, os Dybbuks detêm de uma força muito maior que os Trols, significando que o mero contato poderia arrancar sangue azul escuro como o céu a meia noite. Dois imortais, mas que facilmente poderiam perecer pela mão do inimigo.

O rei forjou sua magia em uma adaga de ponta fina, quase uma pequena espada, quando socos não pareciam surtir efeito. Em um movimento rápido, rasgou alguns centímetros da pele do agressor fazendo escorrer sangue de um escuro profundo como um buraco negro que engole tudo a sua volta, deixando-o apenas mais zangado. A luta dos dois governantes se estendeu por horas até o sol começar a se pôr, com suor e sangue tanto negro quanto azul manchando seus corpos, arfando o rei enfim realizou um movimento ousando cravando a adaga em sua costela, a fera cuspiu sangue se engasgando, no entanto o movimento era ousado por justamente se colocar em uma posição perigosa, e o homem-fera apesar de já saber que aquele momento era seu último fôlego, ele decidido, não cruzaria o véu do Além-Mundo sozinho. Com seu último requisito de força envolveu as mãos em seu pescoço e rugido de dor separou o corpo do portador obscuro cobrindo se com sangue e tripas. Entretanto mal sabia ele que ao tirar a vida do monarca finalizará o feitiço posto no portal, o qual nem mesmo o falecido portador sabia que não impediria a viagem interdimensional, apenas dificultaria.

Uma faca de dois gumes.

Sangue ObscuroWhere stories live. Discover now