Capítulo 6.

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Finalmente iríamos treinar, voar e correr, com as magníficas bestas aladas, passamos dois dias inteiros praticando como selar as montarias de forma correta, alimentarmos e até mesmo limpar as baias, aprender de tudo mesmo que não fizéssemos sempre será necessário. Visto meu equipamento de voo feito de couro próprio para montaria, depois da seleção seriam personalizados de forma a identificar as Guildas, Nemain e Aradyia me acompanham, sempre alertas. Sete animais estavam amarrados à parede, de diferentes cores, alguns quadrúpedes e uns Wyverns. Escolho o primeiro da fila obviamente, um dragão quadrupede amarelo creme. Aproximei-me da besta colocando a mão em seu flanco escamoso e quente sentindo sua inspiração e expiração, grandioso e feroz e ao mesmo tempo parecido com um cavalo de corrida ansiando para ser montado, viro-me na sela olhando uma última vez para o final da fileira, para cada um dos rostos ao meu encalço. Então me voltei novamente para frente, para a queda e para o mundo que esperava além dela.

— Somos as Valkyries, as melhores assassinas Flowing Blood por uma razão. —Falo olhando para a paisagem montanhosa e o céu que se estende a diante, mesmo que minhas palavras sejam baixas eu sei que elas conseguem escutar. — Não vamos deixar que esqueçam facilmente.

Cutuco a lateral da criatura que começa a marchar antes de dar três passos galopantes, estrondosos abaixo, impulsionando-me para frente, adiante, um salto para o ar congelante, as nuvens, a ponte e as poças ao redor resultado da pequena chuva de ontem, então a queda. Meu estômago disparou para a garganta quando o animal arqueou o corpo e se inclinou para baixo, as asas fechadas nas laterais. Como tinha sido instruída, agachei-me sobre o pescoço da criatura, mantendo o rosto de sua couraça, o vento gritando na face, a névoa se abriu, e que a Escuridão taciturna envolvesse, ali estava o fundo do desfiladeiro, tão perto e.... Segurei-me à sela, às rédeas, aos pensamentos enquanto asas enormes se abriam, o mundo se inclinava, cavalgando na corrente do vento em uma simples escalada pela lateral de Montgomery.

Em um primeiro momento achei que o desjejum sairia da minha garganta, fiquei tonta e as coisas ao meu redor ainda estavam entrando em foco, mas assim que a criatura se estabilizou minhas entranhas também puderam se aquietar para que pudesse aproveitar o momento magnífico. À direita, um brilhante sorriso se desenhava no rosto de Nemain. À esquerda, Murien de cabelos castanhos como chocolate, apenas balançava a cabeça, olhando boquiaberta, as colinas verdejantes e montanhas imponentes. Os olhos verde-musgo de Weynna dançavam com entusiasmo de sentir o frescor do vento. Com certeza uma experiência única.

— O que faremos agora? —Gritou a assassina prateada acima do barulho ruidoso do vento.

Mesmo mantendo um timbre inalterado, seus olhos arrendondados expressavam o quanto ansiava para que permitisse provar mais da sensação pura de adrenalina misturado à dopamina.

— Verificaremos se o que o instrutor das Deadly Ax nos contou em relação a velocidade desses animais é realmente verídico. —Objeto com um meio sorriso mantendo aquela exuberância selvagem presa no peito, então guiando a montaria na direção de onde a primeira corrida no abismo esperava.

Não tinha palavras para o quão era delicioso sentir o beijo delicado do vento em minha bochecha, o sentimento de ser leve como uma pluma sem ter de carregar todo o peso de uma Guilda nas costas. Tudo parecia ser mágico sem responsabilidades me rondando e a vontade de gritar como uma selvagem incontrolável e indomável a fim de esbravejar todas as inseguranças me dominava a cada segundo.

Livre como jamais havia me sentido. Desprendida das algemas invisíveis que me foram colocadas desde que nasci. Liberta de regimentos. Simplesmente livre.

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Depois de meu primeiro voo, frequentemente estava na corrente do vento com minhas Valkyries, apostando corridas ou simplesmente explorando o que poderíamos fazer. Mas para a Superior assim como para sua imediata, tudo o que fazíamos era treinar, o que não era exatamente mentira. Passaram-se quatro dias após a primeira vez montada em um dragão, e, sem dúvidas posso dizer que foram ótimos os dias, então, chegara o dia tão esperado — por todos as Tygas até mesmo para as Superiores — da distinção de nossas próprias montarias, não podia conter o entusiasmo. Nem todas as assassinas teriam o prazer de ter sua própria besta, a origem deles ainda não nos foi contada inteiramente, porém a Imperatriz montou essa fortaleza para procriação dos dragões, infelizmente nem todos os ovos eclodem e o tempo necessário para ter montaria suficiente para mais de cem assassinas, demoraria uma eternidade. Portanto somente as principais alianças das três Guildas receberiam essa dadiva. Usei minha habitual túnica negra com algumas faixas vermelhas espalhadas, no pulso e quadril, e uma faca grudada na lateral de meu braço, o traje preto e vermelho é o habitual das Valkyries, uma estratégia para deixar explícito quem somos. Como treinar os animais até estarem prontas para a guerra levaria tempo, Scatha Flowingblood comunicou que ficaríamos morando na fortaleza atrás da montanha que fica próxima as caldeiras, pelo tempo necessário. Quando uma das sentinelas adentrou dizendo que a Superior solicitara minha presença, coloco rapidamente o manto azul meia-noite — adoro cores escuras, combina mais comigo — forrado com pele de coelho que vai até meu calcanhar prendendo-o a frente de meu pescoço com uma corrente fina e prateada, não que estivesse muito frio, é Primavera, mas ali na pequena fortaleza, principalmente de manhã ainda é um pouco frio.

Sangue ObscuroWhere stories live. Discover now