Capítulo 3.

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Como costume da nossa Guilda todo início de semana, a noite, é feito orações e oferendas para os Deuses abençoarem nosso caminho sangrento e de certa forma honrado, eu me fazia perguntas quando mais nova sobre trabalhar como assassina imperial e de aluguel, e Marion respondia apenas que era nosso trabalho, que não deveria ficar questionando ou julgando as formas de sobrevivência. Depois de alguns anos me acostumei com isso e já não me importava mais, as coisas mesmo não sendo da forma que queríamos são desse jeito e eu decidi aceitar em vez de continuar em negação procurando um sentido. Fiquei algumas horas no templo de citrino com colunas de calcita laranja, imagens sagradas enfeitavam assim como vasos de ouro, flores e incensos aromáticos — apenas para marcar presença, não possuo nenhuma devoção a Deuses que nunca fizeram nada para nos ajudar, possivelmente nem existam. Quando saio do templo me esgueirando para não ser pega por Marion, ou o pior, Scatha, acabei dando de cara com Nemain, minha imediata e irmã mais velha superprotetora, junto das Valkyries — apenas seis das melhores assassinas da Guilda —, engulo em seco e cruzo os braços erguendo as sobrancelhas em questionamento.

— O que estão fazendo aqui? Deveriam estar no templo.

— Posso lhe fazer a mesma pergunta.

— Já fiz minha parte agora estou indo para o meu quarto.

— E se invés de se entocar em seu quarto a gente sair um pouco? —Nemain pergunta com um meio sorriso cheio de malícia. — Antes que você negue devo lembrar que não é proibido e não trará nenhum problema desde de que sejamos cuidadosas.

— Você precisa relaxar as vezes sabe. — Murien comenta.

— Vão deixar de fazer as orações semanais aos Deuses?

— Garanto que não irão se importar além disso posso vir ao templo sempre que quiser.

— Está bem, nos encontramos em vinte minutos depois do Manto.

O Manto é como chamamos a barreira tecnológica de camuflagem que cobre toda a extensão de Ômega, assim não corremos perigo de nenhum curioso encontrar o que não deve. Nossa Guilda não fica muito longe de Montreal a grande cidade imperial, e a essa hora da noite ninguém desconfia de um bando de garotas usando mantos pretos — se alguém nos visse ia apenas pensar que fazemos parte de algum culto ou coisa do tipo —. A cidade é muita linda sendo toda iluminada com postes elegantes em forma de aro e luzes redondas em seu centro como grandes pérolas, os prédios, casas e lojas também não ficam para trás com uma arquitetura geométrica e moderna, cilíndricos, retangulares, triangulares e até mesmo com estrutura mais curva. Ilynor é um império poderoso que prospera com sua tecnologia e arquitetura, além de possuir certa riqueza como bronze, prata e outros metais.

Entretanto, alguns comércios gostam de manter sua estética como se estivéssemos no período medieval como a casa dos prazeres, por exemplo. Penso que grande parte disso é apenas um jogo de marketing para atrair a clientela, ou algum negócio de família onde deve manter esse aspecto mesmo com a mudança de geração. De qualquer forma, adorávamos aquela taverna fora dos padrões. Empurro as portas duplas feitas com madeira maciça parecendo recém-tirada da árvore sem sequer um polimento antes, sendo recepcionadas apenas pelas chamas irregulares da grande lareira de pedra cinzenta com uma enorme cabeça de veado empalhada acima, as paredes de pedra estilo arenito davam a impressão de entrar em uma caverna em vez de um bar temático. Porém, seu charme não era de apenas uma caverna, troncos de árvore foram usados como pilastras, as paredes adornadas com animais empalhados incluindo um enorme tapete de pele de urso pardo bem a frente da lareira com duas poltronas de couro, não tenho certeza se era sintético. As mesas redondas com quatro cadeiras normais enchiam o bar, mas existia um lugar em especial naquele salão que adoramos sentar.

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