Sangue Obscuro

Capítulo 8.

Hellas soltou um rugido começando a se aproximar lentamente, ele estava me rondando e com seu comprimento não demoraria para sua boca me alcançar então, só havia uma opção mesmo sendo desagradável, andar com cuidado e atenção para o lado oposto. Desagradável pois, o animal era incrivelmente perigoso tanto a frente como atrás e logo a clava em sua cauda poderia me atacar, como presumi ele levantou a cauda balançando em minha direção, por sorte sou rápida e pequena para me esquivar.

Uso o escudo para me proteger, mas não adianta muito com sua força impactante, consegui evitar uma lesão grave, mas, ainda assim, sai voando quando a parte superior da cauda de Hellas atingiu a lateral do meu corpo, bato com toda força na muralha oposta o rosto arranhando nas rochas, minhas costelas também latejavam de dor possivelmente havia quebrado algumas, inspirar era como respirar o fogo e ele corroer meu corpo por dentro, sentei-me com dificuldade descansando um pouco antes de voltar à ação. Sangue azulado escuro escorria de meu nariz tingindo os dentes pontiagudos, rosnei com a força feita para me levantar usando a parede de apoio antes que acabe encontrando a Escuridão antes da hora.

Não sei de onde tirei velocidade para escapar dos dentes afiados da serpente alada tendo que uma das mãos na lateral do corpo, ele abocanhou apenas o ar, meu plano havia falhado de uma maneira péssima, o animal não cederia até saciar sua fome, mas eu também não sou de desistir. Empunhei uma das espadas girando o corpo e rasgando a pele de sua face no momento que investiria novamente, seu urro reverberou pelas pedras de arenito, com uma das garras dianteiras tenta me empalar e como está muito próximo acabo caindo no chão no momento que vou me esquivar, rolo para o lado evitando virar paçoca quando usa a arma em sua cauda para socar onde estou. Parece que ele não me via mais como um alimento e isso era bom, sem contar que agora seu interesse era só em me matar mesmo. Hellas abriu a mandíbula prestes a me engolir inteira, e se não fosse o ranger do abrir da porta de metal para distrair o animal não conseguiria tempo o suficiente para me levantar com dificuldade e sair de sua mira.

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Se não fosse por Nemain e as outras Valkyries terem entrado na arena, nesse momento encontraria com a Escuridão, mas não sai totalmente ilesa. Precisei fazer uma bandagem com erva Barbatimão na costela para poder andar sem respirar farpas e pregos, no entanto havia algo relativamente bom nisso tudo, Marion conseguiu convencer Scatha a me deixar de repouso por alguns dias alegando que seria uma assassina inútil e só a humilharia assim como o nome da nossa Guilda.

Gostaria que fosse por preocupação de mãe, mas acho que certas coisas jamais mudarão, e quanto mais tempo levasse para aceitar o fato, pior seria para mim. Encontro-me em minha cama deitada de bruços vestindo apenas uma calça e sutiã, quero enterrar minha cabeça no travesseiro aponto de desaparecer por tempo suficiente até o problema de Hellas ser magicamente resolvido, mas apesar de desejar isso também tenho plena consciência de que, no mundo em que vivo não há magia como aquela capaz de transformar uma empregada suja em uma linda princesa com sapatos de cristal e vestido bufante.

A porta se abre e passos femininos se aproximam de minha cama, não preciso desenterrar a face para saber quem é, apenas uma pessoa seria audaciosa para entrar no aposento da Sucessora sem bater primeiro, pois nem mesmo Marion que tem uma certa autoridade é abusada a esse ponto.

— Não lembro de lhe dar permissão, mesmo sendo minha irmã isso é um desrespeito com sua Sucessora. —Resmungo virando a face de lado para melhor vê-la, porém continuo deitada de barriga para baixo.

— Tenho consciência, mas como bem disse em primeiro lugar é minha irmã caçula e é minha obrigação cuidar de você. —A imediata prateada retruca.

— O que quer?

— Lembrar como entrar naquela arena com um lagarto que só pensa em matar foi uma péssima ideia.