Capítulo 4.

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Cinco anos depois.

Em uma grande sala oval com paredes coral e o piso negro antiderrapante, aconteciam torneios entre as assassinas, mais novas contra mais velhas, feito a cada três meses tanto para testar a força e velocidade dos melhores guerreiras quanto para dar entretenimento, a perdedora era acometida a um dos castigos dolorosos ou morto dependo do desempenho demonstrado. Após uma corneta especial usada nessas ocasiões soar é dada o início da etapa, a mulher de cabelos prateados enfrentou uma das Tygas mais robusta de Ômega com braços parecendo toras e pele marrom chocolate, primeiro, Nemain atacou com sua espada fina e maleável em mãos, a lâmina encontrou a madeira grossa e maciça da clava da inimiga, sua adversaria tinha dois fatores a seu favor, era mais velha e indiscutivelmente mais forte que Nemain, mesmo tendo tentado usar a força ainda fora jogada longe batendo contra a parede oposta. Eu observava do primeiro patamar sem expressar nenhuma emoção com a batalha, tenho plena consciência das habilidades de minha imediata.

Tygas são mortais como humanos, porém com algumas regalias como; velocidade, força, audição, olfato, dentes pontiagudos e longevidade. Por exemplo, se um humano bater de frente com um Tyga apenas um tapa seria o suficiente para perder metade dos dentes, já de igual para igual à diferença é mínima por essa razão treinamos.

Nemain ainda poderia vencer se usasse sua velocidade contra a adversária, seu tamanho indicava que não possuía grande resistência, ela se levantou agilmente desviando apenas dos ataques da mulher cutucando-a com a lâmina para deixá-la mais nervosa, a clava é uma arma bastante letal, mas também é muito pesada para o usuário manusear com certa rapidez e esse era outro ponto a seu favor. Logo, a guerreira ficaria cansada da brincadeira de pega-pega, Nemain bloqueou o ataque da arma com sua espada e com a outra mão segurou o punho da inimiga usando muito da sua força para então golpeá-la no estômago com o joelho. Assim que a adversaria parece estar com as forças se esvaindo, a guerreira prateada como fora apelidada a empurra o mais forte que pode para o outro lado da sala.

Como uma leoa vendo a presa encurralada, ela anda calmamente até a inimiga ofegante que tenta se recompor, não foi uma atitude muito boa, pois quando consegue ficar em pé ela se joga em cima de Nemain deixando sua clava de lado a esmurrando até sangue prateado escorrer dos lábios, em um ataque rápido que a espada perfurou a coxa da oponente não restava mais dúvidas de quem venceria aquele embate. Ela caiu de joelhos já sem força sangue pingando, ambas ofegavam e suavam como leitões, Nemain então lhe deferiu golpes atrás de golpes acabando por deixar sua rival inconsciente no piso da arena. A primeira luta chegou ao fim e Nemain era a grande vencedora, ela poderia não ser a mais forte, mas sua esperteza e agilidade lhe garantiram a vitória desejada, próxima luta seria entre mim e uma assassina franzina com nariz empinado.

Fui nocauteada várias e várias vezes, dois golpes no rosto, um nas costelas e um na barriga, tão forte que sai voando e batendo em uma das paredes circulares e por segundos fiquei de joelhos tentado sugar o ar para meus pulmões, claro que lhe deferi vários golpes também. Com agilidade treinada consigo me erguer e esquivar do ataque de seu machado evitando ter algum membro decepado, manuseando com destreza as espadas curtas de lâminas onduladas e retrateis lhe cortei o braço deixando uma linha extensa e profunda que jorra sangue, um único golpe com o cotovelo na boca do estômago foi suficiente para ela cair de joelhos chiando baixo de dor. Fraca. Acabou exaurindo suas forças no início do combate em vez de poupar esforços como sempre fomos instruídas a fazer, mesmo tentando segurar meu pulso para impedir o golpe no rosto ingenuamente em um esforço falho, não precisei forçar apenas lhe dou um tapa forte que o faz rolar até ficar estirada ao pé do mezanino. Estou com muitos ferimentos, hematomas, dor nos ossos, um sangramento nasal e arranhões nas roupas e pele por bater com força a coluna no chão. Porém o sangramento já estava seco e limpo o máximo que posso para o sangue de tonalidade diferente não ser percebido, depois de mais algumas lutas entre outros assassinos somos liberados para um momento de descanso antes da segunda onda de treinos, uma espécie de intervalo com direito a refeição.

Apesar de meu quarto ser pequeno era bastante acolhedor, meu santuário quando precisava de uma pausa, com paredes brancas e com o chão de cerâmica marrom-claro como melado batido, uma cama de casal se encontra encostada a parede com um criado-mudo branco ao seu lado, um tapete castanho avermelhado felpudo enfeita o centro assim como uma prateleira branca estreita, agora lotada de livros que vai do chão ao teto — posso ter aprendido a ser afiada como uma lâmina, mas ainda mantenho o hábito da leitura intacto —, um guarda-roupa de correr branco e um espelho mediano um pouco arredondado de chão.

Fito meu reflexo, reparando em meus olhos com a esclera avermelhada quase chegando ao castanho e a iris de lava parecendo a explosão de um vulcão com pupilas verticais pretas iguais as de um felino, quando não estava nervosa ou em alerta, elas se expandiam um pouco parecendo razoavelmente mais humana podendo até passar despercebida sua verticalidade. Possuo algumas sardas abaixo dos olhos espalhadas pela bochecha e nos ombros, culpo os dias abaixo do sol por isso jamais ficando com um bronzeado bonito como Weynna, apenas uma vermelhidão e sardas. Contracenando com os olhos meu cabelo castanho avermelhado de comprimento curto, ele reluz a luz do sol como uma chama selvagem, durante a mocidade meus cabelos eram bastante crespos, mas por causa da transição entre a puberdade, agora são um pouco mais alisados continuando levemente ondulados, apesar de não entender o motivo dessa aparência quando Scatha e Nemain são completamente opostas, eu realmente adoro minha aparência — pouco abaixo dos ombros desnudos pelo conjunto negro fardado mais fresco, um uniforme obrigatório para todos os assassinos da Guilda. Mantinha-os em seu comprimento curto por ser mais fácil para quem fica suando o dia inteiro e não ser um incomodo na hora de lutar, mesmo assim tentava os prender em um rabo de cavalo firme durante o dia, normalmente não os deixava soltos.

Mas, a coisa mais diferente em mim está marcada em minha pele, arabescos com todas as diferentes fases da lua, estrelas de cinco ou três pontas e sóis entrelaçados às gavinhas, essa "tatuagem" cobre todo o lado esquerdo do meu corpo desde a ponta dos dedos passando pelos braços indo até a lateral da face. Nem sempre as tive, elas começaram a crescer como ervas daninhas aos meus doze anos, quando menstruei pela primeira vez, e essa marca exótica dá o dobro de motivos para que sussurrem quando passe. Considerando que, passarei à tarde em treinamento árduo, mantenho minhas ondas presas em um coque firme, que graças ao comprimento ligeiramente curto não ajuda tanto quanto esperado já que alguns fios se soltam teimando em ficar no lugar. Pronta para o treinamento de mira. O arco e flecha virou uma paixão para mim, mesmo usando minhas igualmente adoradas espadas ainda vou preferir usar arco sempre que tiver oportunidade, não estou exagerando quando digo que sou a melhor arqueira de Ômega.

Antes de sair do quarto, carrego junto meu arco profissional preto retrátil, decorado com gavinhas prateadas de ponta a ponta dando um ar de beleza além da eficácia. Me dirijo até o lado de fora onde é realizado treinamentos como mira e escalagem, deixo que as Valkyries escolham o treinamento de sua preferência, e me posiciono em frente aos alvos retirando não só uma, mas três flechas feitas de mogno com ponta afiada de ferro e serrilhada em ambos os lados para garantir um alto nível de dano na vítima, da aljava esticando bem o cotovelo na altura dos olhos concentrando minha energia no círculo vermelho ao centro, respiro fundo e apenas solto o ar quando disparo, uma acerta o centro e as outras perfuram perto, mas ainda não estão as três no mesmo círculo. Treinamos não apenas com alvos redondos, mas também em formato do corpo humano e para quem quer lutar, além de embates entre nós, temos o salão de treino eletrônico onde há "pessoas" armadas tentando nos atacar, são bonecos ou então robôs de alumínio que simulam a dificuldade da luta corpo a corpo. Nada é suficiente se não a perfeição é o que Marion sempre fala quando já sinto o corpo cansado. Quando jovem eu era a pior arqueira de Ômega, mal conseguia posicionar direito a flecha então no final da tarde quando o sol já havia sumido a Superior em pessoa fazia questão de me ajudar, sempre evitando conversar e quando fazia as conversas eram rasas e frias, mas graças a ela eu superei meus parceiros de luta, obviamente isso foi muito antes dela começar a evitar o mínimo de contato comigo.

Coloco-as de novo, sabendo que só descansarei após acertar as três de uma vez.

Sangue ObscuroTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang