Prólogo

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    Há poucas coisas que são capazes de me aterrorizar. Mas aquela definitivamente me deixou no mínimo em choque.

    Eu tinha acabado de sair de um duelo com Joseph Crackstone, em carne podre e ossos decompostos, revivido por uma maníaca com desejo de vingança que vinha a ser minha professora de botânica. Sinceramente, Nevermore, eu estava impressionada.

    De alguma forma, Xavier Thorpe, a quem eu tinha erroneamente incriminado de ser o monstro que aterrorizava Jericho, tinha escapado das mãos do xerife Galpin e vindo em minha defesa, atirando uma flecha de forma impulsiva contra Crackstone, que obviamente a parou com uma facilidade irritante. E quando a flecha voltou para seu ponto de partida, não hesitei em me colocar na frente de Xavier e receber todo o impacto.

    O garoto correu ao meu socorro, mas o mandei tirar os alunos restantes da escola. Seu olhar me dizia que não era sua vontade me deixar ali, mas ele foi mesmo assim. Como a mãe de Rowan previra mais de 20 anos antes, eu, e apenas eu, deteria Crackstone, e mais ninguém daquela escola teria sangue derramado por isso.

    Usando a espada que um dia quase foi a ruína de minha família, parti para cima de Crackstone, com as palavras de minha ancestral, Goody Addams, ecoando em minha mente antes de me tirar das cruéis e doces garras da morte. "A escola precisa de você, Wednesday."

    O intervalo entre Crackstone partir a espada em frangalhos e quase sugar toda a minha existência foi pequeno demais, mas Bianca foi a distração perfeita ao apunhalar o morto vivo genocida pelas costas. Quando acertei seu coração negro de ódio e intolerância, com várias e várias vidas tiradas injustamente, ele queimou nas chamas do inferno que ele mesmo destinava suas vítimas.

    Minha respiração era audível no quadrilátero inteiro, e quase mascarou o barulho de uma pistola sendo engatilhada. Por um momento, eu me lembrei dos jogos de roleta russa com meu pai no porão de casa, mas seria um subterfúgio emocional muito óbvio perto de tamanho estresse, então eu já sabia que Laurel Gates me tinha sob sua mira. Ela só não contava com a astúcia da única vítima que ela não conseguiu matar: Eugene, e suas abelhas, a deixando no chão, bem ao alcance da sola de meu sapato.

    A caminhada até a fachada de Nevermore estava silenciosa e eterna, até que um par de braços me rodeou ao ponto de quase me derrubar no chão. Meu primeiro instinto foi obviamente me afastar, mas ao olhar para o rosto de Enid, esse instinto se foi.

    Seu rosto estava rubro com o sangue que se espalhava por todo o corpo. Eu sabia que ela havia se transformado, e me salvado de Tyler. Eu só não imaginava encontrá-la naquele estado.

    A dor de uma flechada, ou de uma facada, não é nada perto da dor que era transmitida pelas safiras mais brilhantes que eu já havia visto. A serenidade do azul agora estava turva, como água agitada após um maremoto.

    Sua expressão de terror ainda era presente enquanto ela sorria pra mim. Um sorriso de alívio.

    Ela tinha me salvado.

    Aquele olhar, tão singelo e simples, era reconfortante no meio da minha escuridão.

    Quando eu a abracei de volta, a sensação foi extremamente reconfortante. Era como se eu estivesse em um casulo, quente e seguro. Paz. Eu estava finalmente em paz, e o cansaço fechou minhas pálpebras, que não se abriram mais.

A Sky Full of Stars - WENCLAIRWhere stories live. Discover now