Epílogo

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                                                        Wednesday


    O dia estava lindo, e o sol da manhã entrava no dormitório. Enid estava em nosso dossel, agarrada a um urso de pelúcia que eu propositalmente coloquei meu perfume, para que ela não desconfiasse da falta do meu cheiro assim que saí pela manhã.

    E agora, depois de tudo pronto e estritamente calculado, eu esperava o relógio bater oito da manhã em ponto, para que eu pudesse seguir à risca tudo o que eu havia planejado naquele dia. E eu havia planejado bastante coisa.

    Quando o relógio começou a badalar suas oito vezes, me dirigi até a garota que dormia serenamente.

    — Enid. Acorde.

    Ela apenas se remexeu nas cobertas.

    — Por favor, Enid. Tenho algo pra te mostrar.

    — Só mais cinco minutos, Wed...

    Eu não pude deixar de sorrir perante a manha da garota relutante em acordar.

    — Vamos, Enid. Você não quer perder o dia de hoje todo na cama, não é?

    Consegui escutar a chavinha de sua cabeça girar, e Enid se levantou abruptamente, ainda de olhos fechados. Me aproximei gentilmente da garota, selando nossos lábios em um beijo simples, mas o suficiente para que seus sentidos despertassem por completo.

    — Feliz aniversário, mi cariño.

    Ela segurou meus lábios, me impedindo de sair de seu beijo.

    — Obrigada, Wed.

    Ela se espreguiçou ao levantar, ainda de olhos fechados. Não demorou muito para que Enid esfregasse os olhos com a lateral dos dedos. E quando as safiras azuis finalmente apareceram pra mim, não pude deixar de sorrir perante a surpresa da garota. Não pelo meu costumeiro traje preto e branco, mas pela rosa de pétalas amarelas que eu agora esticava até ela.

    — Wednesday...

    Coloquei a flor entre sua orelha e seu cabelo, deixando que os fios se colocassem sobre ela. O rubor das bochechas de Enid não me passou despercebido.

    — Aquele ali é o presente de Thing. – eu disse apontando para minha escrivaninha.

    Ela levantou em um impulso e foi até minha escrivaninha, onde se encontrava uma caixa pequena, lotada com esmaltes de diversas cores envoltas em um laço. Não demorou muito para que Thing subisse em seu ombro.

    — Isso é lindo, Thing. Obrigada.

    Ele dobrou os dedos em reverência.

    — Aquele ali chegou logo cedo de manhã. – o tom de voz que usei foi de desgosto. – Você já sabe de quem é.

    A caixa em cima da mesa de Enid estava com um bilhete escrito pela mãe. Eu já sabia do que se tratava, e ela também. Mas as cicatrizes de Enid não precisavam de nada para melhorá-las ou fazê-las sumirem. Enid me protegeu quando ganhou elas. E eu me orgulhava daquilo. E não ia deixar ninguém ferir sua autoestima por conta disso.

     — Eu teria jogado numa fogueira, mas o presente é seu. Então a decisão é sua.

    Ela sorriu olhando para a caixa.

    — São caros, Wed. Se eu não quiser usar, acharei alguém que queira. E os cremes de mão já têm dono. – ela deu uma piscadela para a mão que agora sinalizava com certa empolgação.

A Sky Full of Stars - WENCLAIRWhere stories live. Discover now