"You drew stars, around my scars..."

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    Nem mesmo o mais puro quilate de um diamante chegaria perto daquele brilho.

    Tão natural quanto a luz do dia, Enid era radiante, mesmo envolta pelo mais pesado dos sonos. Sono este que ela com certeza havia demorado a encontrar depois do acontecimento daquela madrugada.

...

    Ela havia se esforçado para fazer o mínimo de barulho possível, mas o solo de cello da notificação de seu celular já me bastou para ligar meus sentidos, mas ainda assim, permaneci exatamente do jeito que estava.

    Pude ouvir sua respiração audível antes de atender o telefone:

    — Olá, mamãe. Aconteceu algo?

    Sua mãe não falava muito alto, mas meus tímpanos eram sensíveis o suficiente para soar que ela estava berrando.

    — Bom dia, querida. Por que teria acontecido alguma coisa?

    — Olha a hora, mãe.

    — Como olha a hora? São seis da manhã.

    — Aí podem ser, mas aqui são três da madrugada. Esqueceu do fuso horário?

    — Não esqueci, Enid. Mas é que eu estava bastante ansiosa para falar com você.

    — E não podia esperar até amanhecer?

    — Claro que não. Estou ansiosa para saber como foi seu dia ontem. Não posso mais sentir saudade de minha filha? Sinto tanto sua falta que sempre lembro de você ao olhar para a lua.

    Ouvi seus dedos estalarem com tamanha força que jurava que Enid havia os quebrado.

    — A resposta é sim.

    — O que disse?

    — Você me ligou para me perguntar se eu me transformei ontem. A resposta é sim. E estou morta. Então irei desligar, tenha um bom dia.

    Meu estômago se embrulhou nele mesmo para manter a vontade de quebrar aquele maldito aparelho apenas no meu âmago.

    — Espere, Enid. Não vamos fazer as coisas se tornarem difíceis... Eu tenho muito orgulho de você, principalmente agora que finalmente se transformou como um lobisomem normal.

    — Eu sempre fui normal, mãe.

    A garota foi completamente ignorada

    — O que eu queria falar pra você é que já estou a procura de um pretendente na matilha.

    Meus punhos se fecharam no cobertor. Eu estava tomando um ódio extremamente mortal por aquela mulher.

    — Como?

    — Já está na idade de arrumar um parceiro, Enid. Já tenho candidatos de muito boa família.

    — Eu não vou me casar com seus candidatos, mãe. Nem agora nem nunca. Eu nem tenho dezessete anos ainda.

    A mulher ignorou o comentário da filha. Mais uma vez.

    — Ah, por falar nisso, lhe mandarei um presente de aniversário.

    — Tenho até medo de perguntar o que seja.

    — Você vai amar, Enid. É um kit de uma dermatologista maravilhosa. Vai ajudar com essas... Cicatrizes.

    — O que tem minhas cicatrizes, mãe? Não há nada de errado com elas.

    Pude ouvir a voz de Enid falhando ao dizer a frase.

A Sky Full of Stars - WENCLAIROnde histórias criam vida. Descubra agora