Profano

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"...a senhora Constância Dona do hotel mais famoso e requisitado da cidade convida todos da alta classe californiana para um evento em seu estabelecimento que convém a comemorar trinta anos da construção do hotel Paraíso."

O artigo do jornal na folha sete foi escrito por Jennifer Linhares que teve seu cargo rebaixada no jornal escrevendo apenas a página de eventos e culturas, algo que animou muito o policial Augusto que se deleita com a leitura do artigo em sua cadeira na delegacia da cidade. Seu companheiro o policial Apolo entra na pequena sala trazendo consigo dois copos de café bem quente.

- leu o jornal hoje?. perguntou Augusto expondo um sorriso de orelha a orelha.

- não senhor, não tive tempo ainda, o que diz,? A repórter intrometida se retratou?.

- muito melhor, teve seu serviço reduzido a escrever eventos e culturas, finalmente alguém colocou essa mulherzinha no lugar dela. Augusto se levanta e pega seu café na mão de Apolo, virando em seguida seu corpo para a janela de vidro.

- que bom que está de bom humor hoje chefe, tenho certeza que saberá lidar com paciência a denuncia que recebemos. Apolo sabe o quão Augusto odeia receber serviço pela manhã, ele sempre resolve da pior maneira possível, a última ocorrência que ele recebeu pela manhã foi a vários anos quando uma mulher foi agredida pelo marido, furioso ele foi ao local e espancou o agressor.

- mais já? Não são nem nove horas. Augusto perde o sorriso.

- se o senhor quiser eu posso resolver isso sozinho, não é algo grave. Apolo aproveito o desgosto de Augusto para ganhar mais confiança de seu patrão.

- do que se trata?. Augusto se dirige a sua cadeira de couro legítimo vindo de fora do país.

- uma reclamação de vizinhos, há um mau odor vindo da casa da velha Guiomar que tem deixado os vizinhos incomodados.

- aquela lugar me dá nojo, cheio de velharias e mato, tem gente que chama aquela velha de curandeira mas ao meu ver não passa de uma acumuladora de lixo, com certeza esse mau odor deve ser algum bicho morto .

- então eu posso ir?. A esperança de esperar um sim esta transpassada na face de Apolo.

- pode ir será um alívio não pisar naquele lugar.

Apolo está na delegacia a muito tempo mas nunca teve espaço para lidar com alguma ocorrência sozinho, sempre tinha que está na companhia de Augusto, Apolo mais se parecia com um recruta do que com um policial formado. A denuncia foi feita pelos vizinhos do pequeno Barrio "Dom Emanuel", um dos últimos bairro da cidade e tristemente o mais pobre com ruas esburacadas, casas de madeira corruidas por cupins ou mau feitas com esgoto a céu aberto escorrendo merda e limo pela rua. A polícia nesse bairro nunca é bem vinda, sempre que o carro da polícia passa as portas e janelas se fecham como uma demonstração de repugnância.

Apolo chegou na rua onde se localiza a casa da dona Guiomar, há uma grande concentração de pessoas ao redor, vários moradores sem camisa, mulheres com crianças presa ao peito e velhos com suas manchas rochas de velhice.

- bom dia senhores, sou o polícia Apolo, vim solucionar o problema de vocês. De longe Apolo sente um mau odor, não de esgoto e nem de lixo mas de putrefação.

- seu polícia a gente não aguenta mais essa mulher, de noite não dormimos com as barulheiras que essa bruxa e suas cria faz, mas agora foi longe de mais, o cheiro está insuportável. Disse um morador diretamente ao policial Apolo.

- ela é velha, já devia está morta ou em um asilo. Gritou um morador no meio da multidão.

- senhores por favor tenha calma, eu vou resolver isso não se preocupem, onde está a Dona Guiomar?. Apolo tenta uma abordagem amigável para não deixar a multidão se exaltar.

- ela está lá dentro, ninguém tem coragem de entrar, nós tem medo dela fazer algum mau pra gente. O morador baixou a guarda de um jeito que parecia uma criança assustada.

Apolo não pensou duas vezes e passou pela multidão para adentrar a casa da dona Guiomar, no portão de madeira envelhecida se encontra esqueletos de animais e velas derretidas. A casa é de uma madeira velha desbotada de alguma tinta antiga, as brechas na casa eram perceptíveis assim como o grande mato que a cerca dando a entender que a casa está abandonada a muitos anos. Apolo entrou e encontro a velha Guiomar deitada no chão da casa junto de suas três discípulas formando um grande círculo, entretanto algo lhe chama a atenção, um corpo masculino está no centro deste círculo, um corpo completamente inchado que tem no lugar da cabeça humana a cabeça de um boi. Na casa não havia nada além de velas acesas , incensos e corpos, Apolo verificou corpo por corpo e compreendeu que estão todos mortos, o mau odor vinha do homem que já estava em decomposição. Sem pensar duas vezes ele aciona o patrão que não demora a chegar no local do crime, Augusto entra na casa com suas botas de couro de cobra emitem um som rígido a cada passo que Augusto dá.

- minha nossa, isso é profano. Augusto cospe no chão.

- o corpo do homem está fofo, não tem como tirar ele daqui sem esfarelar. Apolo já havia avaliado os corpos para a chegada de Augusto.

- as garotas e a velha como morreram?. Augusto começa a caminhar ao redor dos corpos em circulo.

- todas morreram de parada cardíaca, o que é estranho para essas meninas que não devem ter vinte anos, ou menos.

- a marcas de açoite no corpo do homem. Augusto parou e se abaixou diante o corpo do homem.

- não é só isso, ele foi degolado, a cabeça dele não está aqui, o que tudo indica que ele foi trazido pra cá já morto, isso explica o corpo apodrecendo, eu daria uns três dias.

- três dias atrás encontramos a enforcada na estrada. Augusto não gostou nada disso, seu desgosto pela situação foi explícito com o cuspe que deu sobre o cadáver.

- será isso a obra de um serial killer?. Apolo pois em jogo o que pensava sem exitar.

- não podemos definir isso como um assassinato em série, pelo menos não agora, eu trouxe o IML comigo, vamos deixar eles fazerem o serviço deles. Augusto se levanta e se retira da casa.

- o que iremos fazer agora ?. Apolo ficou de certo modo empolgado com aquilo, séria um grande trabalho policial algo como nos filmes de cinema.

- iremos ver uma velha amiga. Augusto abre a porta do carro.

Antes do horário de almoço os jornais já corria pela cidade a seguinte manchete:

"SANGUE RUIM OU GENÉTICA AMALDIÇOADA?...um ritual satánico profanou o corpo de um homem que ainda não foi identificado, o homem possuía a cabeça de um boi no lugar da sua, o mesmo estava rodeado por outros quatro cadáveres sendo eles três jovens moças do orfanato "Luz do manhã" conhecido na cidade como berço das putas e a velha curandeira Dona Guiomar Mazini, tia avó da senhora Constância Mazini proprietária do hotel Paraíso que fará está noite um evento social em sua propriedade, se sabe todos que a família Mazini possui um genética amaldiçoado, Romano o único filho de Constância assassinou brutalmente dez jovens e seis colegas de Cela, muito antes do Nascimento de Romano, seu tio avô Aluísio era conhecido nas catraias de garimpo como carniceiro, o que dizer agora da família Mazini que se resume tristemente a senhora Dona Constância, terá um luto por sua tia avó?."

Vermelho ViolaçãoWhere stories live. Discover now