O leilão - Parte I

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A noite chegou esplendorosa, a chuva deu uma trégua mais em seu lugar veio a neblina densa que espalhou-se pela cidade como um cobertor. A alta classe movimentava-se em fileiras em seus automóveis em direção a Hotel Paraiso que os aguardava, era um evento social que a muito tempo não acontecia, desde a prisão de Romano. A neblina tomou conta do outdoor mas não pode conter as luzes do salão do restaurante, lá dentro dona Constância aguarda a chegada de todos usando um lindo vertido verde musgo que realça a cor de seus olhos e os brincos de esmeraldas, ela os aguarda a portaria com os cabelos soltos ao ombros em forma de Chanel. Edna que sua fiel companheira está usando um vestido azul marfim com babados brancos na barra do vestido, gola e ombros, seu cabelo negro esconde o brilho dos brincos escuros de alguma pedra fajuta.

- acha que vão vir dona Constância? Perguntou Edna com um tanto de dúvida se essa festa iria mesmo acontecer.

- não tenho dúvida, virão todos, prendeu Freed?. Constância não queria que os convidados tratassem mau o pobre homenzinho, poupo de uma retaliação geral.

- ele não o encontrei senhora Constância.

- não se preocupe, fique aqui, eu sei onde ele está.

Constância deixou seu lugar na portaria do Hotel nas mãos de Edna, enquanto isso foi para a cozinha entrando rapidamente no armário de vassouras onde há uma porta por de trás dos trapos velhos, vassouras, rodo, canos e outras coisas. Ao abrir a porte ela desce a escadas de cimento, seu salto faz sons forte e a poeira do cimento é arrastada com o seus paços. Ao descer para o porão, Constância vê Freed e Romano Jogando um jogo de tabuleiro, a alegria deles é tanta que Constância pensa duas vezes antes de atrapalha-los. A muitos anos não via um sorriso amigável no rosto do filho, isso a fez chorar um pouco e lembrar do passado, das coisas felizes que já passaram e que dificilmente terá volta.

- mamãe? Vem jogar com a gente. Chamou ela estendeu sua mão

- oh querido, mamãe agora está...está muito ocupada, quem sabe em outro momento, mamãe promete vir jogar com você ainda hoje. Constância se aproxima dos rapazes.

- ela vai dar uma festa...ship. Freed sorri.

- vamos ter um festa? Caramba mamãe, isso é demais. A felicidade de Romano se multiplicou, seu sorriso se estendeu mais ainda.

- sim querido mas é uma festa de negócio, algo muito entediante, você não vai gostar. Constância tenta suavizar as palavras para que Romano nãos se sinta triste.

- Mas eu quero ir, desde que me trouxe pra cá nunca mais fui a uma festa, eu quero ir.

- você não pode ser visto Romano, meu filho lindo, Freed vai ficar aqui com você para lhe fazer companhia, a festa é um negócio, não haverá ninguém interessante, só um bando de burgueses velhos e mãos de vaca.

- eu estou aos poucos me casando mamãe!

- é a sua segurança que está em jogo, você precisa ficar aqui para a polícia não levar você de volta pra cadeia, se me obedecer e ficar aqui quietinho eu arrumo uma garota pra você.

- uma garota!

- sim, pra você fazer o que quiser com ela, mas só se ficar aqui bem quieto.

- Quero no Quarto com a banheira nova, foi afoga-la.

Aquelas palavras foram como cacos perfurando o coração de Constância, ela se sentiu mal depois do que ele disse, viu que apesar da prisão, das surras que levou lá não foram capaz de muda-lo, nem ela mesma foi capaz de fazer ele ver as coisas por outra perspectiva. Voltando para o salão do restaurante Constância se depara com ele enchendo aos poucos com os convidados, pessoas da alta classe californiana, até os fracassados dos Alves donos da granja piu piu vieram, trajados de farrapos que Constância não se atrevia elogiar, também está ali presente o querido prefeito da cidade o senhor Sidarta Gautama e a primeira dama Dalva Gautama na companhia da sua filha Lisandra e o pequeno Nicolas, a senhora primeira dama está usando um lindo colar e brinco de pérolas, tão brancas e cintilantes como a neve, o senhor prefeito usa uma bengala de madeira negra cravejada de ouro e o pequeno Nicolas com cordão e pulseiras também de ouro. No mais tarde chegou o ultimo convidado para a festa os senhores Augusto e Apolo usando um terno muito elegante, Augusto está usando uma grava vermelho vinho de um modelo muito diferente de Apolo que usa um grava Azul turquesa que realça a cor dos seus olhos.

- seja bem vindos, fico feliz que tenham aceitado o meu convite. Constância esbanja glamour e elegância acompanhado com um lindo sorriso cordial.

- Não perderíamos esse evento por nada. Augusto é tão sarcástico que incomoda até a dona Edna.

- Edna, leve esses senhores até a mesa número 07, quero vê-los bem próximo do palco.

Edna assim se fez, guiou os dois policiais até a mesa sete que está bem próximo do pequeno palco branco com ornamento em verde e dourado. Todos estão em seus devidos lugares conversando entre si, famílias burguesas discutem casamentos futuros, políticos falam de eleições passadas e das próximas, os falso burgueses se deleitam dos petiscos servidos como porcos sobe a cumeeira.

- porque será que está demorando tanto! Disse Augusto sussurrando para si mesmo, porém Apolo ouve tal sussurro.

- quem o senhor espera?

- minha esposa, já era para estar aqui. Augusto olha o relógio.

- mulheres, sempre atrasadas.

- e não vivemos sem elas, digo isso por mim é claro, não entendo com um homem de 26 anos como você ainda é solteiro. Augusto olha ao redor constantemente.

- não quero me atar atoa, um mau casamento sempre acaba mau. Apolo passa o dedo indicador da mão direita no anel que está na mão esquerda.

- sentimentos é para as mulheres Apolo, você já está passando da idade de se casar, sua geração tem que continuar sua mãe vai querer netos. Augusto olha nos olhos de Apolo.

- eu sei.

- lembre-se que os homens fazem o que precisa ser feito, e as mulheres se submetem a isso pois é o dever delas. Augusto pega no ombro de Apolo para se levantar.

- onde vai?

- vou usar o telefone, preciso fazer uma ligação.

Augusto saiu deixando Apolo sozinho na mesa, ele por sua vez toma uma taça de champanhe pensando nas palavras de Augusto, o quão de certa forma verdades eram e não pode se contestar, Apolo breve faria trinta anos, era solteiro, não tem mulheres e nem filhos, muito menos frequentava a luz vermelha da cidade, eram um adolescente preso no corpo de um homem adulto, ou outra coisa que ele não se atrevia pensar ou dizer pra si mesmo. Ao erguer a cabeça para o horizonte, Apolo vê Jennifer entrando no salão usando um vestido roxo bem colado ao corpo deixando suas curvas exuberantes, em sua mão esquerda segura uma bolsa de pedras negras cintilantes e em seu pescoço está amarrado a uma gargantilha preta com um pingente com a inicial do seu nome. Ela o vê de longe, sozinho em uma mesa que sem pensar duas vezes se dirige a ele.
- Apolo! Me diga que venho sozinho por favor, detestaria saber que aquele seu parceiro de trabalho está com você.

- e está, por favor sente-se. Ele se levanta e oferece a cadeira, ela se senta elegantemente.
- e onde ele está?

- foi usar o telefone, a esposa ainda não chegou.

- impressionante como um troglodita como Augusto tem uma esposa enquanto um bom homem como você não tem, não quer construir uma família Apolo?. A pergunta foi como um ataque direto ao ego de Apolo.

- as mulheres são muito mais do que apenas procriação você não acha?. Apolo bebe um pouco de champanhe.

- sim, não é querendo me gabar mais acredito que somo melhores que vocês em muitas coisas.

- eu acredito!

A tentativa de desconversar se saiu muito bem, a conversa seguiu um outro rumo onde se estendeu por vários minutos mesmo depois da chegada de Augusto e Feliciana e sua filha Gardênia. Por um instante o clima azedou entre Augusto e Jennifer mas passou rapidamente quando Constância subiu ao palco e pediu a atenção de todos.

- senhoras e senhoras sejam muito bem vindos ao Hotel Paraiso, estou muito feliz em ver velhos e novos rostinhos das mais requintes famílias californiana.

Uma rajada de aplausos toma o ambiente, o salão nunca ficou tão cheio quando na última festa dada ali a muitos anos atrás.

- espero que todos estejam gostando da cortesia e dos aperitivos preparados exclusivamente para esse evento pela hábeis mãos da senhora dona Edna Jardim, agradeço a presença do ilustre prefeito da cidade o senhor Sidarta Gautama e sua família, agora chega de papo e vamos ao que interessa...em baixo de suas cadeiras existem algumas plaquinhas que usaram para fazer o seus lançamentos.

- mas o que isso Constância, um leilão. Disse Sidarta em tom cômico, todos se levaram a rir junto dele.

- sim...é isso mesmo, vou leiloar o hotel e suas terras.

Vermelho ViolaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora