Circunstâncias

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     Jennifer mora em uma casa no bairro nobre da cidade, o bairro Liberdade, onde pessoas da alta classe social californiana mora como o prefeito e sua família, os Fernandes da velha fábrica de café, os Portugueses indesejados que tem uma loja de moveis de madeira no centro, a mais requisitada da cidade, fora outros moradores ilustres e escritores que veem a cidade no inverno por causa da sua calmaria para escrever. Jennifer mora no 202 na terceira rua do Barrio, um casa branca de telhado cinza rodeada por uma bela grama e um jardim na esquerda da casa com rosas violetas e brancas. Ao entrarem na casa se dirigiram para o quarto dela onde encontraram as fotos sobre a mesa recheada de recortes de jornais e revista.

- não note a bagunça, tive que dispensar a empregada. Disse Jennifer enquanto junta as fotos

- não ligo.

- essas são as fotos que tirei, tem uma em especial que me chamou a atenção, acho que é a penúltima foto do monte.

- são belas fotos, apesar da monstruosidade do crime. Apolo vê foto por foto até parar em uma que contém as três cartas de tarô, ele pergunta se era essa a foto chamativa de Jennifer que respondeu com um aceno de cabeça.

- elas querem dizer alguma coisa pra você?

- nada além de cartas desenhadas, não acredito nesse tipo de coisa, é fútil, só serve como fonte de misericórdia e salvação para pessoas de mente fraca.

- é ateu? Me surpreenda que seja.

- não, tenho minha fé, só não acredito em vidência.

- enfim, é só isso, qual será o próximo passo. Jennifer não esconde sua curiosidade.

- o próximo passo e ir até a casa da velha Guiomar, tenho a leve impressão que algo sumiu da cena do crime. Apolo coloca todas as fotos em um envelope dentro da mochila exceto uma foto onde mostra todo o altar e a mesa onde estavam as cartas.

- como assim?

- veja isso, a foto que tirou do quartinho, não acha que está faltando alguma coisa nesse altar?

- sim, isso mesmo, está vazio, teria alguma coisa ali com certeza, um altar não teria uma falta de espaço como esse.

- isso mesmo, talvez uma estatueta, uma oferenda em ouro ou dinheiro.

- ou um livro. Jennifer fala pensando nessa possibilidade mais plausível que as ideias de Apolo.

- Porque alguém roubaria um livro?

- dizem que quando as bruxas de Salem foram queimadas seus Grimórios foram preservados sobre a tutela da igreja para estudos sobre a profundidade do mau, segredos do outro lado essas coisas.

- vamos até lá, no caminho pensamos melhor sobre isso.

Assim se fez, seguiram para a casa da velha Guiomar, no caminho eles conversavam e especulavam sobre quem poderia ter roubado algo daquele lugar, as pessoas tem medo da casa da velha Guiomar, tem medo dela e de seus feitiços, quando viva tinha a fama de curandeira mas de bruxa do diabo, serva de Baao, mãe de demônios. Ao chegarem no local as faixas amarelas e pretas da polícia estão por toda parte, as pessoas daquele bairro estão em algum lugar escondido pois não se ouve nada além do som do vento, não há crianças pelas ruas e tão pouco bares abertos, a rua está vazia e as casas fechadas.

- onde é que está todo mundo? Questionou Jennifer ao sair do carro.

- eu me pergunto o mesmo, talvez estejam trancados em suas casas, esse bairro não gosta de entidades públicas.

Jennifer e Apolo entraram na casa com a desconfiança do sumiço da população, o que é bem estranho para um bairro pobre da cidade onde sons de crianças nas ruas, cães e gatos são constantes, dessa vez o som maior é o do vento que sopra com força na região através das nuvens azuladas em tons escuros. Ao entrarem eles se deparam com a cena do crime intacta, os símbolos nas paredes e no chão, os rastro de velas derretidas e velas inteiras presa a candelabros velhos ou em crânios de animais como boi, gato e cobra. Na salinha onde foram tirada as fotos encontraram as coisas em seus devidos lugares, as cartas sobre a mesinha, as velas que agora são tocos ou cera endurecida e o altar.

- ainda está como foi encontrado da última vez, até as cartas. Disse Jennifer encarando o ambiente

Apolo se aproxima do altar e começa a observa de um lado para o outro em busca de algo. Olhou de cima a baixo mas nada encontrou, Jennifer perguntou o que ele procurava mas Apolo não respondeu, estava muito concentrado que somente quando achou um alçapão debaixo do altar sua concentração se quebrou.

- o que encontrou?

- Um alçapão escondendo um baú, me ajude a empurrar o altar. Apolo saiu de baixo do Altar e com a ajuda de Jennifer empurrou para longe deixando fácil o acesso ao alçapão.

- isso será um furo e tanto Apolo. Feliz Jennifer tirou fotos do alçapão e do baú que Apolo arrancou de lá de dentro. Ao assoprarem a poeira tentaram ler as escrituras cravadas no baú de cima a baixo mas nada entenderam, o cadeado estava velho e enferrujado que se abriu com apenas uma pancada.

- seria bom demais se achasse que havia ouro aqui dentro. Disse debochadamente Apolo ao ver que dentro do baú há somente cartas velhas e vários álbuns de fotos.

- eram uma pobre senhora, isso era seu bem maior. Jennifer não parava de tirar fotos.

- tudo isso aqui é lixo. Apolo se levantou e foi para a porta do quartinho procurando pegar um pouco de ar para aliviar seu desgosto.

- nem tudo está perdido, veja só Apolo, é uma foto de um ritual feito aqui neste quartinho a anos atrás.

- cadê?. Ele se aproxima novamente.

- o prefeito Sidarta está de joelhos diante a dona Guiomar, como se estivesse sendo abençoado. Jennifer fica surpresa com a foto.

- e não é só isso, bem lá no fundo está a primeira dama, parece que estão passando sangue no seu ventre.

- e o altar, o altar, veja Apolo, tem um livro. Jennifer falou de forma exaltada.

- esse baú precisa ser examinado, vou levar ele comigo. Apolo pega o baú e o coloca de baixo do braço porém é reprimido por Jennifer.

- acho melhor deixar em minha casa.

- porque?

- porque você está hospedado no hotel Paraiso, Constância é neta sobrinha da velha Guiomar, não teme ela saber de alguma coisa?

- tem razão, ela pode desconfiar ou até mesmo saber da natureza desse baú.

- vamos levar para minha casa, não descansarei até ler todas as cartas e foliar cada álbum desse baú.

Vermelho ViolaçãoWhere stories live. Discover now