Capítulo 06

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Renata

Cheguei em casa cansadona, tomei água e me joguei no tapete do quarto. Na moral, eu não sabia que trampar em asilo é tão cansativo assim. Apesar de ser só idoso, eles dão um trabalho danado! O bom é que tenho que ir só dia de segunda, quarta e sexta.

Tô me acostumando com minha nova rotina, tá sendo mais... Aceitável, gosto de dizer assim pq melhor mermo é que não é. Tipo, não acho que nisso tudo dê pra decidir qual rotina seria melhor pra mim, pq as vezes parece ser inútil todo o meu esforço, parece que eu ando e nunca saio do lugar, vivo e não saio do mermo dia, é tudo igual, mas de boa, eu queria sair do presídio e agora tô aqui, tenho que procurar meu propósito de vida e nada de ficar reclamando de barriga cheia.

Me indicaram um restaurante aqui em Sepetiba que é pra ex-presidiário, eu posso ir nos dias que tô livre e continuo prestando serviço normal, pq funciona assim, tá ligado? Amanhã vou lá, pq se der certo vai me ajudar bastante.

Depois de banhar eu fui jantar, lavar a louça que sujei e depois deitei. Não quis assistir e nem ficar mexendo no celular, apenas deitei. Tem nada pra fazer, não me interesso por nada que passa na televisão, minha única opção é deitar e esperar amanhecer.

Hoje foi da hora, se pá que o povo do asilo gostou de mim e eu, deles. Me senti bem ali, até me contaram história de quando eles era mais novo e tudo mais. Talibã curtia ouvir história de gente mais velha, ele dizia que se sentia mais leve e que isso fazia ele desestressar... Tantos bagulho me fizeram lembrar dele, por um momento quase esqueci que ele não volta mais.

Hoje falei com Igor, ele disse que ainda não veio me ver pq tá muito ocupado na favela e também é pq Grego não sai da cola dele.

Cara, nunca que eu ia imaginar que Grego ia se tornar esse tipo de pessoa, eu sabia que ia afastar meu filho de mim e querer vingar a morte do irmão, mas inventar que eu fiz tudo isso por querer ficar com dinheiro e pior, querer me livrar da minha família, aí ele passou dos limites!

Eu tinha Grego como um exemplo de pessoa, mas agora, sabendo do que ele inventou sobre mim, eu só consigo sentir nojo dele.

O Morro e Eu Onde as histórias ganham vida. Descobre agora