Capítulo 17

105 11 3
                                    

Víbora

Tentei levantar e meu estômago doeu mais ainda, fazendo eu cair novamente. Me arrastei mais um pouco e sentei naquele chão sujo. Abriram a porta e o homem veio andando pra perto de mim, me pegou pelo cabelo e saiu me arrastando pra longe.

--- Infelizmente a brincadeira acabou. - me jogou no banco de trás do carro, um outro homem veio e me empurrou, sentando do meu lado. Já tinha um outro no volante, só esperando. - sabe o que fazer, né?

--- Relaxa, chefinho, vou fazer do jeito que o senhor mandou. - bateu no ombro dele, que colocou a cara no vidro, me olhando e dando aquele sorriso nojento. Puxou meu rosto pra perto do dele, beijando minha bochecha.

--- Foi bom enquanto durou. - fechou a porta e ficou olhando a gente sair dali.

Víbora: Eu vou matar cada um de vocês... - sussurrei e o homem que tava do meu lado bateu forte na minha barriga.

--- Não implora, não. - falou alto, batendo mais ainda. Me inclinei e vomitei ali mermo. - tá de sacanagem com a minha cara, só pode.

--- Deixa, pô. - falou olhando de canto de olho pra nós dois. O outro bufou e se afastou um pouco de mim.

Encostei minha cabeça e tentei relaxar. Bagulho sinistro mermo, num tô mais aguentando isso. Já dei o papo que se eu sair daqui, mato o velho e de quebra esses dois vão junto. Posso até demorar achar, mas dou meu jeito.

Depois de mó cota o carro parou, eles desceram e me arrastaram pra fora. Olhei de relance pro lado e tive a impressão de já ter vindo aqui.

--- Bora, ajoelha. - se esse sujeito soubesse o tanto que eu odeio ele, ah, se ele imaginasse nem ia ficar de bobeira ainda mandando eu fazer pose pra morrer. Quando eu quero matar alguém não fico com essa frescura toda, só chego atirando e faço logo o serviço. Nem me movi, fiquei só olhando pra cara dele. - ajoelha logo. - me obrigou e foi o jeito, pelo menos daqui pro chão não tem tanta distância. - atira, pô.

O outro pegou a arma e apontou pra mim, fechando o olho e virando o rosto pro outro lado. Me poupe, e ainda tem essa?!

--- Tá esperando o quê mermão? - perguntou bolado.

--- Eu não consigo. - negou com a cabeça.

--- Tá de mancada, né? - passou a mão no rosto, olhando pro outro lado e depois pra ele.

--- Eu nunca matei ninguém, mano. Olha pra cara dela, dá pena, vou negar pra ti não.

--- Idiota. - tomou a arma da mão dele, que saiu de perto, se afastando um pouco. - sabe de uma coisa?! Eu acho que tu não tem vocação nenhuma pra ser bandido. - fazia gestos com a mão, enquanto olhava pro outro. Não sei quem é mais burro desses dois, cé louco. Aquele velho miserável não serviu nem pra mandar alguém que conseguisse fazer o serviço direito.

Levantei e dei um soco nele, que cambaleou pra trás, me xingando, corri pro carro e senti a bala perfurar me cintura, entrei e acelerei pra longe dali. Ele continuou atirando, mas não me acertou. Bandido burro é caso sério.

Peguei um pano que tava em cima do banco e enrolei no meu ferimento, tentando estacar o sangue. Fui todo tempo olhando as parada ao meu redor e quando passei pela ponte Rio-Niterói aí fiquei tranquila.

Papo reto, fosse esperar resgate eu ia rodar maneirin mermo.

O Morro e Eu Onde as histórias ganham vida. Descobre agora