Capítulo 33

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Santos

Entrei no carro e Tatá acelerou pra longe dali. Não quero tão cedo cair na tranca novamente, bagulho é doido ali dentro.

Renata: O que eles fizeram contigo, meu amor? - segurou meu rosto, passando o polegar no canto da minha boca, onde tava com um machucado.

Peguei uma surra de responsa, parceiro. Morri não sei nem pq, eles queria que eu entregasse geral, mas eu num faço isso nem chapado.

Santos: Nada demais, não. - ela se ajeitou no banco, olhando pelo vidro de trás se não tinha ninguém seguindo a gente.

Fui parar ali por vacilo meu, mas esse prazer não dou novamente pra ninguém. Tô ligado que minha favela ficou em boas mãos, Zizi foi muito bem treinado pra me substituir sempre que for necessário.

Minha coroa fortaleceu demais meus mano durante esse tempo que eu num tava. Fico até mais tranquilo sabendo que vai tá tudo em ordem quando eu voltar.

Só o que eu quero agora é descansar, dormir e comer alguma coisa que preste. As mistura que eles dão no presídio parece uma gororoba, o cheiro é horrível e o gosto pior ainda! Na moral, eu tava contando os minuto no dedo pra minha mãe ir me buscar.

Quando chegou na favela os soldado tava tudo na barreira me esperando.

Renata: Precisar de algum bagulho me avisa. - concordei, descendo do carro. Mandei beijo pra ela e fui andando.

Zizi tava sentado numa calçada, estendi a mão,  puxando ele, que levantou me abraçando. Falei com meus mano e fui pra minha base.

Santos: Shayla nunca deu as cara por aqui? - ia chutando uma pedra que tava no caminho.

Zizi: Aceita, mano. Ela não vai voltar. - bateu de leve nas minhas costa. Tirou a chave do bolso, segurando na ponta do dedo e eu peguei. - vai dormir que amanhã é outro dia.

Santos: Tô com saudade dela. - não aguento mais essa distância. É pro bem dela, eu sei, mas isso tá me matando por dentro.

Zizi: E vai continuar. - soltou aquele risinho dele, bufei, querendo gritar de raiva, mas continuei sério e calmo. De que vai adiantar eu me estressar? É só carência mermo, amanhã passa.

Santos: É muito esculacho pra uma pessoa só. -  ele deu de ombro, virando e saindo.

Zizi: Sonha comigo. - falou alto, já um pouco longe.

Santos: Pode deixar, queridinho.

Só queria um love pra hoje, amanhã ela podia ir embora e me esquecer, sabe? Ô vida complicada.

O Morro e Eu Onde as histórias ganham vida. Descobre agora