Santos
Olhei aquele carro parar ali e me espertei logo. Segurei firme o fuzil e fiquei só palmeando, forcei um pouco a vista, mas num deu pra ver nada. Fiz sinal com a mão e os soldado foi passando na frente, cercando o carro, fui e abri a porta.
Víbora: Se adianta aí, parça. Agiliza! - falou baixo, olhando pra mim de canto de olho. Mal botei a cara pra ajudar e ela já tá me tirando de tempo.
Tirei o cinto de segurança dela, puxando ela pra fora.
Santos: Leva pro desmanche. - apontei com o queixo pro carro e um dos soldado concordou, entrando nele.
Víbora foi andando sozinha mancando e segurando um pano que tava enrolado em volta da cintura dela, cheio de sangue. Quando tentei pegar no braço dela, ela caiu desmaiada.
Passei o fuzil pra trás e peguei ela no colo, andando rápido. Fui direto pra minha base, mal abri a porta e tia Jheni já tava lá com os bagulho dela na mão.
Jhenifer: Fica aqui. - pediu quando eu já tava saindo do quarto. Voltei e sentei ali perto.
Quis nem ficar olhando muito, pq as ferida tava feia. Não demorou e a outra acordou gritando, levantei rápido e fui pra perto, segurando a mão dela.
Jhenifer: Segura, não te mexe pq eu vou tirar. - ela segurou forte meu braço, fechando o olho.
Nós num pode levar ela pra UPA, pq nem lá dá pra ter paz. Polícia sonhar, chega lá de cutcharra e aí a casa cai de vez.
...
Renata: E ela tá bem?
Santos: Tá, pô. Pegou uns ponto e pá, mas tá bem. - bolou um baseado pra ela e quando se ligou que eu tava olhando, riu.
Renata: Para de me julgar. - empurrou de leve meu rosto, levantei os braços em forma de rendimento.
Santos: Coé parça?! Tô te julgando não. - ela riu, acendendo e dando um trago.
Renata: Quer? - neguei.
Santos: Hoje eu tô suave. - deitei ali na grama e fiquei admirando as estrela. Mó parada linda.
Renata: Credo, que tipo de mãe eu sou? Te oferecendo esses bagulho que num presta, euem.
Santos: Né, coisa feia isso. - ela fez careta, rindo e eu gargalhei baixo, rolando pra perto e me encostei nela
Renata: Bebezão da mamãe. - acariciou meu rosto. Coloquei a cabeça em cima das pernas dela e me encolhi.
Como que minha família se perdeu, parceiro? Era pro meu coroa tá aqui com a gente. Que parada sinistra em, que parada sinistra.
Minha mãe continua com aquele mermo rostinho de menina, parece até que o tempo não passou pra ela. Já pra mim, voou!
Parece até que foi ontem que eu tava de marola com Adrian, jogando bola e esperando meu pai chegar pra tirar onda com nós, minha mãe tava jogando uno com tia Simone e o carrinho de Isabele tava bem do lado delas. Tia Jheni tava jogando vôlei com Priscila e do outro lado da quadra, Caíque e Formigão babando elas.
Mas tudo mundo naquele fim de tarde.
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O Morro e Eu
FanfictionFamiliarizado com perdas, desde novo eu ando correndo. Não entende porque eu odeio surpresas, não entende porque eu odeio ter tempo. |Continuação de "Eu, o morro e ela".