4 - ONDE OS DORMINHOCOS NÃO TEM VEZ

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12 de fevereiro de 2085, 09:23am. Alojamento do DVH, Hollowpointtown.

- Oi? Acorda aí... -

Estava "Ela" finalmente dormindo com um pouco mais de sossego, conseguiu boas horas de sono em pelo menos sete meses, dormira por duas horas. Estava no sofá do alojamento, suas parceiras ainda não chegaram, estava dormindo com um livro noir na cabeça, ironicamente, o protagonista de "A Vela da Noite" também sofre de insônia. Havia dormido por duas horas antes de ser acordada...

Lá estava a Fresna, puxando o livro da sua cabeça, estava com um casaco de moletom longo azul escuro com uma caveira fosca branca, e usava um short jeans preto com uma meia alongada preta que batia nos joelhos, com coturnos também pretos. Estava com uma face expressiva de um longo dia em curso. Estava ela, com uma face esperando uma reação.

- ... ... ai, que foi? -
- Porquê cê tá de pijama? -
- ... eu tô, é? -
Era uma camiseta branca leve de tecido quase transparente, por cima de um sutiã largo preto, similar ao que se vê em academias ou que ficam visíveis em camisetas largas, e um short parecido com o de Fresna, revelando uma cicatriz em forma de "x" que possuía na base da coxa. A curiosidade rondava Fresna ao olhar desse jeito.

- O que houve? Chegou cedo demais? -
- Não... me expulsaram do meu apartamento. -
- O que houve? Não pagou? -
- Paguei... o dono que era um filho da puta. Tentou se engraçar comigo na lavanderia, deu um soco nele que arrancou seis dentes... -

Na verdade foram três dentes.

- Porra, deixou ele banguela. -
- Praticamente, o cara tinha uns 50 anos, e bafo de cu de boi... acertei ele bem no meio da cara... assim ó... -

Na verdade foi na bochecha direita, quase quebrando seu pescoço.

- E aí ele te expulsou, é? -
- Me deu duas opções. Ou eu saía daquele prédio ou ele chamava a polícia. -
- Que filho da puta... -
- É... -

A história verdadeira foi que o dono do apartamento estava falando no telefone sobre acordos com a máfia MettaPort enquanto escondia "pílulas" numa das máquinas, pra sabotar as bocas locais, aquelas pílulas, se misturadas com sabão se tornavam letais, bem próximas do efeito de cianureto. Já viu essa tática em seus bairros da juventude. O dono percebeu, e foi tentar tirar satisfações, mas acabou que ele fora desdentado, na hora seguinte, ele sugeriu que ela fosse mandada embora se não seria morta.

- Cadê seus pertences? -
- Tá tudo naquela bolsa ali. -
- Como assim? -
- O cara mandou eu sair antes da meia-noite, eram quase onze da noite quando ele me ameaçou. Eu só fui embora e levei as coisas mais importantes. Minha TV, meu computador, meus diários mais recentes, minhas pílulas soníferas, as minhas melhores roupas, a grana... -
- Porra... aliás, cadê as meninas? -
- Kassie tá no hospital, disseram que ela caiu da escada. E a Richer foi picada por uma aranha-marrom... tá na emergência desde ontem de tarde. -

Só sobraram elas por ali. Logo, Fresna se acomodou no sofá ao lado "Dela", e ali se manteve, até ambas receberam mensagens no celular dizendo que estariam dispensadas pelo resto do dia por falta de membros. Eram os supervisores, quando recebiam a notícia do estado ou condição dos trabalhadores e eles não aparecem no prédio até as nove e quarenta e cinco, eles dispensavam os outros membros da equipe.

Olharam uma para a outra de cada extremo do sofá.
- Se quiser, eu te sedo um teto pelos próximos dias... -
- Não precisa... eu... fico mendigada aqui. -
- Ah, qualé... tá bom. Mas se pegarem você dormindo aqui... -
- Eles com certeza já sabem... -
- ... bem... quer dar uma saída? -
- Tá... pode ser. -

DEPARTAMENTO DE VESTÍGIOS HUMANOSDonde viven las historias. Descúbrelo ahora