12 - SONOS EXPRESSOS

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12 de março de 2085, 10:51am. Em frente ao Bar "Porre" de Andrade, Hollowpointtown.

O nome do bar é "Popa de Andrade", mas um grandíssimo filho de uma prostituta barata pichou "Porre" por cima do primeiro nome com tinta que não sai e o dono nunca mudou, então, desde 2068, o nome do bar ficou reconhecido como "Porre de Andrade".

Ao menos a violação de propriedade privada chove no molhado ao invés de recorrer a desenhos fálicos de sexto ano que nada expõem além de complexos risíveis de uma mente perturbada pelas possibilidades e impossibilidades da juventude viciada por violência de todo tipo possível.

Harvey estava hoje com uma jaqueta de aviador cinza que conseguiu na volta pra casa do exército com sua sargento ex-piloto, na época, e talvez até hoje, sem as duas pernas, a sargento Morales Fanner.

Estava com as duas mãos e o rosto afundados numa poça d'água funda e tomada por água de péssima qualidade, e estava ali há horas, caída com uma garrafa de xerez sintético na sua mão, apenas o gosto e o teor alcoólico é igual, na prática é vinho comum com uma embalagem feia.

Sua tontura só não era maior do que suas dores de cabeça e o nariz coçando devido à umidade forte que estava exposta há horas naquela rua, pessoas passavam por ela e lançavam olhares críticos. Talvez tinha sido expulsa do bar, talvez tinha resolvido ir pra casa, talvez tinha entrado numa briga, ganhado e caído cansada no chão, ou talvez tinha entrado numa briga, perdido e deixada caído no chão como se nada fosse.

Estava enfim acordando e se acomodando naquele beco escuro e molhado quando percebeu uma guarda vindo na sua direção, o uniforme preto com aquele colete rígido quase à prova de balas e o capacete metálico com um visor inteligente já faziam alguns processos de identificação criminal, já detectavam possibilidade de efeitos entorpecentes através de análise comportamental e corporal e detectavam possibilidade de alcoolismo através de análise de ambiente. Só de ver o xerez na mão dela, já podia-se deduzir isso.

Harvey não estava com medo, estalou o pescoço e tentou conter a dor da ressaca com sua magia, era tudo que tinha aprendido a fazer com magia, canalizar pelo corpo para aliviar dores, mas estava difícil, entorpecida e tamanha a dor, estava difícil se aliviar daquilo tudo.

- Ei, tem lugar pra ir? -
- Oi? Policial... éh... eu tenho, eu tenho. -
- Ah, é? Então vá. Se quiser, até te dou carona! Hahahahaha... -
- Dispenso respeitosamente. -
- E eu respeitosamente digo que isso é assunto para o superintendente da delegacia. -
- Oi, policial! Eu sou a carona dela. -

De repente, passando por aquela rua, com várias sacolas de papel cheias de comida nas mãos, para a surpresa de Harvey, estava Fresna. Com um penteado novo, e uma nova cor para a maquiagem. Estalava a mandíbula olhando para a policial com seu ar sem medo.

A policial não respondeu, apenas acenou e foi embora. O que fez Harvey questionar-se por um momento que fora uma abordagem por cor e a policial logo se retirou para evitar acusações fundadas. Fresna se aproximou, exibindo uma calça de moletom cinza surrada, bem do tipo de dormir mesmo, e uma camisa longa preta da banda CANNIBAL DEATH. Percebeu isso enquanto pensava numa maneira de não sentir tanta dor da ressaca. Mas todas as opções mirava na sua casa.

Fresna se abaixou até ficar cara a cara com Harvey totalmente ressacada.

- Noite longa? -
- O que tá fazendo aqui? -
- Vim fazer compras. -
- Por um segundo imaginei que estava me procurando... -
- Nahh... não... é que hoje é minha folga, mas você tinha trabalho hoje. A Kassie me perguntou de você e disse que te procuraria. Você disse ontem a noite que sairia pra beber, mas não disse onde. Então... -
- Veio me procurar no meu bairro? -
- Não, eu desisti. Mas quando fui buscar meu almoço e jantar, pensei em dar uma olhada em volta. Aí achei você aqui meio que por acaso antes de ser vítima do sistema. -

DEPARTAMENTO DE VESTÍGIOS HUMANOSWhere stories live. Discover now