11 - SONO, A ESQUIVA-BALA

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05 de março de 2085, 09:32am. Apartamento da Harvey, Hollowpointtown.

Sentada no sofá, os remédios para dormir estavam começando à funcionar e as noites estavam ficando mais fáceis de segurar.
Os olhos vermelhos de agonia noturna não possuíam uma cura milagrosa para definir os próximos dias, mas suas mãos tremiam enquanto balançava uma longa e afiada faca de combate preta, cortando as pontas dos dedos, que se regeneravam logo depois.

Olhava sua mesa de centro, torres de pizza e algumas latas de saquê de qualidade duvidosa.
A manhã tinha recém começado, novamente estava com uma ressaca tão forte e densa, ao ponto em que não entendia exatamente onde estava e como se sentia em relação à onde estava.
Havia um revólver Magnum .377 com empunhadura de polímero preto texturizado sobre a mesa de centro, precisou fazer negócios com ele nos últimos dias, e nos últimos dias, acabou faltando seu trabalho, por vezes, recebendo ligações das quais não lembra.

- VOCÊ VAI PAGAR, OU NÃO?!!! -
- EU... EU...!! EU SÓ... SÓ PRECISO DE DOIS DIAS!!! AHHH.... Bbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb... -
Afogamento na pia da cozinha há três dias, foi um devedor do apartamento onde a chefe Pitchie reside e comanda, com trinta segundos de cabeça submersa, escorregou um total de seis meses de apostas em lutas atrasados, as meias sempre afinam diante de um cobrador de débitos. Nesse caso, Harvey.

E ontem precisou destruir um certo carro com alguém dentro.
Implantou o explosivo direto na caixa de ignição, diferente de explosivos comuns, esse não detonava o carro inteiro, apenas explodia na cara do motorista. Não se pode mais explodir carros desde 1978, quando esse ato foi considerado terrorismo em terceiro grau, e acusação de terrorismo é difícil de se limpar. Além de que esse fator explosivo, é muito mais fácil de se definir como acidente e livrar qualquer problema.

Ficou parada no carro preto elétrico novo da Pitchie, só esperando o pior passar e sua missão estar cumprida. O homem em questão, era um corretor de apostas dos lados do leste da cidade que estava contratando mercenários para roubar e deturpar as apostas dos dias anteriores.
Pitchie comprou os mercenários de volta, e roubou as agências dele, e agora a fase 2, matar o próprio agente.
Não viu a cabeça explodindo, mas todos os vidros se tingiram de vermelho, assim que viu o vermelho, arrancou o carro e saiu da região.

Enquanto repensava nos dias anteriores e seus trabalhos sujos cada vez mais tomando espaço de seu trabalho (teoricamente) principal, se olhava no espelho. Perdeu um pouco da forma, apesar de não ter perdido a força de suas fibras. Viu sua barriga protuberante enquanto uma cicatriz se projetava por baixo de sua costela, o dia fatídico de quando foi apunhalada pelo próprio parceiro.

Vestiu uma camisa flanela que achou no guarda-roupa para cobrir seu tronco nu que exibia na frente de seu espelho, para se lembrar um pouco da sua forma, guardou a faca num coldre mas logo o retirou e olhou as facas que haviam disponíveis na coleção que começou à comprar há duas semanas de um caixeiro-viajante que Pitchie recomendou. "Caixeiro-viajante", pra não dizer "contrabandista".

Uma faca longa cinzenta de ponta quadrada, um cutelo curvo da Turquia, um machete preto de lâmina reta com trajeto poligonal e... um cutelo reto grosso do tamanho de um Entendo 64.
Pegou o cutelo grosso, é bom para cortar ossos, no caso de defesa pessoal, podia decapitar sem dificuldades com a força que possuía. O coldre era enorme, mesmo que sutil, mas estava o levando.

O telefone tocou quando foi pegar outra lata de saquê da geladeira.
- Alô? -
- É a Pitchie. Tô no Japão, volto amanhã. Preciso que me faça um trabalho enquanto estou fora. -
- Pois diga. -

DEPARTAMENTO DE VESTÍGIOS HUMANOSWo Geschichten leben. Entdecke jetzt