Terceiro beijo, dessa vez sem discórdia

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Vicente tinha chegado cedo na escola naquela manhã de sábado, sua turma iria para um passeio nas montanhas, que seus professores definiam como "um momento para fortalecer a união entre os alunos". Eles iriam participar de competições, preparar a própria comida e dormir em barracas. Não era a primeira vez que faziam isso, nos últimos anos tinham ido também, por isso todo mundo já sabia como era. Alguns estavam animados e falantes, enquanto outros só estavam indo claramente por obrigação.

Depois que todos se ajeitaram no ônibus, eles partiram em uma algazarra. Kevin estava sentado no fundo com um tambor na mão, batendo e cantando alto junto com um grupinho bagunceiro como ele. Jonathan e Jesse estavam sentados mais para o meio ouvindo música em seus fones de ouvido e Vicente e suas amigas estavam bem na frente fofocando sobre o episódio de sua série favorita que tinha saído na noite passada. Assim, em pouco menos de duas horas eles chegaram até as montanhas.

Quando todos já tinham largado suas mochilas no alojamento e se agruparam do lado de fora, a professora avisou que iria dividi-los em duas equipes para a primeira tarefa do dia: coletar lenha, frutas e pescar. Assim, Vicente e suas amigas ficaram na equipe branca enquanto Jonathan e seus amigos ficaram na vermelha. Como cada equipe tinha tarefas diferentes, eles não se viram muito de manhã, tampouco na hora do almoço. Jonathan odiava lugares lotados e barulhentos, então ele foi fumar sozinho nos fundos e pulou a refeição. Ele já estava até arrependido de ter vindo — só tinha desistido de inventar uma desculpa e ficar em casa porque o vizinho estaria no passeio, mas nem sequer estavam se vendo no fim das contas — quando Jesse sentou ao seu lado e colocou um prato em sua frente.

— Não sabia que nicotina era alimento — provocou.

Ele resmungou, mas jogou o cigarro no chão e apagou com o pé, depois começou a comer a comida que o amigo trouxe.

— Quando você vai tomar uma atitude? — Jesse pressionou.

— Sobre?

— Não se faça de burro.

Jonathan pensou sobre isso e por fim deu um longo suspiro para logo estufar as bochechas de comida.

— Não há atitude nenhuma para tomar.

Ao ouvir aquela resposta, o outro apenas balançou a cabeça e deu uma risadinha, parecia que aquela novela nunca teria progresso.

Durante a tarde, os dois grupos tiveram uma atividade na floresta. Os professores espalharam milhares de bandeirinhas vermelhas e brancas por todo o local e eles tinham uma hora para coletar o máximo possível e levar até o alojamento. Além disso, tinha apenas uma bandeira dourada com o símbolo do time branco e uma com o símbolo do time vermelho. Essas bandeiras valiam mil pontos e caso fossem encontradas, eram praticamente a decisão da vitória. O time que vencesse ganharia um jantar farto com a melhor carne da região, o que deixou os alunos bastante empolgados. Assim, quando a professora tocou o sino, todos correram para dentro da floresta.

Jonathan achava esse tipo de atividade um tanto besta, porém ele também era competitivo, então estava correndo de um lado para o outro atrás da bandeira dourada, não iria perder seu tempo com as demais. Ele logo se perdeu dos amigos e foi se embrenhando na mata atrás dela, mas não via nem sinal. Os professores avisaram que tocariam o sino caso a bandeira dourada fosse encontrada, uma batida para o time branco e duas para o vermelho, porém até então tudo estava silencioso, sinal de que ninguém tinha encontrado. Mais de meia hora já tinha se passado e ele estava ofegante e cansado quando avistou algo no meio de umas plantas e até mesmo achou que estava alucinando. Assim que puxou com a mão, um sorriso enorme iluminou seu rosto: não era apenas uma bandeira dourada, era justamente a bandeira dourada do seu time. Qual era a chance? Ele estava mesmo com sorte.

Primeiro amor na casa ao ladoWhere stories live. Discover now