Quando Jonathan abriu os olhos na manhã seguinte, estava sozinho na barraca. Parecia que Vicente tinha acordado antes do que ele, então se espreguiçou e levantou para dar uma olhada no lado de fora. Ele ainda se lembrava nitidamente do que tinha feito, do beijo e da troca de carícias. Por mais que tivesse sido bom e isso era algo que não podia negar, também estava com o péssimo sentimento de culpa o corroendo por dentro.
O lago não ficava longe dali, então ele escovou os dentes e foi até lá fumar um pouco sossegado. Ele conseguia ouvir os gritos de seus colegas vindo de longe, todos estavam tomando o café da manhã e se divertindo, mas ele estava com sentimentos demais no coração para fazer qualquer coisa. Assim, ele ficou um bom tempo ali em silêncio pensando sobre tudo e também sobre nada.
Depois de algum tempo, como se tivesse adivinhado que ele estaria ali, Jesse apareceu. Ele não disse muita coisa, apenas sentou ao seu lado e acendeu um cigarro também enquanto olhava para o lago em frente a eles.
— Esse silêncio é bom ou ruim? — perguntou depois de um tempo.
Jonathan pensou sobre e deu um longo suspiro.
— Nos beijamos.
Jesse virou o rosto e o encarou com o cigarro preso no canto dos lábios. Ele deu uma risadinha e balançou a cabeça.
— Você me fez pensar que tinha me sacrificado cheirando os peidos do Kevin a noite inteira por nada — revidou — Por que você está tão deprimido?
— Não estou deprimido, eu só... só estou pensando — Jonathan se esquivou.
— Sobre as coisas que o seu pai fala?
— Sobre muitas coisas.
O amigo sabia que não tinha como insistir no assunto quando o outro estava fechado desse jeito, então apenas lhe deu um tapinha nas costas e disse que eles precisavam ir comer alguma coisa, também precisavam contar à Kevin que tinham feito as pazes, não aguentava mais o amigo falando sobre isso o tempo inteiro.
Assim, Jonathan se convenceu de acompanhá-lo até o galpão grande onde todos estavam tomando o café da manhã. Vicente estava sentado lá com suas amigas e assim que elas viram os dois entrando, os gritinhos foram imediatos.
— Vocês podem parar? — ele estava envergonhado.
— Como vamos parar se o seu príncipe encantado acabou de chegar — Michaela provocou.
— Menos, menos, gente foi só um beijo — Vicente escondeu o rosto no copo de suco.
Jonathan não tinha visto a euforia, ele tinha ido pegar café preto e um croissant, ao que Jesse o copiou. Quando foi procurar uma mesa vazia para sentar, viu onde Vicente estava e seus olhares se cruzaram por um minuto mais longo do que o necessário, mas para não chamar a atenção, ele apenas passou pela mesa onde ele estava com as amigas e foi mais para o fundo do galpão, onde Kevin já acenava com a mão balançando no ar. Ele tinha até mesmo chutado dali os garotos que estavam comendo com ele.
— Vocês fizeram as pazes? — perguntou com a boca cheia de cereal colorido.
— Hum — Jesse assentiu — Conversamos e resolvemos nossas diferenças, está tudo bem agora.
Jonathan assentiu, odiava mentiras, mas não tinha o que fazer. Por sorte Kevin era bobo e não percebeu nada, logo ficou eufórico dizendo que o trio estava de volta e implicando com eles como sempre fazia. Foi quando eles ouviram que a última atividade na montanha antes de voltar para casa seria saltar de bungee jumping e a maioria gritou emocionada.
A maioria menos Jonathan, ele morria de medo de altura. Só tinha uma coisa no mundo que podia o fazer perder a marra que tinha e essa coisa era qualquer atividade que envolvesse altura.
ESTÁ A LER
Primeiro amor na casa ao lado
Teen FictionJonathan Belchior era o que se podia chamar de um adolescente problemático, fumava e bebia sendo menor de idade, matava aulas e tinha uma banda de rock com os amigos. Ele sempre tinha sido uma criança introvertida e quieta, porém um fatídico acontec...