Esse namoro não é mais um segredo

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A mãe de Jonathan estava arrumando seu quarto quando viu um caderno em cima da escrivaninha. Se recordando de algo, seu sexto sentido a fez abri-lo para dar uma olhada no design das páginas. Ela o identificou como familiar, então deu uma boa olhada até encontrar uma página rasgada no final dele. Ela rapidamente foi ao quarto buscar aquele avião de papel que tinha guardado em uma gaveta e o abriu para comparar: era a mesma folha. E não apenas isso, o que tinha sobrado do papel no caderno era o pedaço que se encaixava certinho com a folha do avião. Suas mãos tremeram ao se dar conta de algo que infelizmente já imaginava: a letra de cima na folha era de seu filho. No entanto, quem tinha escrito a resposta?





Jonathan tinha acabado de fechar a porta do quarto e já tinha se jogado por cima do namorado na cama para lhe encher de beijos. Os dois tinham voltado da escola e como sempre estavam aproveitando aquele tempo livre antes que seus pais chegassem. Hoje, diferente dos outros dias, ao invés de estarem abraçados trocando carícias, Jonathan estava mais audacioso e não largava o pescoço do namorado, tinha aberto alguns botões da camisa do uniforme dele e estava descendo por seu peitoral quando o outro o freou assustado.

— Temos que ir estudar — Vicente sentou depressa e fechou os botões da camisa, suas orelhas estavam pegando fogo.

— Ah, por que você sempre é assim? — ele reclamou — Agora que estava ficando bom.

Vicente não queria falar sobre isso, então apenas pegou sua mochila e desceu ao andar debaixo, forçando o outro a acompanhá-lo. Assim, sem escolha, eles tiveram que estudar.

A mãe de Jonathan chegou algum tempo depois e como já estava acostumada a ver aquele vizinho em sua casa, não pensou muito sobre isso. Ela deixou os dois estudando na sala de jantar e foi preparar algo para comer, porém um fragmento da conversa deles a deixou paralisada e quase a fez derrubar a tigela de vidro que tinha em mãos:

— Você substitui os 'O' por corações até mesmo no seu caderno? — Jonathan estava surpreso — Não dá muito trabalho escrever sempre desse jeito?

Vicente tomou o caderno da mão dele e fez um bico.

— É mais fofo assim, eu gosto.

Jonathan balançou a cabeça e achou que era melhor nem discutir, voltando a copiar a parte da lição na qual tinha dormido hoje na aula. Na cozinha, sua mãe tremia dos pés à cabeça. Ela rapidamente correu até seu quarto e abriu a gaveta para pegar o avião de papel que tinha guardado. Assim que o abriu, precisou segurar um grito de pavor: naquele "eu te amo também" havia um coração no lugar da letra 'O'.

Não podia ser, né? Só podia ser uma coincidência, uma coincidência um tanto absurda. Afinal de contas, por que seu filho e aquele vizinho estariam trocando palavras de amor? Jonathan gostava de garotas, ele sempre tinha se envolvido em confusão por causa delas, aquilo não fazia sentido. No entanto, por mais que tentasse se convencer, sabia que alguma coisa estava errada ali. Nos últimos tempos, aqueles dois viviam grudados, estavam sempre estudando juntos, algo que nunca tinha acontecido no passado. Ela estava se convencendo de que os dois tinham apenas se tornado amigos, mas por que agora quando nunca tinham sido próximos durante toda a vida?

Quanto mais pensava sobre isso, mais apavorada ela ficava. Se fosse verdade mesmo, o pai de Jonathan certamente o mataria.




Primeiro amor na casa ao ladoWhere stories live. Discover now