Quando Jonathan foi corajoso e inconsequente

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Depois da confusão do dia anterior, Vicente acordou doente na manhã seguinte. Ele se sentia febril e cansado, então não foi à escola. Jonathan ficou esperando ele aparecer e quando isso não aconteceu, enviou mensagens que não foram respondidas. No intervalo, ele foi conversar com as amigas dele para ver se elas sabiam de algo, porém todas estavam tão em branco quanto ele. Elas ficaram chocadas quando souberam o que aconteceu e foi só quase no final da manhã que Vicente respondeu as mensagens de todos dizendo que estava doente e tinha dormido a manhã inteira.

Jonathan achou que ficaria aliviado com essa resposta, no entanto, seu coração ainda estava pesado no peito.

Ele caminhou até em casa decidido a tomar uma atitude, sabia que todas as circunstâncias estavam contra ele, mas não iria fugir, não iria ignorar o problema como sempre fazia. Ele gostava de Vicente, gostava tanto que iria lutar por ele. Sendo assim, bateu na porta dos Castello.

Depois de um minuto de uma espera ansiosa, foi a senhora Castello quem abriu a porta, para sua surpresa. Parecia que ela tinha ficado em casa para tomar conta do filho doente. Assim que o viu, ela ficou surpresa também e segurou a maçaneta com força.

— Jonathan, vá para casa — pediu.

— Ele está doente, posso vê-lo?

— Não — ela foi firme.

— Por favor — ele teve que insistir — Apenas por cinco minutos.

A última coisa que aquela mulher queria era que o vizinho estivesse perto de seu filho, aquilo tudo era demais, estava tirando seu sono e tranquilidade, era como se soubesse que alguma coisa ruim estava prestes a acontecer. No entanto, porque os olhos de Jonathan pareciam tão suplicantes, ela não teve coragem de bater a porta na cara dele e disse que podia subir por apenas cinco minutos. Incapaz de perder um segundo sequer, ele correu escada acima.

Vicente estava deitado e de pijama quando ele entrou no quarto, mas não dormia. Assim que virou o rosto para ver quem era, ele levou um susto com a presença inesperada.

— Jo? — perguntou sonolento.

— Sua mãe me deixou subir — ele largou a mochila no chão e sentou na cama, fazendo com que o outro viesse se aconchegar ao seu lado — Como você está? — perguntou enquanto acariciava os cabelos dele.

— Estou preocupado, acho que isso me deixou um pouco doente, eu sou muito fraco...

— É normal se sentir assim, mas não fique preocupado, eu vou tomar conta de tudo.

Jonathan deu um beijo no topo da cabeça dele enquanto refletia. Odiava vê-lo assim, odiava tudo o que estava acontecendo. Vicente estava sofrendo por conta de seu pai e isso era algo que não podia perdoar. Então quanto mais pensava sobre isso, mais entendia que não tinha saída, não havia uma segunda opção, eles não poderiam continuar mantendo essa relação escondida de seu pai, todo mundo já sabia e seria muito pior se ele soubesse disso por terceiros.

— Você pensou em alguma coisa? — Vicente perguntou confuso.

— Eu pensei — ele sorriu — Pode ficar sossegado, vai dar tudo certo. Por hora, apenas se preocupe em melhorar.

Vicente não estava muito certo disso, não conseguia pensar em uma boa solução para aquela questão. Ele já ia insistir no assunto quando sua mãe entrou no quarto e disse que os cinco minutos tinham passado. Parecia que dali em diante seria assim, mas o outro não reclamou. Ao invés disso, levantou obediente, desejou melhoras ao namorado e agradeceu à sua mãe antes de partir. Ele já estava longe quando Vicente olhou emburrado para a mãe.

— Você podia ter deixado ele ficar mais um pouquinho...

A mulher negou com a cabeça.

— Seu pai vai chegar tarde do trabalho hoje, mas nós vamos falar com ele sobre isso, vamos falar sobre tudo.

Primeiro amor na casa ao ladoWhere stories live. Discover now