Capítulo 14

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● pov. Gizelly ●

- Sabe que está encarando demais, não é? a voz de Juliette me tira dos meus pensamentos.

- Não estou. desvio o olhar para ela.

- Imagina se tivesse. ela disse soltando uma risada.

Ao sairmos do colégio vi Rafaella e Flávio juntos, os dois trocavam sorrisos enquanto conversavam. Mais uma vez me senti incomodada com aquilo, mas resolvi ignorar.

Rafaella pediu para estudarmos mais cedo hoje, contudo, íamos almoçar na minha casa, depois de muita insistência minha.

- Esse garoto entrou no colégio ontem e ela já está assim com ele?

Juliette caiu na gargalhada.

- Você não tem o porque de sentir ciúmes, quando você não quis ter algo sério com ela.

- Eu não estou com ciúmes.

- Só morrendo. ironizou. - Vai doer falar sobre seus sentimentos pra Rafa?

- Eu não vou ouvir meus sentimentos, já já passa.

- Se permite uma vez na vida, larga de ser imatura.

- Vamos mudar de assunto?

Observei Rafaella receber um beijo na bochecha do tal Flávio e ele foi embora. Logo em seguida, ela veio ao nosso encontro.

- Oi, já podemos ir?

- Claro, por que não convidou seu amiguinho novo também? algo dentro de mim me fez querer a confrontar.

Rafaella arqueou uma sobrancelha.

- Depois eu convido ele para sairmos à sós, vai ser melhor. ela respondeu dando um sorrisinho e Juliette deu risada alta. - Vamos logo! disse já sem paciência.

Nós três seguimos juntas, até chegarmos em uma esquina que Juliette tinha que seguir para ir para sua casa. Rafaella e eu continuamos o caminho até minha casa.

- Você vai mesmo chamar o tal Flávio pra sair? perguntei.

- Pelo tempo que ficamos juntas, você deve ter percebido que eu não sou igual você, eu gosto de conhecer as pessoas primeiro e não sair beijando um por dia.

- Eu não beijo uma por dia.

- Você entendeu o que eu quis falar né?

- Eu sei que não sou santa, mas você não pode ficar me julgando, se também conversa com vários meninos.

- Falou certo, eu converso, aliás, por que te incomoda tanto me ver com outro cara? perguntou me fazendo engolir em seco.

- Rafa eu... comecei a falar, mas travei.

- Quer saber? Não importa, pra mim tanto faz. ela disse ríspida.

Fomos o resto do caminho em silêncio. Ao chegarmos, deixamos nossas mochilas no meu quarto e fomos para a cozinha almoçar. O almoço também estava sendo em um silêncio gritante, até meu pai chegar e se juntou a nós duas na mesa.

- Sua mãe não vem hoje filha?

- Não, ela tem uma reunião e vai ficar no colégio mesmo.

- Hum, e vocês duas, reataram o namoro? perguntou empolgado.

- Pai, a gente nunca namorou.

- É seu Gabriel, sua filha é muito imatura para ter algo sério com alguém, a vibe dela é outra. Rafa disse me afetando de certa forma.

O silêncio se formou outra vez, deixando o clima um pouco tenso. Ao terminarmos, Rafaella e eu fomos para o meu quarto e começamos a estudar. Por duas horas.

Rafaella esteve o tempo todo retraída, curta e grossa.

{...}

- A gente pode conversar? perguntei quando terminamos.

- Eu tenho que ir Gizelly e não temos nada pra conversar.

- Larga de ser marrenta e me escuta por favor.

- E você vê se larga de ser imatura. disse ríspida.

- Eu sou mesmo, admito. falei e ela me encarou. - Eu fiquei com ciúmes, tá legal? Fiquei com raiva quando você e o Caon se beijando, fico com raiva quando vejo você com outro cara, independente do que estejam fazendo, simplesmente me incomoda muito, e admito que você mexe comigo de uma forma diferente, mas eu não sei se tô pronta pra ter um relacionamento sério agora, me entende? quis ser sincera com ela.

- A verdade não é que você não está pronta Gizelly, a verdade é que você não quer e nunca vai querer. falou séria, mas pude sentir a mágoa em seu tom de voz.

- Rafa...

- Chega Gizelly, chega! me interrompeu. - Eu quero cortar qualquer vínculo que nós temos!

- Não precisa de tanto Rafaella, podemos continuar nossa amizade.

- Que amizade? Nunca fomos amigas. respondeu em desdém.

- Verdade, pulamos essa etapa e fomos logo ficar.

- E eu me arrependo profundamente. ela disse baixo mas alto bastante para eu ouvir.

- Quando estava aqui na minha cama não se arrependeu né? soltei de uma vez e segundos depois percebi a merda que tinha falado.

Rafaella se levantou rapidamente guardando seus materiais na mochila.

- Rafa me desculpa, não foi isso que eu quis dizer.

- Foi isso sim que você quis dizer, porque pra você só importa com sexo Gizelly e eu fui uma burra por gostar mais de você do que devia. ela disse, mas vi que se arrependeu de ter confessado aquilo.

- Rafaella o que você sente por mim? perguntei e ela me encarou.

- Nesse momento, ódio. respondeu e antes que ela pudesse sair, segurei firme seu braço. - Me solta.

- Me fala a verdade, você se apaixonou por mim Rafaella? perguntei, eu precisava saber.

- O que te importa o que eu sinto ou deixo de sentir? Você não liga mesmo.

- Como eu disse, eu gosto de você, mas eu não sei lidar com esses sentimentos e eu não quero te machucar.

- Já machucou. ela disse e só então percebi que ela chorava. - Eu não queria ter gostado tanto de você, mas não consegui resistir, eu não mando no meu coração... fui me apaixonando aos poucos, quando percebi você tinha se tornando mais do que minha colega de sala que eu odiava até então, no começo eu pensei que era só atração, a cada estudo nosso, eu ia conhecendo um pouco mais de você, e mesmo com esse seu jeito cafajeste, meus sentimentos por você começou a mudar, e eu entrei nisso pensando que você fosse mudar, mas pensei errado, e sabe? Não se sinta culpada, pois a culpada foi eu, por ser intensa demais.

Suas palavras rasgaram meu coração.

Eu não sabia o que dizer, fiquei sem reação.

Rafaella foi embora e eu fiquei ali, com a cabeça a mil pensamentos.

●●●

A pobi da minha Rafaella. 😔

Gizelly não tem jeito mesmo ? Ou será que agora tem?

Sentimentos InesperadosWhere stories live. Discover now