Capítulo 33

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• pov. Rafaella •

Ali no consultório sentada na cadeira, os pensamentos me atormentavam, não sei o que mais me deixava aflita, a gravidez ter se confirmado ou o sangramento repentino novamente.

- Meu amor. a voz de Gizelly me fez levantar a cabeça.

Ela se sentou ao meu lado me abraçando e eu repousei minha cabeça em seu peito.

- Vai ficar tudo bem viu? ela disse deixando um beijo terno em minha testa e eu apenas assenti.

Minutos depois, fui chamada e entrei na companhia de Gizelly.

- Oi doutora Beatriz. a cumprimentei.

- Oi Rafa, oi Gizelly, já vou logo te pedir pra trocar de roupa, pode ir até o banheiro e colocar a camisola. ela disse e eu assenti seguindo até o mesmo.

Tirei minha roupa e vi que ainda estava sangrando um pouco, coloquei a camisola e retornei a sala.

- Pode se deitar aqui por favor.

Fiz o que ela pediu e me deitei na maca, Gizelly ficou ao meu lado e segurou minha mão.

- O que está acontecendo Beatriz? perguntei sentindo um nó na minha garganta.

O monitor foi ligado e segundos depois uma tela à nossa frente. Observei Beatriz pegar um aparelho e passou um gel nele.

- Vou fazer um ultrassom pra ver como está aí dentro ok? Fique tranquila, que vamos ver com calma e vou falar tudo para vocês. ela disse toda paciente.

Desviei meu olhar para Gizelly e pude ver que ela estava igual a mim. Com medo.

Beatriz deslizou o aparelho em minha intimidade, contato que incomodou um pouco e logo um pontinho preto apareceu na tela.

- Pois bem, aqui está o saco gestacional. ela disse focada na tela do computador. - De acordo com os dados, você está de cinco semanas.

Gizelly olhou para mim e sorriu, retribuiu.

- Já dá para ouvir os batimentos? Gizelly perguntou empolgada.

- Ainda não, tá muito cedo, geralmente o primeiro ultrassom é feito a partir de sete ou oito semanas, mas devido ao seu sangramento, foi necessário fazer agora para sabermos o que está acontecendo.

- Doutora fala por favor, o que é? perguntei já nervosa de novo.

Beatriz respirou fundo.

- Olhem, isso aqui é um hematoma, um acúmulo de sangue entre o saco gestacional e a parede do útero, se trata de um descolamento do saco gestacional devido as quedas do níveis hormonais.

Senti um aperto no peito e as lágrimas se formarem em meus olhos.

- E isso é grave? Gizelly perguntou.

Beatriz girou na cadeira ficando de frente para nós duas.

- Eu vou ser sincera com vocês, é uma condição grave, podendo levar a um aborto espontâneo.

Não consegui mais segurar as lágrimas que rolaram em meu rosto junto do meu choro. Gizelly me abraçou de lado e eu me agarrei nela chorando ainda mais.

- Eu sei o quanto é doloroso ouvir isso, mas vamos fazer um acompanhamento especial e tem tratamento, vamos reverter esse quadro. senti a compaixão em sua voz.

Minutos depois, eu me levantei e fui me trocar, depois voltei me sentando ao lado de Gizelly que estavam com os olhos vermelhos e em frente Beatriz que digitava no computador.

- Vamos acompanhar sua gestação em quinzenas, eu vou te passar uma medicação que é a reposição de progesterona e repouso por quinze dias, nada de relação sexual e evitar qualquer esforço, até mesmo subir escadas, depois vamos fazer outro ultrassom para vermos se o hematoma foi curado. ela explicou.

- Quais as chances de curar? perguntei.

- Na maioria dos casos, em 90% deles, o saco gestacional se fixa na parede do útero e a gravidez segue até o final sem grandes intercorrências.

- E se o hematoma não se curar? dessa vez, Gizelly perguntou receosa.

- O repouso terá que persistir, pois pode evoluir para o descolamento da placenta, mas vamos pensar positivo, se cuida direitinho que vai dar tudo certo. Beatriz disse nos dando um sorriso confiante o que me fez sorrir ameno.

Ela me passou a receita com alguns remédios que tinha que tomar e também um atestado de afastamento por quinze no trabalho.

Me despedi e Gizelly e eu fomos embora, cada uma em seu carro. Como a agência já estava fechada, eu deixei para entregar o atestado no dia seguinte.

Levei uns vinte minutos até em minha casa, Gizelly veio atrás de mim durante todo o caminho.

{...}

- Dorme aqui comigo? pedi ao entrar na sala.

- Durmo, só vou em casa pegar uma muda de roupa e alguns papéis que tenho que levar para um cliente amanhã, aproveito e passo na farmácia para comprar os remédios.

Assenti e me sentei na sofá suspirando fundo. Logo ela sentou ao meu lado e me puxou para me deitar em seu colo.

- Vai ficar tudo bem ok? Você vai seguir direitinho as recomendações da Beatriz e se Deus quiser vai dar tudo certo. ela disse acariciando meus cabelos.

Eu assenti outra vez, mas não consegui segurar o choro.

- Eu tô com medo, com uma sensação ruim, eu não quero perder nosso filho.

- Ei, isso não vai acontecer, vamos pensar positivo hum?

Me levantei de seu colo e ela passou o dedo em meu rosto secando minhas lágrimas.

- Eu tô aqui pra cuidar de vocês. ela disse carinhoso segurando em meu rosto e depositou dois selinhos demorados em meus lábios.

Sorri.

- Eu te amo. sussurrurei.

- Eu te amo meu amor, eu amo vocês. ela disse colocando a mão sobre a minha barriga e fez uma carícia ali. Ato que me fez sorrir.

Gizelly subiu até o meu quarto e pegou uma roupa e minhas coisas de higiene pessoal trazendo para um dos quartos do andar de baixo. Ela me esperou tomar banho e depois foi até sua casa.

Fiquei deitada no sofá navegando no meu celular. Eu não sabia como contar aos meus pais que estava grávida e era de risco.

Levei minha mão até minha barriga e suspirei sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos.

E que seria feita a vontade de Deus!

•••

Sentimentos InesperadosWhere stories live. Discover now