Capítulo 16

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● pov. Gizelly ●

Já estava tarde, passei os olhos pelo local da festa e mais vez naquela noite, me vi com raiva e ciúmes de Rafaella.

Eu demorei a aceitar, mas esses três meses que se passaram, eu não tinha mais como fugir do que eu sentia por ela. Mesmo ficando com outras, beijando outras bocas, sentindo outros corpos. Era Rafaella que fazia presença na minha cabeça.

- Vai esperar a festa acabar para ir conversar com ela? Juliette perguntou chegando ao meu lado.

- O Caon não sai do lado dela, parece que grudou.

Juliette soltou uma risada alta.

- Não te aguento, vai lá mulher, para de ser cagona. Juliette disse me empurrando, fiz uma cara feia pra ela quando a mesma ria.

Eu simplesmente fiquei ali plantada esperando o chato do Caon finalmente sair. Me direcionei até ela que já fechou a cara ao me ver se aproximando.

- Podemos conversar? perguntei calma.

- Sobre?

- Nós duas.

- Gize...

- Por favor, só me escuta antes de ir embora. pedi a interrompendo.

- Vai Rafaella! Para de bancar a durona. Bia disse.

- Vai logo! foi a vez de Manu lhe empurrar.

Diante da insistência de ambas, Rafaella cedeu e eu entrelacei nossas mãos saindo para o lado externo da casa de festas.

- Fala. disse séria.

- Será que você pode baixar a guarda um pouco? pedi e ela suspirou.

- Fala Gizelly!

- Tá, eu não sei como começar, então falando de uma vez, eu gosto de você pra caralho, eu...

Antes que eu pudesse continuar, ela deu uma risada descrente o que me faz parar de falar.

- Não me venha com esse papo Gizelly, eu já disse que não acredito em você.

- Que merda Rafaella! Eu amo você porra! falei exaltada e ela pareceu ficar em choque com as minhas palavras.

Levei minhas mãos até seu rosto e fiz um carinho ali. Nossos olhares se encontraram me causando uma sensação que não conseguia explicar.

- Eu estou complemente apaixonada por você Rafaella. eu disse afirmando.

- Você é uma idiota Gizelly! A maior de todas, eu te odeio. falou e pude ver seus olhos marejarem e as lágrimas escorrer pelo seu rosto.

- Eu sou mesmo, a maior idiota por ter fugindo esse tempo todo do que eu estava sentindo aqui dentro.

- Pelo menos você reconhece que é uma idiota.

Aproximei nossos rostos colando nossas testas. Eu podia enxergar o verde fazendo contraste em meio a luz, eu poderia me perder ali o resto da vida.

- Me desculpa, quando eu percebi que estava gostando mesmo de você, eu entrei em pânico, e só piorou quando você me disse aquelas coisas quando terminou o que tínhamos.

- Gi... a interrompi lhe dando um selinho.

- Me deixa terminar, eu deveria ter tentado, eu deveria ter sido sincera com você e falado dos meus sentimentos. - suspirei. - Eu me arrependi, e mesmo arrependida eu não conseguia falar, estava tudo muito confuso aqui dentro de mim, eu nunca me apaixonei por ninguém Rafa, e aconteceu com você. eu disee me perdendo em seus olhos, e a cada palavra eu sentia meu coração bater descompassado. - Eu deveria ter te dito… porque eu sou louca por você. o ar pareceu simplesmente sumir dos meus pulmões.

Selei nossos lábios e pedi passagem com a língua, ela cedeu no mesmo minuto, seus lábios macios e o beijo tão bom quanto me lembrava.

- Gi, não... ela disse afastando nossos lábios.

- Por que?
 
- Porque eu vou embora e não posso lidar com isso.

- Podemos tentar.

- Você aqui e eu em Goiânia? Nem aqui juntas, deu certo, quem dirá a distância.

- A gente dá um jeito. insisti.

- Gizelly não! exclamou voltando a chorar.

- Mas Rafa...

- Você não entende né?

- Eu que não te entendo, eu tô aqui me declarando pra você, eu tô tentando e só levo não como resposta.

- E você acha que tinha esse direito?

- Direito de quê? perguntei.

- De me falar essas coisas agora que eu vou embora, poderia ter falado três meses atrás ou de preferência nem ter falado.

- Eu juro que não te compreendo.

- Se você tivesse sido sincera comigo antes, aí sim podíamos ter tentando, mas você não teve a coragem e tá tudo bem Gizelly, só que você não podia falar que me ama agora que vou embora, agora vai doer mais.

- E se tivéssemos tentando três meses atrás, você iria continuar comigo agora que vai embora ou iria continuar?

- Eu não sei, porque a gente não tentou.

- Mas a gente pode tentar agora, é só você querer.

- Mas eu não quero. seu tom de voz saiu ríspido.

Foi como um soco no estômago.

- Nossa história, por mais breve que tenha sido, teve momentos bons, mas também teve ruins e eu não quero me machucar mais.

- Estou te perdendo por um medo fútil.

- Valeu a tentativa.

- Rafa, não fala assim...

- Não deu certo Gi.

Senti meu olhos arderem, e as lágrimas se formarem.

- Eu queria te dar isso.

Levei minha mão até o bolso e retirei uma caixinha. Lhe entreguei e Rafaella a pegou um pouco surpresa, mas abriu e logo abriu aquele sorriso lindo.

- Uma vez você me disse que gostava da lua.

- É linda Gi, obrigada.

Era uma pulseira com um pingente de lua.

- Para se lembrar de mim. falei e ela levantou o olhar me fitando.

- Até parece que você não vai me atazanar todos os dias no wpp. ela disse rindo.

- Claro, é um marco meu te encher a paciência.

- Olha que eu te bloqueio ein.

- Você já disse isso uma vez, não tem coragem. falei e ela semicerrou os olhos.

- Não me provoque Gizelly, não sabe do que sou capaz.

Foi a minha vez de dar risada.

- Posso por em você? perguntei me referindo a pulseira.

- Claro.

Peguei a caixinha e ela estendeu o braço, coloquei a pulseira ao redor de seu pulso e abotoei.

- Ficou linda em você. elogiei e ela sorriu.

- Vamos voltar lá pra dentro?

- Vamos.

Retornamos para dentro do local nos juntando as meninas.

E ali olhando ela, eu tive a certeza de que não havia nada pior que tarde demais.

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Antes tarde do que nunca né? 🙃

Sentimentos InesperadosWhere stories live. Discover now