Coroa de Sangue e Ruínas ✤ Livro 2 de A Rainha de Sangueprata

CAPÍTULO · XXIV

ALERTA:
Tirem a família tradicional brasileira do cômodo 🙂

Boa leitura!

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CAPÍTULO 24
𝑅𝑒𝑖𝑛𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑝𝑟𝑎𝑡𝑎

❤️‍🔥

Kian sabia que aquela seria mais uma noite que passaria em claro, sua cabeça era uma confusão do corpo de Cyprian e aquelas cicatrizes nas costas dele. Aquilo consumiu os pensamentos dele noite adentro.

   E se não fosse para ficar nas proteções de seu quarto – que não apenas protegiam Cyprian, mas também a própria garganta dele de todas as bruxas que não eram lá suas fãs mais fervorosas –, Kian só sabia de um lugar onde podia passar a noite. Já era bem tarde àquela altura e a ideia de atrapalhar o descanso de alguém o deixou incomodado, mas ele não podia ficar vagando pela fortaleza no meio da noite, era a mesma coisa que andar com uma placa escrita "por favor, bruxas, me matem" pendurada no pescoço.

   Diante da porta, ele deu duas batidas e esperou. Quem abriu a porta foi Portia.

   — Kian? — ela pareceu surpresa.

   — Oi... — murmurou o elfo, um pouco sem jeito. — Eu... não estava conseguindo dormir. Desculpa, não quero incomodar, mas não sabia mais para onde ir.

   Portia franziu as sobrancelhas de leve, mas não hesitou em dar abertura para ele entrar. Kian adentrou o quarto e cumprimentou Saryn, que estava deitada de lado na cama com a cabeça apoiada na mão.

   — O que aconteceu? — perguntou Saryn com certa delicadeza. As duas podiam sentir a tensão em cada músculo do corpo dele. Portia julgou melhor trancar a porta, por precaução. Quando Kian uniu as sobrancelhas, Saryn deduziu por si mesma: — É Cyprian?

   — Ele está bem. — O elfo sacudiu a cabeça ligeiramente. — Eu só não estava conseguindo dormir, ou ficar no quarto. Não quero mesmo incomodar vocês, eu posso ir embora se...

   — Besteira. Você pode ficar. — Portia espalmou as costas largas dele e o empurrou na direção de sua cama livre. Ele se sentou, ainda que um pouco forçado. — E não está atrapalhando nada, nós estávamos apenas fofocando a respeito de Nerin Blevengrest. É um hábito maldito que pegamos por conviver tanto com humanos. Muito difícil largar.

   Saryn deu um sorriso divertido e assentiu, encolhendo os ombros. Kian apertou os lábios em um pequeno sorriso.

   — Tudo bem. Bom... — Ele ficou de pé outra vez. — Já que é assim, eu posso ficar no chão mesmo. Eu só preciso... — antes que ele terminasse, Portia fez um único gesto com a mão à distância que o empurrou com de volta para a cama. Kian ergueu o olhar assustado para ela, que deu um sorrisinho.

   — Vai dormir no chão uma ova, meu bem. Pode ficar com a minha cama, eu vou dormir com Saryn. — Ela deitou ao lado de Saryn e levou as mãos à nuca, enfiando o cotovelo na cara da amiga.

   — Ai! — Saryn rosnou e deu um tapa no braço dela. — Cadela bruta.

   Kian sorriu mais abertamente daquela vez. Elas pareciam tão normais, tão... humanas. Era difícil para ele olhar para as duas vestindo aquela pele e conciliar a ideia de que elas eram feéricos milenares. Talvez ele fosse o primeiro elfo em milhares de gerações a estar na presença de akhallans de verdade. Kian nem sabia como se sentir a respeito disso, depois que parou para pensar.