Capítulo vinte e sete

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Heros

— Você precisa dormir um pouco, filho. Passou a noite inteira olhando para esse telefone. – Minha mãe me trouxe uma caneca cheia de café fresco até soltando fumaça, o meu escritório ficou impregnado com aquele aroma delicioso.

— Obrigado pelo café, mamá. Mas eu não vou conseguir dormir até trazer o Igor de volta para casa, eu amo esse garoto como se fosse meu filho. Se alguma coisa acontecer com ele, não vou me perdoar nunca.

— Até eu já amo esse garoto como se fosse meu neto e nem conheço ele ainda. Depois de conhecer a Dara e a Aurora entendi por que essas pessoas ganharam o seu coração, meu filho. – Apoiou os braços nas costas da minha cadeira e massageou os meus ombros tensos, meu corpo inteiro já reclamava por passar a noite em claro. — Tanto a mãe quanto a filha são encantadoras, acredita que a menina já está até de me chamando de vovó Sonia? Tenho vontade de chorar só de falar, sempre sonhei com o dia que você me daria netos, só não imaginei que fosse nessas condições...

— Não tem como não se apaixonar pela Aurora, mamá. Aquela ciganinha conseguiu dobrar até a mim que não suportava crianças. Além de prodígio, tem um coração enorme que eu parti quando a abandonei. – Meu sorriso desfaleceu.

— Ela é só uma criança que foi magoada, Heros. Logo a Aurora esquece, mas primeiro você precisa pedir desculpas.

— Eu sei, mamá. Mas a Dara me proibiu de me aproximar da filha dela, disse que já a magoei uma vez e não me daria a chance de fazer de novo.

— Entendo o lado da Dara. Mas por que você não levanta e vai dar uma volta pelo castelo para arejar a cabeça? Talvez, por acaso, você encontre uma certa ciganinha fofa brincando com o cachorrinho no jardim, eu a trouxe para tomar sol enquanto a mãe dela toma banho. – Minha mãe beijou o meu rosto antes de sair do meu escritório, dando a deixa para eu entrar em ação.

Levantei quase que correndo da minha cadeira e fui direto para o jardim, eu morava ali e seria um encontro por acaso, a Dara não poderia brigar comigo depois. E mesmo se brigasse, eu não me importaria, precisava conversar com a minha ciganinha. Pela extensa janela de vidro da sala de jantar vi a pequena sentada no jardim sobre a grama brincando com o cachorro, exatamente como a minha mãe disse.

Por precaução, pelo menos meia dúzia de seguranças do castelo vigiavam a Aurora de longe.

— Vai lá, Heros, você consegue! – Ajeitei o paletó.

Tive que tomar uma boa dose de coragem antes de ir até a Aurora e me senti ridículo por isso, não sabia o que falar. Eu, um criminoso temido por todos, com medo de falar com uma criança de cinco anos.

— Oi, ciganinha, eu senti a sua falta. – Me aproximei dela bem devagar para não assustá-la.

— Vai embora, ogro malvado, eu não quero falar com você. – Inflou as bochechas e abraçou a bola de pelo marrom de olhos azuis, assim que vi o animal sabia que ela o amaria, era tão fofo quanto ela.

— Você não vai nem me contar qual nome deu para o seu novo amiguinho? – Me sentei ao lado da ciganinha.

— O nome dele é Caramelo, porque é meu doce favorito e é da mesma cor que ele – disse de má vontade, a baixinha não estava mesmo a fim de papo comigo.

— É um nome muito bonito, filha. Combina com ele. – Fiz carinho na cabeça do cachorro.

— Eu não sou sua filha, ogro malvado. Esqueceu que não tenho pai? Só uma mamãe muito boa que nunca iria embora sem se despedir de mim – atacou, ferina igualzinha à mãe.

HEROS - A rendenção do mafioso Where stories live. Discover now