Capítulo trinta

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Heros

Acordei cedo sem fazer barulho, olhei a vista do dia clareando pelo vidro da janela e tomei um banho demorado. Vesti minha melhor roupa e calcei os sapatos mais caros; se fosse para ir ao encontro com o diabo, que fosse vestido dignamente. Dara estava dormindo em um sono pesado, ela estava cansada depois da noite regada de muito sexo que tivemos, fomos dormir tarde. Eu me sentei na cama e fiquei olhando para a minha esposa enquanto fazia carinho no seu rosto, suas bochechas estavam coradas e o cabelo espalhado sobre o travesseiro branco em um amontoado de fios negros longos enroscados uns aos outros.

— Cuide bem das nossas crianças. – Beijei os seus lábios macios, depois a sua barriga, onde o nosso filho crescia um pouquinho a cada segundo. — Eu te amo, cigana!

— Eu também te amo, grandão. – Abriu os seus lindos olhos verdes sonolenta e sorriu, mais linda do que nunca, e voltou a dormir logo em seguida.

Peguei na gaveta da cômoda as cartas que escrevi para ela e uma para cada um dos nossos filhos, inclusive o que estava a caminho. E enfim me preparei para sair, mas antes olhei para a minha esposa uma última vez antes de passar pela porta. Talvez fosse a última vez que eu a veria, então queria partir com aquela imagem perfeita na minha mente. Só depois disso segui a minha jornada.

Passei no escritório e peguei as bolsas contendo os milhões de dólares que a Esmeralda exigiu, Blade já estava à minha espera no lado de fora do castelo, dentro do seu carro com o motor ligado. O local combinado de troca seria em uma ponte velha afastada da cidade em uma estrada que já havia sido desativada há muito tempo, não passava uma alma viva por lá. Lugar perfeito para cometer um crime.

— Vamos nessa! – Entrei no carro do lado do carona.

— Eu vou junto. – Pablo apareceu sem avisar e abriu a porta e sentou-se no banco de trás.

— Mas que porra está fazendo aqui, Pablo? Você acabou de enterrar o seu marido, deveria estar de luto em casa – o repreendi.

— Carlito nunca me perdoaria se eu deixasse o senhor e o Blade sozinhos nessa. Nós somos uma equipe. – Desviou o olhar para a janela para esconder os olhos marejados. — Além do mais, quero olhar nos olhos da assassina dele para que ela saiba que vai ter o que merece mais rápido do que imagina.

— De jeito nenhum, Pablo! Saia desse carro agora mesmo, isso é uma ordem. Não quero colocar sua vida em risco também. – Saí do veículo e abri a porta de trás, mas o homem continuou onde estava, de braços cruzados e o queixo erguido.

— Desculpa, chefe! Mas pela primeira vez eu não vou obedecer a uma ordem sua – disse irredutível.

— Me ajuda aqui, Blade! Você sabe que a Esmeralda disse que não era para ir mais ninguém além de nós dois e desarmados, se ela vir o Pablo pode pirar e atirar no garoto.

— Dane-se o que a Esmeralda disse. – Meu irmão deu de ombros. — Agora entra na porcaria desse carro e vamos logo, Heros. Nós estamos atrasados.

— Inferno! – Entrei no carro possesso, aquilo não ia terminar bem.

— Coloca inferno nisso, chefe – Pablo resmungou de cara fechada no banco de trás.

Seguimos caminho para o local indicado pela Esmeralda, mas, em determinado momento do caminho, começamos a ser seguidos por dois carros. Eu reconheci alguns dos homens dentro dos veículos, eles trabalhavam para o Afonso Malaver, o meu principal sócio que se bandeou para o lado da Esmeralda e agora provavelmente era o mais interessado em ter a minha cabeça nas suas mãos. Eu já imaginava que a minha irmã pediria o suporte dele. Agora que não tinha mais o Esteban e o tio Ramirez, ela tinha que arrumar outro trouxa para fazer o trabalho sujo dela.

HEROS - A rendenção do mafioso Onde as histórias ganham vida. Descobre agora