Capítulo trinta e dois

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Dara

Era uma linda manhã ensolarada de verão quando Heros inventou de irmos para um passeio em família no interior da cidade, ele tirou duas semanas de férias do trabalho só para passarmos um tempo isolados no meio do mato, como nos velhos tempos. Ele sabia que eu sentia muita falta da minha vida tranquila na cabana, era incrível viver no castelo, mas aquele monte de empregados e seguranças à minha volta fazendo tudo para mim o tempo todo, mesmo eu dizendo que não precisava, às vezes me sufocava. Ainda mais que eu já estava chegando no nono mês de gestação e estava parecendo uma elefanta grávida de gêmeos. Seria uma menina enorme e o pai estava fazendo segredo sobre o nome que ele escolheu. Disse que só revelaria depois que o bebê nascesse, estava todo mundo curioso para saber.

A viagem até o interior não seria muito longa, duas horas de carro. Mas com os meus pés inchados daquela forma, para mim estava parecendo uma eternidade. Ainda mais com as crianças brigando no banco de trás o tempo todo por qualquer motivo, eu não conseguia prestar atenção em nada com aquele calor todo que fazia em Medelín naquela manhã. Peguei uma folha de papel dentro do porta-luvas do carro e comecei a abanar o rosto, só deixar a janela aberta não estava adiantando. Deixaria o meu marido lidar com aqueles dois brigões, eu mal conseguia dar conta da que não parava de pular no meu ventre, como se também quisesse fazer parte da confusão ente os seus irmãos.

E o Heros tinha mais paciência com as crianças do que eu às vezes, ainda mais com as minhas constantes mudanças de humor devido aos benditos hormônios da gravidez. As minhas outras duas gestações foram tranquilas, quase não senti nada de diferente, mas nessa, parecia que o bebê me abriria de dentro para fora a qualquer momento dando piruetas dentro da minha barriga, mostrando que era mesmo filha de quem era, uma Rivera com sangue quente nas veias, e eu mal podia esperar para ter a minha menininha linda nos braços. Estava contando os dias, agora faltava pouco.

— Será que você não pode ficar de boca fechada só um minuto, Aurora? Nem o pobre Caramelo aguenta mais ouvir essas suas músicas chatas. – Igor olhou para o pobre cão deitado no meio dos dois no banco de trás com as patinhas cobrindo as orelhas.

Aurora saiu de casa cantando e não parou desde então, e isso já fazia mais de uma hora.

— Mentira sua, Igor! Caramelo ama me ouvir cantar e a mamãe e o papai também, então não vou parar, seu boludo de mierda. – Mostrou a língua para o irmão, malcriada, e voltou com a cantoria.

— Aurora! – me zanguei com ela. — Não fala assim com o seu irmão, e você, Igor, para de implicar com ela também.

— Mas a voz dela é irritante mesmo, mãe. – Deu de ombros.

Eu respirei fundo e olhei para o Heros. Como eu disse, deixaria ele resolver.

— Dá um desconto para sua irmã, filho. Ela só está feliz com o nosso passeio em família.

— Mas ela não pode ficar feliz quietinha, pai? – Fez uma tromba enorme e virou o rosto para a janela com os braços cruzados.

Depois de todos os acontecimentos, Igor não era mais o mesmo garoto. Se fechou na dele e passava a maior parte do tempo no seu quarto. Ele se recusava a falar da morte da sua namoradinha e da família dela, o que aconteceu na casa deles aquela noite que fugiu para se despedir dela, era um verdadeiro mistério para todos. Um segredo que o meu filho parecia querer manter a sete chaves, nem uma psicóloga renomada em Medelín que o Heros contratou, especializada em tratar adolescentes que passaram por traumas, conseguiu arrancar uma palavra sequer dele sobre o ocorrido.

— É só colocar os fones de ouvido e escutar aquela playlist maneira que fiz para você com as minhas músicas favoritas, Igor. Assim pode ir treinando o seu espanhol para quando for começar a estudar na escola.

HEROS - A rendenção do mafioso Where stories live. Discover now