Seja a minha Casa

541 65 15
                                    


"Existe dois tipos de memória neste mundo, a da mente que é considerada a mais importante, mas também existe a do corpo. Cada um carrega um sentimento diferente, enquanto a mente pode esquecer, tanto das memorias como do sentimento, o corpo sempre vai se lembrar"
- Tsubasa Chronicle


















Aziraphale fica olhando o cálice por um tempo.

O cálice parecia mais... cheio?

Impossível, cálice é um item magico, o conteúdo não faz juízo ao que ele pode aguentar, poderia esvaziar uma banheira com ele e ainda assim ele não ficaria cheio.

Ele então decide se levantar.

Quando começa a pegar os livros que estava na mesa, se depara com um óculo de sol, lembra do Crowley usando esse mesmo modelo de óculos da última vez que se viram.

- Não foi um sonho?


Se o óculo estava aqui, então o dono também estava?

Ele olhou ao redor da sala e sentiu a fragrância de Crowley, mas nada dele pela pequena casa.




Isso fez o Aziraphale sentir vontade de vê-lo.

Pegou os óculos e ficou olhando para ele.
Ele tinha duas opções, devolver para o dono é a mais certo a se fazer, mas ele sabia que Crowley deve ter outros de reserva.
A segunda opção seria apenas se livrar dele, o que a primeira opção ajudaria, não pode deixar um objeto de um demônio em sua casa, mesmo os objetos guardam a energia do dono.
Ele sabia que seria arriscado demais deixar aquilo apenas ali.
Mas.
Decidiu então guardá-lo em uma gaveta.



Hoje é o dia da coroação, os 30 dias de lutos passaram desde a morte do antigo príncipe herdeiro, então ele tomou banho trocou suas roupas para tons de beje e marfim mais escuros, apenas para não se destacar muito em um país que todas as roupas eram escuras e pesadas.

- Principe. – Ele fala para o abajur na escrivaninha. – Seja um bom menino e cuide da casa sim? – Ele já estava usando um sobretudo com detalhes dourados, mas colocou outro por cima de um tom mais escuro. As camadas de roupa o deixavam mais fofo embora não tirasse sua inegável elegância. – Vou ver o que o seu irmão vai aprontar.

Ele pega um chapéu estilo cartola do tripé e em seguida sai.

No meio da rua havia algumas carruagens estacionadas, ele deu a moeda ao capatas e em seguida entrou em uma.

Ele realmente não ligava em andar de carruagem, era um grande avanço já que só tinha a opção de andar a cavalo antes.

Bom tem os trens, que são sem dúvida as melhores, mas não havia trens onde ele estava.

Ele olhava a cidade enquanto as rodas balançavam no chão de pedra.


Sem aviso as imagens da noite passada passaram na sua cabeça. Crowley acariciando o seu cabelo e em seguida o seu rosto. A sensação de as mechas do seu cabelo ruivo o tocando. O beijo em seu pescoço. Tudo voltou como uma sensação.

Ele se perguntou o que teria acontecido se não tivesse dormido.

Talvez Crowley o tivesse beijado na boca. Passado a sua mão dentro de sua blusa para sentir sua pele quente.

Só de pensar no seu toque, sentia o seu corpo tremer. Não sentia isso por mais ninguém o tocando.

Se pudesse sentir a sensação novamente, teria correspondido o beijo, o abraçado e ent-
- Senhor? – O Capatas abre a porta da carruagem. O anjo não tinha percebido que havia parado.

- Oh sim, claro. – Aziraphale sai da carruagem da mesma forma que entrou, com elegância. Ajeitou um pouco suas vestes e deu ao moço outra moeda.

Tudo em Aziraphale gritava "estrangeiro" ou "Inglês" enquanto ele andava pelas ruas cheias de gelo e sujeira do norte.

Ele finalmente chegou no centro onde havia uma grande multidão em frente ao palácio.

Ele tirou do bolso um saco com balas que havia comprado mais cedo e começou a comer uma.

Ele ficou parado atrás da multidão esperando, mas logo a praça encheu mais cercando suas costas também.


Tantas pessoas. Ele suspirou e pegou mais uma bala.

Olhando para o lado sentiu uma energia diferente.

Algo maligno?

Então ele sorri sem perceber quando viu no meio da multidão um ponto vermelho. Crowley estava usando roupas mais simples do que o anjo, mas ainda assim elegante, um sobre tudo com uma parte feito de pele combinava com seus cabelos longos.

O anjo andou até ele.

- Crowley.
- Hn?... – O demônio que apenas olhava para frente viu o anjo e virou para ele. – Aziraphale? – Ele ficou suspreso e foi para mais perto do anjo. - Não imaginaria que viria ver a coroação.
- Oh. – O anjo sorrio. – Na verdade nem eu mesmo sabia se viria.

Eles olham por um tempo e em seguida olham para frente novamente, o príncipe herdeiro futuro rei fazia um discurso.

- Ele é bom com palavras. – Aziraphale diz.
- Todo ditador tem que ser. – Crowley boceja. – A mente dele é de gente doente, anjo. Sabia que havia quatro irmãos mais velhos que ele antes? Todos mortos. Até a mais nova também.
- Bom, ele não deixou opções para o atual rei escolher. Acredito que o trono era o seu objetivo, é uma pena que será sua perdição também. – O anjo coloca mais uma bala na boca.

As duas entidades já sabiam o futuro do príncipe. Morte pela guerra ou enlouqueceria antes.

Um anjo e um demônio estavam bem-vestidos no meio de uma multidão enquanto olhavam indiferentes pela milionésima vez uma história trágica acontecer.

- Seu departamento já sabe quando tempo ainda temos de paz? – O anjo pergunta para o demônio e o demônio apenas aponta com o queixo. Fazendo o anjo prestar atenção.
- Atrás dele tinha uma mulher de cabelos amarelos, nada característico do Norte, mas sim do sul.
O anjo sentiu a mente dela.
- Uma princesa?
- Uma princesa de outro pais, sim. Uma refém recém sequestrada.
- Mas do Sul? Esse não era o país mais migratório? Pensei que era parceiros comerciais.
- E eram até noite passada, queria que tivesse naquele banquete, anjo, a bebida era uma sucesso e também foi um caos total. Nosso futuro rei aí estava tão bêbado que pegou a princesa do pais vizinho como se fosse uma lembrancinha de festa, bom o rei do sul não gostou nada. – Ele fala com uma voz descontraída. - Acha mesmo que estaria aqui apenas pelo discurso?

O anjo se assusta olhando para trás vendo uma flecha voando até o peito do atual rei. O príncipe que não era um guerreiro apenas correu enquanto a multidão começou a gritar e sair correndo em vários sentidos diferentes como baratas tontas.

Aziraphale e Crowley apenas ficaram um ao lado do outro parados olhando toda a cena como se fosse um grande teatro.





Uma briga entre cavaleiros começou.

- Bem-vindo a guerra. – O demonio fala para o anjo.
- Bom... – O anjo suspira e em seguida oferece uma bala para o Crowley que apenas pega. – Tem algum bom restaurante aqui perto? Temos que aproveitar enquanto ainda existe algum. Não quero te lembrar, mas já lembrando, a última vez que você ficou sem bebida naquela guerra de 100 dias no mar foi horrível.

O anjo o lembra fazendo o demônio olhar para o lado e estralar a língua em desprezo.

Eles começam a andar para fora do caus.

- Foi tranquilo.

- Você bebeu água do mar.
- Senti sede.
- Dormiu por 25 dias dos 100 fazendo sua tripulação acreditar que estava morto e o jogar no mar – O anjo diz com um tom severo. - E ainda assim continuou dormindo.
- Eu sinto sono quando como muito.
- E depois decidiu voltar para a casa nadando.
- Eu estava com tédio.
- Você tem assas e estávamos a 500 km da costa.





Chegando em um restaurante eles pediram algum almoço local e hidromel uma bebida típica da região.
Aziraphale acompanhou o demônio até uma loja de bebidas onde ele pediu uma caixa para entregar em sua casa.
Crowely acompanhou o anjo até uma loja de comida onde fez um estoque e pediu para ser entregue na sua casa.

Mesmo não precisando de coisas humanas ambos já sabiam o que era passar por uma guerra, era mais um tedio do que qualquer outra coisa.

Então por que não passar o tempo fazendo algo que gosta.

Eles andavam pela rua enquanto o Aziraphale com a ajuda de uma corda carregava alguns livros pendurados em sua mão.

- Quer fazer mais alguma coisa? – O demônio pergunta olhando para cima vendo que voltaria a nevar em breve.
- Na verdade não. – O anjo sorrir e olha para o demônio. – E você?
- Nah, vou para a casa. – O anjo olha para frente sem parar de andar. – Tá a fim de ir?

- Na-na sua casa?
- Foi o que eu falei.



O anjo pensou um pouco.

- Isso seria contra as regras.
- Claro que seria. – A voz irritada do demônio era nítida.
- Por isso... tudo bem se for rápido?











Em um beco eles subiram uma escadaria estreita e entraram em uma casa discreta e muito bem-organizada no leste da cidade.

- Que boa casa encontrou, Crowley. – O anjo olhava ao redor vendo a decoração minimalista. Não havia nada, apenas dois sofás um em frente para o outro e uma mesa de centro.


O quarto estava fechado, mas bem provável que só tivesse um armário e uma cama.

O demônio sempre foi assim, vivia se mudando, afinal tinha mais guerra do que paz no mundo, então apenas decidiu não se apegar a muitos objetos pessoais.


Aziraphale coloca seus livros no chão e começa a tirar seu chapéu colocando no tripe ao lado da porta e em seguida o casaco mais pesado.
- Qual foi a última vez que moramos na mesma cidade? Acho que já faz uns, eu não sei, eu não me lembro. Foi a dois mil anos atrás? Camalote conta? – Quando tira seu segundo casaco se surpreende quando é abraçado por trás fazendo seu casaco cair no chão.

- Conta. – Crowley fala baixo no seu ouvido enquanto o abraça por trás. Aziraphale sente seu corpo ferve então coloca as mãos no braço do demônio que apenas o aperta mais para si. – Ultimamente tenho pensado nisso também – Crowley coloca uma das mãos na barriga do anjo o pressionando para ele e a outra em seu queixo fazendo o anjo virar o rosto para o lado e esticar o pescoço o obrigando a encarar o demônio. Aziraphale em pânico só podia se agarrar nos braços do próprio demônio. – Eu queria também encontrar uma casa fixa para mim, não precisaria de muito... apenas um lugar para voltar... – O anjo o olha abrindo mais seus olhos. – Ninguém iria reclamar se fosse Inglaterra, eu sempre gostei das bebidas de lá, dos parques, até o cheiro me agrada. – Crowley diz enquanto coloca o rosto no pescoço do anjo o fazendo gemer. – Eu sinto sua falta, Aziraphale.






O anjo fecha os olhos com força se sentindo tonto. Sabia que tinha força o suficiente para se livrar do demônio se quisesse, mas ainda assim nunca o faria.
Por quê? Ele aperta mais forte o braço do demônio sentindo sua unha cravar a manga de seu casaco.

Por que quero que ele me abrace mais forte?






Notas FinaisOii gente, obrigada por acompanhar mais um cap.
Agradeço comentário~~ * mostro meu chapeu de esmola*
É do que eu me alimento sz

Até amanhaaa~~

Good Omens - Obcecado por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora