Seja minha Ferramenta

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Belzebu ficava ocupado poluindo o seu escritório de novo olhando cada canto para ver se estava tudo em seu lugar. Ele tinha quase certeza que se visse mais alguma pontinha branca purificada vai marchar com sangue daquele infeliz.

Ele olha para o seu trono agora normal e pensa o que aconteceu a algumas horas atrás.

Ele suspira e coloca a mão na cintura olhando para o lado.

Quando Crowley finalmente falou que teria uma casa em Londres, Belzebu realmente ficou empolgado achando que as coisas iam mudar. Seu plano era usar o demônio em seu próprio jogo. "Se de para trás, não terá outra chance"
Se "Aziraphale" não fosse mais o pet de Gabriel, ele teria mais tempo livre para não ouvir reclamações. Por isso, realmente não se importou de Crowley atentar um anjo.

- Que pena, Crowley. Bom, você serviu de boa ferramenta até então.

Belzebu sentou no trono pensando. É difícil encontrar um demônio como Crowley, mas ninguém é substituível.


- BELZEBU! LORD! - O seu assistente entrou na sala de Belzebu em desespero.

Sempre que o assistente fazia essa expressão de "tem algo errado" Belzebu sentia que seu tempo de vida - que era infinito - diminuía.

- Fala de uma vez. - Belzebu olha para teto não aguentando mais.

- U-Um demônio meu lord! Um demônio poderoso está tentando invadir o céu neste momento.

- O que disse? - Belzebu se levanta e vai até o criado. - Sem minha autorização? Quem foi o bastardo?

- Eu não sei senhor! Esse é o problema! É uma energia comparada aos duques do inferno, mas nenhuma que conhecemos!

- Duque? Está falando um príncipe do inferno? - Impossível Belzebu pensou e saiu da sala indo para o corredor. - Onde ele está?

- No portal do elevador, meu lord!

Apenas duques e arcanjos poderosos tinham poder o suficiente para apertar os botões "céu" e "inferno" sem autorização do próprio setor. Isso só provava como era incrível Gabriel entrar no inferno como se fosse sua própria casa.

E agora está falando que um bastardo do inferno está fazendo o mesmo?

Ele pode fazer uma guerra ou uma rebelião acontecer se entrasse no céu.

Seria uma afronta direta.

No meio da guerra da terra Belzebu não tinha mais tempo para mais problemas.





Quando chega no elevador fechado ele estala os dedos e se transforma em várias moscas entrando pela brecha do elevador.


Ele subia e subia até chegar onde o elevador estava.





Belzebu tinha curiosidade para saber quem era o corajoso que estava agindo por conta própria.








No chão do elevador várias moscas se amontoavam junto com fogo fazendo Belzebu emergir do chão.


Assim que ele aparece encontra algo que não achou que veria.


A forma daquele ser celestial fez ele abrir os olhos em espanto.


Suas asas brancas brilhantes destacam seu rosto horroroso cheio de olhos brilhantes inclusive os seus próprios. Aquele monstro se vestia como um anjo qualquer, uma camiseta clara, um colete e uma calça carmim. Seus pés agora todo arranhado e sujo estavam descalços. Ele veio correndo ou voando?



As pupilas azul claro que apareciam nos olhos brilhantes olham para o demônio ao mesmo tempo enquanto o monstro continuava calado.

- Um anjo guerreiro? - Belzebu sentia a energia poderosa do anjo e pensou que seria purificado se não fosse o ar que saía daquele monstro. Aquilo não era um anjo nem mesmo um demônio.

Belzebu pela primeira vez ficou confuso, como um anjo não puro podia ser forte? A força do anjo vem da sua pureza, quanto mais pureza, mais forte ele era. Então por que?




Belzebu percebeu que sabia quem ele era.

A descrição batia, mas não podia acreditar.


- Aziraphale?


Sempre achou que Aziraphale era um anjo meigo que não machucaria ninguém, mas aqueles olhos, parecia mesmo que ele não se importaria de assassinar qualquer um.

Nunca ouviu falar de um anjo assassino.


- Quem é? - Sua voz séria era desinteressada. - Veio me deter? - Belzebu nota que uma das mãos do anjo estava segurando firme o botão do "céu" sem deixar de soltar.


- Não me diga que vai resgatar Crowley? - Belzebu fala impressionado, nunca pensou que um anjo ajudaria um demônio, nem mesmo os demônios se ajudam. Achou mesmo que Crowley morreria pateticamente sozinho por se interessar em um anjo, mas pelo visto o interesse era mútuo.

O anjo calado apenas fez alguns dos seus olhos voltar para a porta do elevador enquanto apenas o par original dos olhos olhavam para Belzebu.

Seu interesse pelo demônio no elevador se perdeu quase que totalmente.

- Sem arma? Você vai morrer, sabia? - Belzebu suspira. Não era para ele ter uma espada flamejante? - E alguém já te falou que seus olhos são sinistros?

- Tentei esconder eles depois que Crowley falou o mesmo..... mas agora que ele não está comigo.... não importa mais. - Belzebu conseguia ouvir sua voz doce no meio da seriedade.

- Pretende matar o arcanjo? - O Demônio bufa depois que aquele monstro na sua frente não fala mais nada, era impossível para ele, enfrentar todos os anjos sozinho e sobreviver. - Crowley já deve estar morto.

- Ele está vivo. - Sua resposta fria bastou para calar Belzebu.


É deste tipo que Crowley gosta?



- Obrigado.
O anjo falou deixando o demônio confuso.

- Está me agradecendo pelo que mesmo? - Belzebu ficou pasmo, nenhum demônio deveria receber agradecimento, nunca.

- Graças a sua presença pude notar algo. A dor só passa com Crowley. - O anjo coloca sua mão livre no seu ombro esquerdo.

Belzebu fica confuso, mas prefere não falar mais nada.


Aziraphale estava entrando na casa de alguém -o céu- sem permissão, isso já tirava por si só muita energia.

Belzebu não queria entrar naquela confusão nem mesmo ter sua energia sendo gasta quando o elevador entra no andar.

Ele então decidiu sair de lá antes disso acontecer.

Mas algo o fez parar. Ele lembra de Gabriel.

- Se quer tanto assim fazer uma confusão no céu. Eu adoraria ajudar. - Belzebu aponta com o queixo mostrando uma espada preta do lado dos botões, ela surgiu como magia. - Bem, só segurar ela, para um anjo como você... poderia te imobilizar com a quantidade de veneno das minhas pragas.

Belzebu se perguntou se o anjo a pegaria.

Se Aziraphale ficasse imobilizado isso ajudaria o demônio, mas se ele conseguisse pegar, também ajudaria. O tiro no escuro acertaria o seu alvo, não importava onde mirasse.

Sem pensar muito o anjo pega e olhando a espada.

O veneno não parecia fazer efeito no anjo que apenas olhava para ela.

- Isso mata... anjos? - Sua voz era calma.
- Apenas o imobiliza com as toxinas paralisantes.



O anjo olha para Belzebu finalmente virando o seu rosto. Ele segura a espada mais firme.

- De quem gosta?
- O que?
- Com quem está preocupado.... Crowley... ou .... talvez.... Gabriel?

Belzebu dobra as sobrancelhas fazendo seus olhos cansados ferverem.

- Serei sua ferramenta hoje. - Aziraphale parecia aliviado quando viu que o demônio reagia mais ao nome "Gabriel".


Belzebu bufa com a fala arrogante do anjo e desaparece do elevador assim que a porta abre.

- Traidor! - Assim que uma porta abre sua primeira visão foi de uma flecha dourada voando em sua direção.
Desta vez, em vez de sentir medo, com os reflexos dados pelo privilégio de seus olhos ele segurou a espada perto do peito a fazendo repelir a flecha.


- Agora decidiu lutar? - Miguel gritou enquanto Uriel segurava sua lança. Ele olha ao redor vendo vários outros anjos atrás segurando espada prateadas. - Não se ache! Nem mesmo é forte comprado a nós! Você é só um molenga!

Aziraphale saiu do elevador abrindo mais suas asas.

- Eu não vim lutar, Miguel, Eu só quero Crowley de volta. - Aziraphale não pretendia atacar primeiro desde o começo, apenas se defender se preciso for.

- Está falando de quem? - Miguel olha para Uriel.
- Não seria aquele demônio que Gabriel pretende matar? - Uriel fala indiferente ao lado de Miguel.

- Isso já está dando dor de cabeça. - Miguel fala irritado.
- O Gabriel falou para não matar ele.
- Eu não queria! Você quer ir para aquela terra imunda de novo? - Os dois ficaram com calafrio.

- Mas não podemos fazer nada, se ele é apenas um traidor.


- A única coisa que me segurava. - Aziraphale fala fazendo alguns anjos com espada se armarem. - A única coisa que me segurava era o meu medo de ver Crowley sofrer, agora que tiraram isso de mim, nada mais importa. Mesmo se acabar morrendo aqui.

Os dois arcanjos olhavam o anjo cravar a espada negra no chão.

- Miguel... Uriel... vocês se lembram da nossa criação? Recebemos anéis mostrando lealdade a Deus, o anel em nossos mindinhos é a promessa que nunca o trairia e machucaria os nossos irmãos. - O anjo olha para Miguel e Uriel que tinham o mesmo anel que ele no mindinho. Não era um simples anel, era o símbolo de uma promessa. Também era o símbolo provando que passou por todas as etapas até ser formado em um perfeito anjo digno de um cargo alto.


Aziraphale tira devagar o anel do mindinho. Quando o anel caiu no chão. Todos ficaram paralisados olhando o anjo.

- Eu me demito.








Gabriel ficava encarando o demônio sorridente. Gabriel se manteve calmo, não deixando suas emoções transparecerem.

Um arcanjo nunca cairia em um truque de um demônio, principalmente um de 5° categoria.

- Arcanjo supremo! - Um anjo que era guerreiro perguntou. - Devemos atacar?



Como Aziraphale encontrou tão rápido onde Crowley estava? Seu plano era perfeito, se ele fizesse uma simples invocação demoníaca ia parecer apenas que ele foi convocado para o inferno, então como? Como ele soube tão rápido onde aquele demônio estava?
Um pouco depois e teria destruído ele sem deixar vestígios que foi ele que fez isso.
Aziraphale ia lamentar por Crowley morrer pelo inferno e ele estaria ao seu lado para o consolar.


- Sim, apenas vá para-lo e o jogue no poço!
- Sim senhor.

- Está vendo demônio? - Gabriel fala. - Vai acabar prejudicando o Aziraphale de novo.

- A é? Me diga então. Por que ainda não me matou?
- O que?
- Me matar, sabe, me destruir. - Crowley bufa. - Não deve ser só o nojo... vamos lá, você teve muitas chances de fazer isso ... não me diga que é por que tem medo de ser odiado pelo Aziraphale? Oh!! Acertei? - Crowley falava rindo. - Ele bateu a mão algumas vezes na grade sentindo diversão. Isso fez o rosto relaxado de Gabriel começar a se tornar um rosto de irritação. - Podia apenas ter apagado a memória dele também, mas sem suas memórias, não tinha razão para ele ficar com você, certo?

Crowley verdadeiramente mostrou o seu olhar de pena.





Em poucos minutos quando o anjo guerreiro virou o corredor não demorou muito para ele ser jogado contra a parede o fazendo desmaiar.

Gabriel olha para o lado vendo o que estava acontecendo.

Andando com suas asas amostra surge Aziraphale, o anjo de cabelos brancos estava cheio de arranhões e machucado pelo corpo, sua roupa que tanto gostava estava destruída, mas ele não se importou, continuou andando com uma espada negra na sua mão direita e uma prata que acabou de roubar do anjo na sua mão esquerda.

Seus grandes olhos que sempre foram adoráveis para Gabriel brilhavam pelo seu rosto todo mostrando irritação.

- É ele? - Crowley fala animado. Ele tenta esticar o pescoço para ver quem andava pelo corredor. - Aziraphale! É você?

Assim que escuta a voz de Crowley Aziraphale larga a espada de prata angelical e fecha os olhos fazendo só os normais ficarem.

- Querido? - Seus olhos param de brilhar - Oh Querido! Graças a Deus. - Sua voz e jeito habitual voltaram e ele correu para ver a cela. - Desculpe querido, foi tudo culpa minha. Você está bem?

- Eu estou, aqui é como um spa se comparado com o inferno. - Aziraphale relaxa os ombros vendo Crowley tranquilo.

- Gabriel, solte o Crowley agora mesmo! - Ele fala levantando a espada enquanto vários anjos que não eram guerreiros correm para longe deixando o Gabriel para trás. - Não vou deixar que machuque meu namorado.

- Namorado? - Gabriel e Crowley falavam ao mesmo tempo.
Isso fez Aziraphale baixar a espada virando para Crowley.

- É sério querido? Por que está surpreso?
- Não, não, entenda é que nunca falamos disso, eu não sabia daí-
- E quando eu fui naquele lugar de frio horrível que não tinha um banho quente decente te pedindo para ser meu companheiro, o que tinha em mente?

- Eu sei lá anjo! - Crowley fica nervoso agarrando as grades, sentiu que se tivesse que falar "Pelo amor de Deus" em algum momento da sua vida seria agora. - Pensei que estava falando figurativamente, sabe, sei lá. Ok, namorado então, posso me acostumar. Ok. Namorado então.

Aziraphale olha para o Crowley irritado.

- Desculpe! Eu sabia! Calma! Desculpe!
- Devo corrigir para não machucar meu " velho conhecido" então?
- Não! Vai! Qual é! Eu to pedindo perdão aqui. 

Good Omens - Obcecado por vocêWhere stories live. Discover now