Seja meu Veneno

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Aziraphale viu o seu demônio ir embora e apenas suspira olhando para o lado.

A casa era apenas uma casa, moveis simples, dois sofás e uma mesa de centro ocupada toda a sala. O anjo olhou em volta procurando algo, qualquer outra coisa, mas nada de Crowley parecia estar lá, nenhum vestígio apenas o seu cheiro, ele nem mesmo fez uma mala, apenas carregava a roupa do corpo para lá e para cá, era realmente como um fugitivo.

Pelo menos desta vez o anjo tinha algo.
Ele olha para a pena negra em sua mão. Ele estrala o dedo mudando de roupas rapidamente, seu pijama virou roupas elegantes, ele coloca a pena no bolso interno do casaco e sai da casa vazia.



Andando pela cidade no meio da nevasca sentiu que essa cidade ficou mais fria do que geralmente era. Ele coloca as mãos no bolso do casaco abaixando o rosto para tentá-lo escondê-lo do frio. Agora ele entendia porque o demônio deixou o cabelo crescer.

A neve cobria as ruas, ele passou por algumas pessoas andando em sentido oposto ao dele, logo a cidade vai ficar vazia, muitas pessoas começaram a fugir da guerra e outra serão recrutadas.

A opção de fugir. O anjo invejava.


Chegando na sua casa ele abre a porta começando a tirar o chapéu que estava usando.

Quando olha para baixo tinha uma carta branca na porta.

Ele pega e olha. Era endereçada a ele.

Ele leva até a escrivaninha tirando as luvas. Ele abre com uma faca de abrir cartas e da uma olhada no conteúdo.

Ela uma convocação do céu.

Seu rosto já pálido suspira de alívio quando vê que ainda seria para amanhã.

- Seria um problema se nós pegássemos, príncipe. – Ele fala para o abajur em cima da sua escrivaninha. – Sinto ter te deixado esses dias. – A luz fraca e amarela do abajur mostrava a impureza que ainda era a alma corrompida. - Acho que terá que se acostumar com minha companhia novamente.

O anjo bem-humorado se senta na mesa, pega a pena preta e transforma sua ponta em uma base de caneta, pega um pouco de tinta preta e a mergulha nela. Ele achava essas invenções humanas tão interessantes. Ele pega uma folha e começa a escrever relatórios e em seguida algumas coisas em seu diário, desta vez com atrevimento ele escreveu sobre Crowley.









200 anos haviam se passado, várias coisas aconteceram nesse tempo, muitas guerras a peste atacaram boa parte do continente, muitos países se tornaram território do inferno e havia boatos que a primeira grande guerra estava já sendo encomendada.

Era final do século 19.


O demônio andava pelas ruas escuras com tranquilidade. Achou um pequeno bar onde decidiu entrar.

Um cheiro de drogas subiu no ar. Todo o bar estava contaminado. O demônio apenas sorrir acostumado olhando alguma mesa para sentar-se.

Ele anda até o bar vendo que todas as mesas estavam ocupadas.


- Um whisky sem gelo – O demônio bate na mesa sentando-se em um banco alto.

Ele desabotoa o botão do seu terno para ficar mais á vontade.

Seus cabelos curtos e vermelhos estavam para trás em um topete pequeno e elegante, suas roupas eram negras com detalhes em vermelho mostrando sedução no meio da formalidade. Muitos olhos eram para ele. Isso se incluía um homem bêbado que estava o encarando do outro lado do salão.

Ele dobra a perna olhando para o lado enquanto pegava o copo recém posto na sua frente.

O demônio parecia esperar algo. Sua missão estava bem próxima dali. Ele só tinha que escont-

- Olá senhor. – O rapaz de terno azul escuro sorria sentando-se do seu lado. – Talvez possa pagar uma bebida ao cavaleiro? - O demônio virou o nariz com nojo. O cheiro do bar já era "desagradavelmente" maligno por si só, mas aquele homem parecia um cadáver podre. Um assassino? O anjo caído pensou dando uma pequena olhada no bêbado do seu lado.

Ele tinha uma esposa, uma que ele não queria, mas sua família o obrigou, então viveu sua vida culpando sua esposa por sua infelicidade e pensa quase todos os dias em matá-la. Ele odeia o seu emprego, odeia sua vida e é um drogado.

O demônio vira para ele e do seu melhor sorriso cínico.

Crowley conhecia bem o lado ruim dos humanos.

- Bom, como o cavaleiro pode ver, já estou muito bem servido. – O demônio mostra sua bebida na mesa.

O humano pega o copo do demônio e toma tudo em uma virada só.

Os olhos afiados do demônio olhavam aquilo por debaixo dos óculos, aquele era um copo que o Crowley tinha bebido antes.

- Está? – O humano coloca o copo vazio na mesa. – Eu não vejo isso. – Ele levanta a mão e mostra dois dedos levantados indicando para o barman que queria duas bebidas. – Então – O humano que parecia está tentando seduzir o demônio continua. – Eu não te vejo muito aqui, na verdade, podemos dizer que é a primeira vez?

- Eu não sou daqui. – Crowley suspira colocando o braço no balcão. – Já você, amigo, aposto que é.

Aquele bar parecia acostumado a receber drogados.

- Podemos dizer que sou um bom frequentador fiel.
- Aposto que sim.
- Isso significa que sempre recebo as melhores mercadorias. – O humano coloca a mão no braço do demônio se aproximando. Crowley só olhava sem se mover. – É um segredo, mas logo, logo um brinquedinho novo vai entrar no mercado.
- Brinquedo você diz.
O humano pega algo no bolso da sua calça e coloca no balcão. Um frasco com pequenas pílulas rosas.
- Essa é a droga da felicidade. Assim que você toma uma pílula você vai para o paraíso.

As bebidas chegam e o demônio pega o copo tomando um gole.
- Eu não sei meu amigo, acho que o paraíso não é tão interessante quando pensa.
O humano invasivo se aproximava mais pegando seu próprio copo.
- Isso porque o cavalheiro ainda não me conheceu. Quando chegar ao famoso nirvana vai saber o que – O humano para se sentindo meio enjoado. Talvez a bebida tenha te feito mal? – Vai saber o que é o céu.

O demônio apenas sorrir, sua postura ereta e seu corpo não se moviam enquanto o humano parecia ficar mais íntimo e se aproximando mais.

- O que me diz? – O humano coloca a mão sobre a mão enluvada do demônio. – Gostaria de entrar nessa comigo? – O humano que agora estava com a aparência mais pálida e tremula chega a centímetros da boca do demônio até que cai com o rosto no balcão.


Crowley era uma víbora. A primeira da sua espécie nesse mundo. Assim que o humano bebeu do seu copo seu fim era certo. O veneno de Crowley era mortal.

- Foi mal amigo, só tem uma pessoa que é compatível comigo.

O demônio toma um gole da sua bebida enquanto o corpo sem vida do drogado cai no chão, todos do bar estavam ocupados com a própria vida enquanto riam e gritavam no meio da fumaça de droga que estava o local.

O demônio lembrou que seu anjo morava no interior da Inglaterra. Ele estava em Londres e sabia que estava longe do local, mas queria poder pelo menos da uma olhada de Aziraphale.

O anjo caído fecha os olhos sentindo saudades. Imaginou o Aziraphale conversando descontraído com ele naquele bar, mas o anjo nunca iria para aquele lado da cidade, ele nunca entraria neste mundo.

Quando a sua missão chegou, ele apenas se levantou deixando o dinheiro no balcão.

O demônio se senta na mesa como se fosse velho conhecido dos traficantes e fica olhando os planos deles para roubar uma galeria.
Os humanos conversavam entre si acertando os últimos detalhes.
- Só temos que pegar algumas cordas na loja de penhores.
- E onde fica essa merda?
- Fica de esquina com aquela livraria, A.Z.Fell. – O demônio cospe a bebida e começa a tossir.

Os humanos continuam conversando como se ele não existisse.

O anjo, está neste bairro?



Good Omens - Obcecado por vocêWhere stories live. Discover now