A proposta - 30

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Lena

A manhã não estava tão ensolarada, eu havia acordado bem cedo para ir buscar Hunter, e algo me dizia que não estava nada bem ali, já estive num lar conturbado, sei reconhecer pessoas que não estão preparadas para lidar com uma criança tão especial que nem a Hunter.

- Bom dia!

- Hum, Hunter já está quase pronta. O homem com pouca paciência me olhava com desdém, enquanto acendia o cigarro em sua boca. - Que horas vocês voltam?

- Ela não pode passar a noite com minha filha hoje? garotas amam fazer festa do pijama. Dou um sorriso amarelo para ele enquanto penso nas formas de xinga-lo.

- Hum, tanto faz, contando que a garota volte para casa amanhã.

- Entendo. Ok, ficarei feliz dela passar ao menos essa noite.

- Hunter!. Ele grita como se estivesse bravo, e eu me assusto pelo tom da voz e então sinto meu rosto queimar.

- Oi tia Lena.

- Oi Hunter, como você está?

Sinto os braços dela me envolver num abraço apertado, sorrio de leve e volto a olhar para ela.

- Podemos ir?

- Sim. Ela consente.

- Um minuto vocês duas. Não tenho endereço e muito menos o nome da sua filha para poder entrar em contato com vocês, afinal, mal a conheço, e estou confiando meu ouro a você. O homem fala com os olhos na criança, como se ela fosse um prêmio, e volta a olhar para mim, ele ainda tinha cheiro de bebida e cigarro. Escrevo no papel meu número e o endereço e entrego a ele. - Sua filha não veio?.

- Não, ela não pode, mas já iremos de encontro a ela. Vejo a mulher de cabelo vermelho  vindo pelo corredor da pequena casa até nós, estávamos no deck. - Olá, já vamos indo, deixei o endereço com seu marido.

- Qual o nome da sua filha?. Ela me direciona a pergunta com um ar de curiosidade.

- ela se chama -Tento pensar em algum nome, e só penso em um.

-Kieran. Mas não sou eu que digo, antes mesmo de eu abrir minha boca, Hunter responde por mim como se pudesse ler meus pensamentos. Olho para ela e sorrio com simpatia e ela evita olhar pra mim. Penso então no que o homem disse antes, ouro, acho que agora entendo.

Me despeço deles e Hunter quase sai sem os cumprimentá-los, mas seu pai a segura e força um abraço nada confortável, ele sussurra algo em seu ouvido, mas não consigo entender. Saio de mãos dadas com a Hunter, ela aparentava ter seus 9 anos, era uma menina linda de cabelos escuros e seus olhos tão claros como uma água cristalina, Hunter se parecia muito comigo quando criança, timida, com medo e assustada. Sua situação mexeu muito comigo. Para falar a verdade, não sei oque estou fazendo, não tenho filha que se chama Kieran e muito menos da idade de Hunter, não faço ideia do que vamos fazer está noite e ainda mais por que ajo tanto por impulso, mas senti que precisava ajudá-la, só não descobri como, ainda.

- Hunter, posso te fazer uma pergunta?.

- Huhum. Ela olha pra mim como se já soubesse oque eu iria perguntar.

- Como sabia que eu iria falar Kieran?

- Palpite?!

-Foi uma pergunta?. Sorrio descontraída e ela volta a olhar para a estrada.

- Não sei, apenas sabia tia Lena. Meu pai me diz que sou boa de adivinhação, por isso tenho que estar com eles pra sempre, ajudá-los.

- Sua madrasta está a muito tempo com vocês?

- Não, meu pai a conheceu tem 2 anos, quando eu tinha 6 anos, ela meio que, ela que descobriu...-Hunter faz uma pausa, e decide não falar, respeito sua decisão. - Vamos tomar café da manhã em algum lugar e depois vamos no shopping, oque acha?

- Muito legal tia Lena.

- Você pode escolher umas roupas também, se quiser, e material escolar oque você precisar, oque acha da proposta?. Hunter não me responde, mas vejo que ela está sorrindo, ela acaba descobrindo que no painel do carro da pra acessar a Internet, ela  olha pra mim como se procurasse uma aprovação, aceno com a cabeça e ela já logo começa a mexer. O dia passou rápido, rápido demais até, Hunter se mostrou mais ainda uma menina incrível, quando me dei conta já eram 14h, após almoçarmos vejo as mensagens que Kara havia me mandado, não tinha respondido ela por um tempo, eu estava correndo dela e nem sabia o porque.

- Por que você não responde ela?

Me assusto ao ver Hunter tirando sua atenção do livro que eu havia comprado para ela e olhando do celular para mim como se soubesse toda a história por trás daquela tela.

- Acho que tive uma ideia melhor. Topa ir comigo fazer uma surpresa pra ela?

Hunter então se animou na hora, ela já terminou de tomar o suco, guardou o livro na nova mochila, pegou em minha mão e saiu me puxando. - Calma Hunter. Digo sorrido. - Temos tempo.

Após algumas horas comprando flores e mais flores para deixá-las no apartamento de Kara, Hunter e eu vamos enfeitar o lugar, chegando lá subo direto até o andar e já começamos a preparar tudo.

- Finalmente!. Exlamo me jogando no sofá pronta para escrever a carta e dizer que eu estava fora da cidade. Eu não estava, claramente.

- Tia Lena, sua namorada vai amar muito.

- Não!. Digo depressa, e sinto que soei um pouco desesperada. - Digo, sim, acho que ela vai amar, mas Hunter querida, ela não é minha namorada.

- Mas... Por que não?

- Porque ela é minha melhor amiga!. -Gaguejo um pouco ao falar.

- Mas você ama ela né?

- Hunter, sim, mas

- Eu entendo tia Lena, as vezes não tem como ficar com quem amamos, tipo minha mãe, ela se foi e eu amava muito ela.

Meu coração apertou, senti minhas mãos soadas, meu coração acelerando e eu não sabia se foi por Hunter ter se sentido confortável comigo para desabafar ou pelo fato dela ser tão direta nas palavras que não me deu tempo de criar ou ter desculpas alguma para me defender quando se tratava de Kara.

One Step Away Where stories live. Discover now