Mavis
A linha passava e voltava, assim. Como a agulha que entrava e saía do tecido e do couro.
Por um momento eu havia esquecido que aqui não existia máquina de costura, ou se existia a Leah não possuía uma, pois fazia tudo a mão.
— Seus pontos são bons, e resistentes a puxões. -ela disse testando um colete que eu havia acabado de costurar.
— Pra quê isso? -questiono vendo ela dar vários puxões firmes na peça.
— Illyrianos são brutos demais, tão brutos que rasgam quase tudo o que vestem, estou testando a resistência disso. —ela fala— está aprovado.
Ela jogou na pilha de trinta que eu havia costurado hoje, e ao meu lado havia uma pequena de cinco armaduras de couro que eu estava fazendo, uma por uma.
— Com quem aprendeu a costurar? -ela pergunta— e a fazer um sapato tão bem feito..
Ela observa a bota que eu havia feito de teste.
— A minha avó é costureira. —engulo dolorido ao lembrar dela— meu avô era sapateiro, aprendi tudo com eles, eu e o meu primo.
— Hum.. —ela me olha por um tempo— eles são bons?
— Já terminei esse. -mudo de assunto colocando a armadura em cima das outras.
— Ok. -ela disse percebendo que eu não queria falar sobre.
E realmente não queria, ainda é doloroso e acho que não irá parar de doer.
— Acho que terminamos daqui alguns minutos. -falo.
Já haviam se passado três dias e eu estava bem dizer um pouco melhor. Não bem de fato mas melhorando. E como eu havia prometido a illyriana eu me tornei invisível, ninguém até agora sabia que eu estava abrigada em sua casa e muito menos desconfiavam.
A essa altura já deveriam estar a minha procura, e se Deus quiser pensarão que eu morri. Um humano não sobreviveria a aquela queda da montanha, eu sobrevivi por um golpe de sorte, muita sorte.
— O que acha de sair? -pergunta.
Eu me engasgo.
— O que!? -retorno a mim.
Ela me olha calma.
— Sair um pouco, devidamente disfarçada, claro, para respirar, eu iria com você. -disse.
— Agora? -questiono olhando pela janela, o Sol da manhã a atravessando calorosamente.
— Ponha uma capa. —ela manda— vou te levar a uma curandeira de minha confiança, ela não vai revelar nada a ninguém.
— Tem certeza? -pergunto.
Ela assente.
— Minha mãe jamais abriria a boca. -falou.
Eu assenti, se era a mãe dela eu não deveria discutir.
Quando eu pus os pés para fora da cabana eu observo em volta os pinheiros, atenta por baixo do capuz.
— Vem. -ela disse passando por mim.
Eu a segui, com atenção dobrada a cada ruído, o caminho foi silencioso e eu não desejava quebrar aquele silêncio pois não queria deixar nada passar despercebido.
Foi quando um som se intensificou, um som de pessoas. Leah segurou a minha mão e me puxou, nós surgimos em um local cheio de lama e cabanas, e muitos... inúmeros illyrianos. E eu percebi, o acampamento illyriano.
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Corte De Trevas E Sombras | •Acotar
FantasyMavis, uma jovem leitora nordestina que vive sua vida difícil em seu estado, a única escapatória são seus amigos com páginas e letras digitadas em tinta. Azriel, um mestre espião frio e calculista que está sozinho desde que pode se lembrar, até que...