Capítulo 8

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Mavis

Saio devagarinho como um gato em um muro, silenciosa, ouço vozes através do corredor mas muito baixas.

Eu espio pelo portal da porta e vejo Cassian sentado em uma cadeira na sala, um cálice de vinho em sua mão.

Olho para o sofá onde sombras serpenteiam à vontade como cobras, sentado no centro está o mestre espião, um braço apoiado na cabeceira do sofá e a sua perna direita apoiada em cima da esquerda. As asas despojadas.

— Você deixou que a colocassem em sua casa. -O espião disse rouco.

— Eu ofereci a minha casa, ninguém ordenou nada. -O general levou o cálice a boca, dando um longo gole.

— Não vou dizer nada a você.

— Graças a mãe, você anda chato demais Azriel. -ele fala.

— Perdoe-me por desconfiar de uma estranha.

— A vida dela foi completamente exposta para nós, Azriel, e o que ela pode fazer também, ela não é uma estranha, pelo menos para mim. —Cassian o olha— mas o julgamento é todo seu, por mais que errado.

— Defende demais aquela humana que conheceu em tão pouco tempo. -ele o olha desconfiado.

— Percebeu que ela não tem ninguém? Assim como um dia nós não tivemos. —ele o olhou— Azriel não há ninguém por ela aqui, todos estão com um pé atrás e ela não tem um amigo.

— E decidiu ser a babá.

— Decidi ser seu amigo. —ele encheu o cálice com vinho— ela não é uma pessoa má, eu senti isso, ela é inocente e pura.

O espião virou o rosto.

— Seus sifões vibraram para ela? -Cassian pergunta.

O espião rapidamente o olha.

— Quem lhe disse isso?

— Ela, ela não é cega e nem surda, sabe? -ele o olha arrogante.

— Não, não vibraram.

Um riso irônico de Cassian.

— Vibraram sim.

O espião abriu a boca.

— Acha que sou surdo? Irmão, eu ouvi o som deles quando você foi expulso por ela do quarto, aliás... pare com isso, ela tem medo de você. —ele o olha torto— não é pra menos.

— Foda-se. -foi uma palavra solta de forma grotesca e baixa por ele.

— Eu estou tomando conta dela, então não precisa ficar aqui em casa, não quero ouvir um grito de pavor outra vez.

— A missão foi dada a nós dois.

— Sim, mas Rhys se esqueceu que você a torturou e que isso destravou um pânico na garota. —ele suspira— acha que se algo acontecer ela vai correr para os seus braços esperando proteção? Justamente você?

— Não tente me fazer me sentir culpado, eu não me arrependo do que fiz, cumpri meu trabalho. -fala.

— Deveria, eu no seu lugar não conseguiria dormir sabendo que torturei alguém inocente. -ele disse.

— Eu sinto muito por você, se seus sifões vibram perto dela... acho que você já está sentindo um pouco de culpa. -Cassian o olha analisador.

— Não estou, não sinto absolutamente nada.

— Vai sentir. -o general profetizou.

— Espere sentado.

— Estarei bem aqui esperando você vir se confessar, Az.

Corte De Trevas E Sombras | •AcotarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora